O governo de São Paulo determinou que o Campeonato Paulista, cujo início está marcado para 23 de janeiro, tenha público limitado a 70% nos estádios e exija comprovante de vacinação dos torcedores. A medida visa frear a nova onda de coronavírus, impulsionada pela variante ômicron, e também a epidemia de influenza.A decisão foi sugerida pelo Centro de Contingência do estado e anunciada pelo governador João Doria (PSDB) nesta quarta-feira (12)."Isso se aplica a partir do dia 23 de janeiro, com a volta do Campeonato Paulista de futebol. A Copinha, embora tenha boa repercussão, tem público diminuto, então não há necessidade de estabelecer restrição", afirmou Doria, referindo-se à Copa São Paulo de juniores, em andamento --no entanto, a final do torneio acontece no dia 25 e, portanto, deve seguir as novas regras.O anúncio foi acompanhado de uma recomendação para que as prefeituras adotem as mesmas medidas para os eventos com aglomeração, como shows musicais e outras disputas esportivos. Mas, nesses casos, cabe às administrações municipais adotar ou não as restrições."No caso de futebol, compete ao governo do estado, não é uma decisão municipal. Portanto, é uma determinação e deverá se obedecida pelas federações", salientou Doria."Todos os eventos devem exigir o comprovante da vacina, se possível teste PCR. [...] A depender da sua situação epidemiológica do município, esse percentual pode ser alterado para mais", afirmou o coordenador executivo do comitê científico do estado, João Gabbardo.Procurada, a FPF (Federação Paulista de Futebol), responsável pelo Paulista, não se posicionou até a publicação deste desto.As restrições de públicos em estádios de futebol do estado paulista tinham acabado em novembro do ano passado, quando o governo passou a permitir que as partidas fossem disputadas com 100% das arquibancadas ocupadas.Na terça-feira (11), as cidades do ABC Paulista, por meio do Consórcio Intermunicipal ABC, já haviam solicitado ao governo que aumentassem as restrições de público para jogos da Copa São Paulo e do Campeonato Paulista.Também na terça, dirigentes de clubes paulistas estavam em alerta para a possibilidade de novas restrições no futebol.A nova onda de coronavírus não se dá apenas no estado de São Paulo. O aumento no número de internações e, sobretudo, no número de novos casos é registrado após a chegada da variante ômicron no país e também após as festas de final de ano.Soma-se a esse cenário a epidemia de influenza, que tem aumentado a demanda por atendimento em hospitais de pessoas com quadro gripal.A Prefeitura de São Paulo estima que 80% dos casos de infecção pelo coronavírus na cidade já sejam de contágio pela ômicron. No estado, as internações por Covid-19 em UTI cresceram 70% nos últimos sete dias.Para Wallace Casaca, professor de matemática e computação da Unesp e um dos coordenadores do InfoTracker, os aumentos de internações em leitos de UTI e de enfermaria em todo o estado já estão generalizados, e a velocidade com que novos pacientes precisam de hospitalização é preocupante.Segundo o pesquisador, a elevada cobertura vacinal em todo o estado faz com que o número de óbitos seja menor, mas a pressão no sistema de saúde permanece a mesma. "Infelizmente, esse é o cenário do estado de São Paulo hoje. E, se nada for feito, pode ser que muitos desses casos levem a uma pressão nos serviços de saúde", afirmou.