O Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri) acredita que a divulgação da imagem do suspeito de cometer o crime de injúria racial contra o volante Fellipe Bastos, do Goiás, vai ajudar na identificação dele. A previsão é que isso ocorra nesta semana. O caso vai completar 3 meses no próximo dia 8.Há uma semana, o Atlético-GO foi punido com a perda de um mando de campo e multa de R$ 50 mil por causa da injúria racial do torcedor - o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) prevê que isso pode ocorrer. O clube recorreu e conseguiu o efeito suspenso da pena até o julgamento no Pleno do STJD.Segundo o delegado Joaquim Adorno, a exposição da imagem do suspeito vai ocorrer após insucesso na tentativa de identificação por meio de depoimentos feitos com mais de 15 testemunhas. Procedimentos internos serão feitos na Polícia Civil para a divulgação da imagem.Leia também:+ MP-GO denuncia homem por injúria racial contra jogador do Atlético-GO+ Atlético-GO consegue efeito suspensivo de perda de mando de campo em caso de injúria racialA investigação liderada pelo titular do Geacri chegou à conclusão de que houve o crime de injúria racial, após confirmações por meio de depoimentos, mas a identificação do suspeito não foi feita pelas testemunhas ouvidas.Entre as testemunhas estão torcedores do Atlético-GO, que estiveram no local no momento que Fellipe Bastos foi chamado de “macaco” em mais de uma oportunidade, e funcionários do clube rubro-negro, incluindo seguranças que trabalhavam no dia 8 de maio, durante a disputa do clássico do Dragão contra o Goiás, no 1º turno do Brasileirão.“Até o final da semana, pretendemos divulgar a foto (do suspeito). Só podemos fazer isso depois de ter certeza que não tem como a identificação ser feita. Confirmamos, com depoimentos, quem foi a pessoa. Os relatos são de que ouviram (o suspeito chamar Fellipe Bastos de “macaco”). Esgotamos todas as possibilidades. Agora, estamos trabalhando para divulgar o possível autor”, afirmou o delegado Joaquim Adorno.O Atlético-GO foi procurado, de acordo com o titular do Geacri, e também não houve retorno positivo sobre a identificação do suspeito. A investigação aponta que o suspeito assistiu à partida contra o Goiás no tribunal do Estádio Antônio Accioly, local em que apenas convidados, imprensa e membros da diretoria podem assistir aos jogos.“Mostramos a imagem para o advogado (Marcos Egídio), para seguranças e até torcedores antigos, pessoas que aparecem nas imagens e que tiveram contato. Essa pessoa (suspeito) estava sentada na tribuna, mas as pessoas do clube disseram que não o conhecem”, salientou Joaquim Adorno.O advogado Marcos Egídio confirmou ao POPULAR que recebeu a imagem do suspeito e também não soube identificar. “Me enviou uma imagem, mas não sei quem é. O Atlético-GO se colocou à disposição para todos os questionamentos que precisassem. Fornecemos imagens, a relação de associados e sócios. A gente desconfia que alguém viu, mas eu não vi e estava lá na tribuna”, afirmou o advogado e diretor administrativo do Atlético-GO.As listas enviadas ao Geacri, porém, são apenas com nomes. O clube não possui em seu banco de dados fotos dos associados e sócios-torcedores.Parte da investigação foi estar no Accioly em jogos do Atlético-GO. Agentes do Geacri foram ao estádio em pelo menos três jogos, incluindo o clássico contra o Goiás pela Copa do Brasil. “Nós tentamos de todas as formas qualificar o suspeito. A Polícia Civil não tem dúvida que houve o fato, mas ainda não conseguimos identificar”, completou o delegado responsável pelo caso.O volante Fellipe Bastos tem acompanhado a investigação de perto. O jogador do Goiás costuma entrar em contato com o delegado Joaquim Adorno de 15 em 15 dias. “Ele tem acompanhado de perto, mas também entende que é um processo que pode demorar quando as testemunhas não identificam o suspeito que praticou esse crime. Porque isso não é futebol, é um crime”, concluiu Joaquim Adorno.