A reversão da punição do Atlético-GO, no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no caso de injúria racial do volante Fellipe Bastos, do Goiás, foi uma decisão que segue o caminho da educação no combate ao racismo. Essa é análise feita pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol.O STJD retirou a perda de mando de campo que o clube rubro-negro havia sofrido no dia 26 de julho. Agora, após recurso analisado pelo Pleno do tribunal na quinta-feira (15), a equipe goiana terá de fazer ação educativa de combate ao racismo. O Dragão vai ter que produzir vídeos com ídolos do clube dizendo mensagens contra o racismo e veicular as peças no telão do clube antes e nos intervalos dos jogos que fizer em casa até o final do Campeonato Brasileiro.“É uma decisão que o STJD vem tomando nos casos de homofobia. O clube aceita o termo, se compromete em fazer ações. Penso que é um bom caminho para combater o racismo”, analisou o fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho.Leia também:+ STJD troca perda de mando do Atlético-GO por pena educativa contra o racismoO especialista pondera, porém, que esse tipo de ação já deveria partir por parte dos clubes, não esperar que uma punição seja dada a eles.“Por isso acho que é importante. Fazer com que os clubes trabalhem. Se pensar que geralmente acontecem multas, e que vai para caixa que a gente não sabe para que será utilizado, a punição educativa pode ser um caminho para combater o racismo”, completou Marcelo Carvalho.Além da reversão na punição, a multa que o clube recebeu foi reduzida de R$ 50 mil para R$ 25 mil.Chamou atenção no julgamento desta quinta-feira, a fala do presidente do Pleno, Otávio Noronha, que chegou a pedir redução maior da multa, disse ter "bastante dificuldade em condenar", falou que "foi um fato isolado, se é que aconteceu" e que a injúria racial está "tudo no campo da suposição".“Esse é o problema que temos nos julgamentos de racismos. A palavra da vítima tem pouca influência, precisa ser validado por uma prova, achar o torcedor. É uma fala jurídica, não tem provas, não pode punir. A baixa punição é por isso, não pode punir sem provas, mas temos de trabalhar diferente”, completou Marcelo Carvalho.Para o advogado e diretor jurídico do Atlético-GO, Paulo Henrique Pinheiro, que defendeu o clube no julgamento, o resultado “foi dentro do previsto”.“O Pleno entendeu os argumentos do clube e deu um passo importante no combate ao racismo. o Atlético-GO é contra o racismo e continuará atuando nesse sentido quando for necessário", afirmou Paulo Henrique Pinheiro. Segundo ele, o maior receio do clube era à perda do mando de campo, pois o time se encontra num momento difícil na Série A e terá doze jogos (seis em casa) para evitar o rebaixamento à Série B 2023. O advogado e diretor jurídico disse que o clube vai preparar vídeos com mensagens curtas, de 30 segundos a um minuto. Serão textos de conteúdo antirracista que serão mostrados no telão, na voz de alguns jogadores do elenco, para serem divulgadas durantes os jogos. Isso é uma medida que, na opinião dele, ajudará na campanha contra o racismo. O recurso do Atlético-GO foi julgado pelo Pleno do STJD depois de quatro meses do caso de injúria racial ocorrido no dia 8 de maio, no clássico em que o Goiás venceu o Atlético-GO por 1 a 0, pela Série A. Fellipe Bastos disse que foi chamado de "macaco" por um torcedor após o jogo. Um torcedor foi apontado pelo atleta nas imagens durante o tumulto, mas até agora não foi identificado pela Polícia Civil. Esta foi uma das linhas de defesa usadas no recurso do Atlético-GO no Pleno do STJD.