O ex-atacante Luizão não era um dos favoritos para ser convocado para a Copa do Mundo de 2002, mas foi chamado pelo técnico Felipão para a disputa do último jogo das Eliminatórias em 2001. O duelo contra a Venezuela ganhou clima de decisão, já que o Brasil precisava vencer para ir ao Mundial. O ex-jogador, que atualmente tem 46 anos e é agente de jogadores, marcou dois gols nos primeiros 18 minutos da partida, que, de certa forma, garantiram seu nome na lista final para a Copa da Coreia do Sul e Japão. Ao POPULAR, o ex-atacante lembrou histórias do Mundial, a admiração por Felipão e Ronaldo Fenômeno, além de opinar sobre o atual ataque do Brasil e outros temas.Já se passaram 20 anos do penta. O que essa conquista representou para você?Nossa, vinte anos do penta já. Foi o título que nos fez entrar para a história do futebol mundial. Essa conquista representa tudo na minha carreira. Chegar à seleção brasileira, representar meu País, ser campeão do mundo. Não tem preço, é uma coisa que pode ser resumida em “tudo” para um jogador de futebol. É o auge, paraíso e mais magnífico que um jogador de futebol pode alcançar é ser campeão do mundo por sua seleção.O jogo em que o Brasil garantiu vaga para a Copa de 2002 teve dois gols marcados por você, contra a Venezuela. Esses gols te levaram para a Copa?Antes de chegar nesse jogo, eu passei por uma cirurgia de joelho (lesão de ligamento cruzado), que fez com que as pessoas achassem que minhas chances na seleção brasileira tinham acabado. Voltei a jogar quatro meses e meio depois da cirurgia. Lutei muito para chegar à seleção brasileira. Operei no dia 14 de abril de 2001, o jogo foi no dia 14 de novembro, no meu aniversário. Fiz dois gols com ajuda dos meus companheiros. Não só o fato de ter feito os gols, mas a confiança do Felipão em mim, me ajudaram bastante para ser convocado. Nunca tinha jogado na mesma equipe do Felipão. A confiança dele em mim fez a diferença.Leia também- Há 20 anos, toque goiano no caminho do penta- 20 anos do penta: sede dupla em novo eixo e quedas precocesO ex-atacante Élber estava sendo convocado, mas não participou dos últimos jogos das Eliminatórias e você apareceu sendo decisivo. O Felipão chegou a te falar que convocaria para a Copa?Naquela época, em 2001, o Brasil tinha grandes atacantes. O Elber, sem palavras. O que eu vi esse cara jogar na Alemanha, saiu do Brasil jovem, mas tinha Amoroso, Jardel, muitos jogadores que tinham condições de ir no meu lugar ou junto. O Romário dispensa comentários. O Felipão nunca tinha conversado comigo sobre ser convocado, fiquei sabendo só no dia da convocação. Fiquei muito ansioso porque não tive nenhum contato do Felipão depois do jogo.Logo no primeiro jogo da Copa, você acaba sendo decisivo mais uma vez. A malandragem brasileira, sem o VAR, te ajudou a cavar o pênalti contra a Turquia?Essa questão da malandragem do futebol brasileiro ficou na minha cabeça depois que nós tivemos uma palestra com o Arnaldo César Coelho sobre arbitragem da partida. Quando eu caio (fora da área), já pego a bola e levo para a marca do pênalti. O juiz deu o pênalti e esse jogo foi decisivo para nós ganharmos a Copa do Mundo. Nos deu confiança para seguir em frente, ganhando jogo a jogo, eu acho.A Copa de 2002 consagrou o Ronaldo, principalmente por tudo que ocorreu em 1998 com ele. Como era a convivência entre vocês?Sempre foi maravilhosa, já nos conhecíamos há muitos anos. Disputamos Olimpíadas juntos, sofremos lesões em momentos parecidos e tratamos juntos com o Rosan (Luiz Alberto Rosan, fisioterapeuta da seleção brasileira). Nossa convivência acabou sendo maravilhosa. Sempre torci por ele, é um fenômeno mesmo. Não só de nome.O Ronaldo foi o concorrente pela posição mais difícil que você já teve na carreira?Ser reserva do Ronaldo é como ser titular. Ele foi a maior concorrência que tive no futebol na posição, mas não ficava com ciúmes, não. Ele era muito melhor do que eu (risos).É verdade a história que, em um treinamento antes do jogo contra a Costa Rica, o Felipão falou que escolheria os titulares com base no treino. Aí você fez alguns gols em uma parte da atividade, mas o Ronaldo, que estava no time reserva, respondeu na mesma moeda?O time de baixo sempre treina com mais vontade do que o de cima, é normal nas equipes. O Vampeta brinca até hoje que ele ficou me taxando de titular por causa desse treino, mas eu ficava rezando para ele (Ronaldo) jogar. Só que o Vampeta fala isso de mim, mas não fala que ele achou que seria titular quando o Emerson foi cortado. Ele (Vampeta) não jogou (risos).Muito se fala da seleção de 1970 ter sido a melhor entre as campeãs. Você concorda?Todas as seleções campeãs são as melhores, mas, para mim, que eu vi jogar, foi a de 1982, que não foi campeã. Eu era novo, vi jogos depois, mas foi o melhor time que já vi.Como você vê o Brasil para a Copa do Mundo deste ano?Vejo a seleção do Brasil como as outras grandes. Todas têm chance. Não vejo uma seleção melhor que a outra. Para mim, o primeiro jogo é o mais importante porque te dá confiança para a sequência da competição.Ainda há incerteza em algumas posições do Brasil por causa da qualidade dos jogadores e momentos que vivem. Hoje, qual seria seu ataque ideal?O ataque ideal tem tempo ainda para definir, mas vai acabar sendo quem estiver melhor. Raphinha, Neymar e Vinícius Júnior... Eu apostaria nesses três, mas tem de ver quem estiver melhor dentro da Copa.-Imagem (1.2482253)