Onde o senhor assistiu ao jogo contra o Guarani? Vi ontem (segunda, 22) aqui (na sala da presidência, na Serrinha), sozinho. Acabou o jogo, fui direto para meu pai (Hailé Pinheiro). Ele estava muito feliz, esse é o último ano dele no Goiás. Pensa se ele sai com o Goiás na Série B? Seria uma mancha na vida dele.Com o que a torcida pode sonhar ano que vem? Muito trabalho, dedicação, montagem de um elenco competitivo. O elenco será para mirar da primeira página para cima, sempre. O nível do time será para ficar do 10º para cima. Estando entre os dez primeiros, você consegue galgar. Vamos tentar errar o menos possível também. Dos 19 jogadores que contratamos, três não ajudaram realmente. O importante será não errar. O salário é mais alto, é o triplo.Quem não ajudou?Não quero citar nomes. Mas se aparecer alguém hoje que queremos contratar, vamos contratar já porque sei a verba mínima que vamos ter. Gosto de jogador desconhecido, mas vamos contratar jogadores com bagagem. Queremos um grupo sério, quero abrir o clube para a torcida. Já até lancei o desafio para a torcida. Quero 12 mil por jogo na Série A ano que vem.O que você gostaria de ter de mais marcante em cada um dos dois anos seguintes do seu mandato? Não tenho vaidade, quero que o Goiás cresça nesses três anos. Não quero deixar uma pedra fundamental, uma obra de impacto ou um legado. Quero fazer o Goiás crescer, lógico que, se eu conseguir a Arena, será impactante, mas não tenho esse ego. O dia que eu sentar nessa cadeira de presidente e mudar meu jeito com as pessoas, vou pedir para me tirarem dessa cadeira. Sou o mesmo Paulo Rogério de 20 anos atrás, minha sala é aberta, quero que o Goiás cresça um pouco mais. Quem sabe ano que vem a gente não belisca uma Libertadores. Estando entre os dez, a Sul-Americana é certeza. E podemos buscar um título, queremos chegar nas finais da Copa do Brasil, quartas de final, semifinal.O que você quer mudar na próxima temporada que errou em 2021?Em 2021, errei e no final deu certo, mas não posso montar time em abril, maio mais. Não posso abrir mão do Goiano, não posso me dar ao luxo de perder na 1ª fase da Copa do Brasil.Você acha que, se não tivesse demitido o Marcelo Cabo, o Goiás não subiria? Sou grato ao Pintado e ao Marcelo Cabo. O Pintado formou essa equipe com a gente. O Cabo pegou o time depois de uma mudança radical. Achei que era o momento de trocar (demissão de Marcelo Cabo). O acesso é dele também, assim como é do Pintado e do Glauber, que são os três treinadores que comandaram o clube. Uma coisa que aprendi na vida empresarial é que você não pode errar por omissão. Você não se perdoa. Posso errar por ter tentado, minha vida inteira foi assim. Eu garanto que acertei mais do que errei na minha vida. Na decisão do Cabo, eu estava nessa sala com o Tiago (diretor de Marketing), e ele me disse para seguir minha intuição. Eu estava com muito medo de trocar o Cabo. Se não sobe (à Série A), eu seria o culpado. A pancada seria grande, mas Nossa Senhora me iluminou (aponta para a imagem na sala da presidência) e deu tudo certo.Então você temeu ter errado na demissão?Quando se demite treinador, é porque eu vejo a preleção, o treino, como ele é com o grupo, a conversa com o auxiliar. São vários fatores analisados. O jornalista e torcedor vêem o resultado do jogo, mas eu tenho de analisar baseado no dia a dia. Essa é a vantagem de ter um presidente que fica 12, 13, 14 horas no clube, almoça junto com o elenco, está junto na hora do videogame, conversa com os líderes. Assim se conquista confiança.Como o