Pouca clareza, textos de apresentação que não atingem toda a população e discursos que não costumam mudar. A avaliação de especialistas consultados pelo POPULAR sobre as propostas para o esporte dos candidatos ao governo de Goiás é que deixam a desejar e não há ideias de criação de política pública para o esporte no Estado.Dos oito candidatos, seis mencionaram ao menos uma proposta para o esporte. Um dos problemas em comum, segundo análise dos especialistas, foi a falta de explicação de como serão feitos os investimentos, criação de projetos e melhorias detalhadas nos planos de governos.“As propostas não passam segurança. Não há clareza de como serão operacionadas. Primeiro ponto é financeiro. De onde vai sair o dinheiro? Quanto será? Para quem será destinado? Senti falta de explicações necessárias para a operacionalização das propostas. Há muito ‘fomentar’, ‘recuperar’, ‘melhorar’, mas não como vão fazer”, apontou o professor Juracy Guimarães, da Universidade Federal de Goiás (UFG), doutor em Ciência do Esporte pela Universidade de Coimbra (Portugal).Outro aspecto negativo é a ausência de sugestão para criação de política pública voltada para o esporte. “São propostas que não vinculam o Estado por completo. Falta ter uma política pública para o esporte, é importante para o Estado, não para o governo. Daqui quatro anos, tudo pode ser desmanchado. O grande gargalo é que são propostas, não políticas de Estado. O esporte em Goiás é tratado como ciclo, fruto de péssima cultura de que não há política duradoura”, completou Juracy Guimarães.Um detalhe mencionado pelos especialistas é o modo como os textos são redigidos. Os planos de governos podem ser acessados por qualquer cidadão diretamente no site de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do TSE. Os textos de alguns planos, porém, são acadêmicos, na visão dos especialistas, e isso não atinge a toda população.Leia também:+ Tite convoca seleção com Pedro, Bremer e Ibañez+ Guilherme Arana sofre grave lesão e está fora da CopaUm exemplo é o plano de governo da professora Helga Martins (PCB), definido como o melhor elaborado pelos especialistas ouvidos pela reportagem.“Faz análise crítica da realidade, dialogando com o estado de Goiás, mas compreendendo o contexto mundial que vivemos hoje. É o melhor elaborado, no entanto, no destinatário, todos eles pecam. É quase um texto acadêmico, que pouco dá sensibilidade à comunidade geral”, justificou Wilson Lino, professor da Faculdade de Educação Física e Dança da UFG e coordenador do grupo de estudo e pesquisa em Esporte, Lazer e Comunicação da universidade.O professor universitário usou o critério de conteúdo, forma e destinatário para análise dos planos de governo. “É uma tríade necessária para análise crítica e supondo diagnóstico, material de divulgação e a quem se destina”, opinou Wilson Lino.Os problemas levantados pelos especialistas, porém, não são de hoje. Ao longo dos anos, propostas para o esportes são feitas para atingir poucos nichos e são parecidas com promessas.“Não têm sustentação por serem propostas que não explicam como serão feitas, o que não deveria ocorrer. Fomentar, recuperar, criar são pontos que convencem os eleitores, mas não deveria ser só isso. Infelizmente, há quatro, cinco eleições temos visto apenas isso em Goiás quando o tema é Esporte”, concluiu Juracy Guimarães.Secretaria de Estado de Esporte e Lazer, recriada em 2019, será mantidaA Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel) deve seguir ativa independentemente de qual candidato ganhar a eleição para o governo de Goiás. Consultados pelo POPULAR, sete dos oitos candidatos afirmaram que há intenção de manter a pasta, mas alguns nomes entendem que mudanças terão de ser feitas.A Seel foi recriada em 2019, no atual mandato do atual governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que foi sucinto e afirmou que “a perspectiva é manter a Seel”.O mesmo foi dito por Cíntia Dias (PSOL), Edigar Diniz (Novo), Gustavo Mendanha (Patriota), Professor Pantaleão (UP), Wolmir Amado (PT) e Major Vitor Hugo (PL). A professora Helga (PCB) fez menção à Seel em seu plano de governo.A candidata do PCB pretende manter a Seel, mas tem uma proposta de realizar “concurso público para composição de equipe multiprofissional e multidisciplinar” da Seel.Edigar Diniz (Novo), Gustavo Mendanha (Patriota) e Wolmir Amado (PT) afirmaram que a ideia é manter a pasta ativa, mas seu foco deve ser voltado para a formação de novos atletas.“Vejo o esporte como pilar da educação, não complementar. O esporte ensina mais valores. O que queremos é ampliar muito o esporte, principalmente para atingir jovens goianos, restabelecendo a questão da competitividade e estar vivo de novo na sociedade goiana como todo”, comentou Edigar Diniz.Ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha entende que a Seel precisa ser trabalhada para, além da formação de novos atletas, apoiar atletas profissionais. “A outra vertente é a integração das políticas de incentivo à prática esportiva, do ponto de vista de saúde”, completou o candidato do Patriota.Wolmir Amado (PT) fez críticas à forma como são escolhidos os gestores da Seel. Para ele, pessoas técnicas precisam ocupar os principais cargos.“Para formar atletas, é preciso investir na base, na Educação Física nas escolas. Isso criará centenas de postos de trabalho e dará a nossas crianças e jovens a possibilidade de se exercitarem, o que não temos hoje com a não obrigatoriedade e a proliferação de jogos eletrônicos que deixam nossas crianças até sem coordenação motora”, disse.Todos os candidatos fizeram menções às principais praças esportivas geridas pela Seel: Serra Dourada, Olímpico e Autódromo Ayrton Senna. Os candidatos pretendem fazer reformas, se necessárias.“A manutenção da Seel é uma demanda da sociedade goiana. Cada vez mais é necessário ofertar mais opções de lazer e esporte, são ferramentas de melhoria na qualidade de vida”, afirmou o professor Pantaleão.-Imagem (1.2526787)