O presidente do Atlético-GO, Adson Batista, voltou a desabafar, na tarde desta quarta-feira (21), depois que foi alvo de protestos de parte da torcida na derrota de 2 a 1 para o Inter, na segunda-feira (19), no Estádio Antonio Accioly. Após a partida, o dirigente rebateu críticas com frases fortes em entrevista coletiva, dizendo que dava ingresso para a torcida organizada, que ele é quem mandava fazer faixas e que o "Atlético-GO era um lixo" antes da recuperação.O dirigente reiterou que "é de enfrentar as coisas de frente", garantiu que não deixará o clube e vai trabalhar para, caso ocorra o rebaixamento à Série B do Brasileiro 2023, devolver a equipe à Série A.Ao mesmo tempo, disse que mantém os comentários feitos após o jogo do início da semana, de que há alguns anos o clube "era um lixo". Falou que não se arrepende de ter dito, mas que "talvez a palavra (lixo) é forte". E disse que "o Atlético-GO era uma várzea".Criticou também a postura da equipe nos últimos jogos, pois vê alguns jogadores entregues. "Quando toma o gol, desanda, vira os Trapalhões", comparou Adson Batista, que estava acompanhado do supervisor do Atlético-GO, Júnior Mortosa, e do advogado e diretor administrativo do clube, Marcos Egídio."O Atlético-GO vai tentar, de todas as forças, se recuperar. Já fiz muitas reuniões, já ofereci até a alma, não conseguiu reagir. O que esse time está jogando no segundo semestre, quando toma um gol...", criticou. O dirigente avalia que a pane do time quando toma gol tem origem emocional.O dirigente falou que o Atlético-GO tem "dificuldade de encontrar jogadores com boa liderança". "Alguns têm boa conversa, mas não levam para dentro do campo. Aí o culpado sou eu mesmo", falou.Apesar de dizer que ainda há salvação, falou ser realista. "O Atlético-GO não caiu. Se os jogadores pegarem na alça do caixão com força... Agora, sou realista. Estou sentindo que os caras não estão dando conta. Era para estar 2 a 0 para o Atlético até tomar o gol do Inter. Toma o gol, desanda, vira os Trapalhões. Isso é emocional."A entrevista do dirigente atleticano foi realizada no CT do Dragão, na presença de jornalistas e de três representantes da Torcida Dragões Atleticanos (TDA), organizada que acompanha o time. Adson Batista disse que teve "conversa madura" com os líderes do grupo e repetiu: "sempre ajudei a torcida do Atlético e acho que é dever do clube".Segundo ele, outros dirigentes de grandes clubes também fazem isso, ou seja, ajudam as torcidas. "O meu objetivo é pacificar", afirmou o dirigente que, futuramente, pretende ser um "torcedor simples", de arquibancada.A intenção da entrevista era dar uma amenizada no clima e prestigar representantes da torcida, que estava no CT. Adson também repetiu que não vai aceitar desrespeito. "Eu cometo excessos, mas vou respeitar quem me respeita. Sempre tive convivência harmônica com a torcida, sempre ajudei Vi 4, 5 com a camisa da torcida organizada me esculhambando (após o jogo contra o Inter)", contou.A TDA chegou a publicar uma nota de repúdio ao dirigente porque Adson disse que a torcida "não caminha com as próprias pernas". Adson Batista disse: "eu cometo excessos, mas vou respeitar quem me respeita. Sempre tive convivência harmônica com a torcida".E falou sobre a relação com organizada. "Converso com todos os presidentes de clube do Brasil e eles ajudam (as torcidas) porque entendem que têm papel fundamental, desde que não tenha arruaça, tráfico de drogas. Posso proibir entrada, se tiver violência, não respeitar a família e, principalmente, tráfico de drogas, coisas que normalmente acontecem. Dentro disso, vou dar continuidade (com a ajuda)", falou Adson Batista.FuturoAo mesmo tempo em que desabafou e repetiu algumas vezes que o time vai cair de pé e que voltará à Série A, Adson Batista adiantou algumas situações que devem nortear trabalho da gestão dele nos próximos dias, meses e até anos. O Atlético-GO pensa em novos rumos para se manter entre os maiores clubes do País.Para Adson Batista, o caminho do clube é se tornar Sociedade Anônima de Futebol (SAF). A sobrevivência do clube, enfrentando os grandes do eixo Rio-SP, só será possível se houver investimento internacional, segundo o dirigente, que também afirma que "patrimônio é inegociável" em qualquer proposta e negociação com eventual investidor.Outro aspecto que ficou claro na entrevista é que o futuro presidente do Atlético-GO estava sentado ao lado dele - Marcos Egídio, que trabalha no clube há cerca de 16 anos, desde 2006. Ele tem representado o Dragão nas reuniões para a criação de uma liga de futebol, além de estar presente na elaboração dos projetos recentes do clube.Adson Batista pontuou que o Atlético-GO é um "clube saneado" financeiramente, mas que "trabalha no vermelho" desde junho e que, nos próximos meses, terá um orçamento enxuto, específico para, caso seja rebaixado, disputar a Série B 2023, que será uma competição deficitária. Custos serão reduzidos no clube para não inviabilizar a gestão dele.Leia também:+ Presidente do Atlético-GO mantém Eduardo Batista, que ainda não venceu no Brasileiro+ Em crise, Atlético-GO precisa de 70% dos pontos em disputa para não cairOutra linha definida pelo dirigente é em relação ao time na Série A. Adson Batista voltou a garantir que o técnico Eduardo Baptista tem respaldo dele, que é um profissional decente e trabalhador, mas que espera uma reação nos próximos dois jogos fora de casa, diante de Corinthians (dia 28) e Avaí-SC (dia 1º). Se a equipe não reagir e não tiver resultados positivos, o treinador não deverá continuar no comando do elenco."Tivemos uma conversa muito boa com a comissão técnica, mas vejo alguns jogadores entregues", criticou Adson Batista, afirmando que não vai "jogar dinheiro no lixo" caso os resultados indiquem que o rebaixamento à Série B 2023 é o caminho do Dragão no restante da temporada.