Goiás vai encarar o Goiano e Copa do Brasil, que em 2021 o time fez campanhas ruins?Com seriedade. Vamos jogar o Goiano para ser campeão. Temos uma base pronta, vamos lançar meninos do sub-20 no Goiano. Temos de revelar no Goiano porque na Série A é difícil. Na Copa do Brasil, nossa obrigação é ir longe, não só pelo dinheiro, mas para resgatar o Goiás que é grande na Copa do Brasil.Além do Alef e Nicolas, quem mais deve ficar para a próxima temporada?Apodi, Hugo e Dieguinho têm contrato para o ano que vem. O Rezende, a opção de compra é nossa. Fellipe Bastos tinha meta de renovação com o acesso, vai ficar. A base está pronta. Preciso arrumar um zagueiro para o lugar do David, o Reynaldo é difícil (ficar) por estar valorizado. Vamos conversar para ele ficar. É difícil, mas talvez vamos ter problemas com os dois zagueiros.E o Welliton, fica?Welliton é uma coisa à parte. Se ele tiver interesse, vai continuar. Está se despedindo do futebol, só depende dele. Não preciso nem procurar, é uma conversa que resolvemos em um minuto. O que ele ganha é menos que jogador da base, está aqui pelo amor ao clube, carinho pelo pai (Hailé Pinheiro). Se ele quiser continuar, o Goiás está de portas abertas. Se o Welliton começar uma temporada treinando, vai mostrar o bom rendimento dele.Como avalia o que o Harlei fez no futebol? Para mim, o Harlei é o maior ídolo disparado do Goiás. Nenhum outro atleta vai vestir a camisa mais de 838 vezes. O Harlei foi uma das pessoas mais injustiçadas do futebol brasileiro. Quando assumiu a gerência de futebol pela primeira vez, não tinha experiência, era ex-jogador, o Goiás estava quebrado e ainda tinha limitação salarial para montar o time. Mesmo assim, revelou o Bruno Henrique, o Patrick, o Tadeu, o Michael. Muito mal de presidentes é colocar a culpa em alguém. Em 2020, falaram que era o colegiado, mas não tem colegiado. Não existe, o que existia era uma bagunça generalizada.Como assim?Era vice contratando, gente que não era da diretoria indicando jogador, filho de conselheiro indicando jogador. O que mudei esse ano foi tomar essa decisão entre quatro pessoas. Vem com unanimidade dos quatro ou não vem. Eu, Harlei, Dudu (Eduardo Júnior) e Osmar (Lucindo). Aí o Osmar foi para a base, colocamos o Glauber (Ramos). O Edminho participa das decisões também. O Edminho ajuda 24 horas quando precisamos dele, é nosso quinto elemento. Na montagem, ele ajuda. Não é nem primo, é um parceiraço de vida.Essa será a filosofia para 2022?A filosofia é essa, será assim em 2022. Com o treinador contratado, vamos conversar também. Às vezes, o técnico quer jogar com um ala, um volante pé de ferro, vamos conversar como foi feito com o Pintado. O time era marcador, de ligação direta. Um exemplo da importância desse diálogo foi o Elvis. A gente sabe que ele não marca, que corre pouco, mas é o cérebro. Com o Pintado, ele não jogava. Minha discussão com o Pintado foi essa. O dia que jogava com três atacantes, dois abertos, o Elvis não ia jogar (bem). O time (depois) foi formatado para ele (Elvis) jogar, é o líder de assistências. Quando trouxe o Elvis, foi antes do Pintado. Se fosse o Pintado o treinador, talvez não teria vindo.O que você vai fazer nas férias?Pedi uma licença de até 90 dias, vou sair de férias para resolver alguns problemas que tenho desde agosto. Mas acho que em 30 dias estarão resolvidos. Estou bem, mas são coisas pessoais. Vou viajar de férias depois do fim da Série B. O Sérgio Cecílio vai assumir por ser o primeiro vice. O Harlei vai estar em contato comigo para assuntos do futebol.