Como pegou a Secretaria de Esporte e Lazer em 2019?Percebi que estava abandonada e alicerçada a dois programas, o Pró-Esporte e Pró-Atleta. Os dois programas, de certa forma, não estavam andando bem. Me deparei com a situação de muita preocupação. O restante da secretaria não estava em funcionamento da melhor forma. Serra Dourada, Autódromo, ginásios e praças esportivas estavam abandonados.O que fez para mudar a situação do Pró-Atleta?Mudamos o processo do benefício. Passamos a entrevistar atletas, foram mais de 1.200 em 2019. Todo mês, o atleta teve de prestar contas, colocamos alguns parâmetros para fazer abertura (do programa). Tivemos dificuldades burocráticas, mas terminamos o ano com nove parcelas pagas com prestações de contas. Demoramos a começar a pagar, mas, quando fizemos, foram de duas em duas (parcelas). Queremos ter 600 atletas atendidos em 2020, mas com 11 parcelas. Isso faz diferença para o atleta. Além disso, conseguimos prestar contas do programa desde 2011.E o quanto ao Pró-Esporte, que era uma fonte de dinheiro para muitos projetos e não ocorreu em 2019?A situação era diferente porque o Estado estava em calamidade. Não conseguimos reativar esse ano. Descobrimos que é um programa que merecia prestação de contas do passado, ainda estamos levantando, mas já encontramos situações de empresas que terão de devolver dinheiro por não destinar o valor para o projeto. Queremos que o valor saia para destinação correta. Em 2020, tentaremos começar o ano com novo projeto, vai se chamar Pró-Goiás, com mais controle e prestação de contas. Percebi que alguns valores (do Pró-Esporte) eram destinados para federações específicas. Não quero comentar sobre casos passados porque temos de olhar para frente. Fizemos estudo bem aprofundado de como deve ser, o valor também ainda será definido.Por que optaram por parceiros para ajustes, como ocorreu no Serra Dourada?Antes do Campeonato Goiano, após reunião com a Federação Goiana de Futebol, fui verificar as documentações do Serra Dourada e, de cara, descobri que nem alvará de funcionamento tinha sido pago. Na hora, comecei a falar que dinheiro nós não tínhamos. Nem a própria constituição da secretaria estava concretizada (na época) e não poderíamos agir. Com parceria, começamos a fazer. Pedi para Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Engenharia e Vigilância Sanitária. Fizeram com mais brevidade possível. Com Goiás e Vila Nova, nós conseguimos levantar uma arrecadação com termos de cooperação, pagamos alvarás e arrumamos alguns pontos do Serra Dourada.O ano de 2020 é olímpico e os atletas goianos que têm chances estão fora do Estado, em clubes que dão mais suporte. Um dia Goiás terá condições de formar e desenvolver atletas para as Olimpíadas em solo goiano?Acredito que sim. O esporte olímpico é de alto rendimento. Aqui, quem prepara esses atletas, geralmente, são as federações. Nós pretendemos auxiliar com Pró-Atleta, Pró-Esporte, incentivar trazendo competições para cá. Para fazer esses atletas ficarem no Estado, é preciso aumento de recursos e ajuda das federações. Não posso sustentar, mas podemos analisar como podemos ajudar. Para 2020, quero criar situações, com fundos próprios, para ajudar (no desenvolvimento de atletas).Como fazer isso?Para ter atletas de alto rendimento, precisamos ter uma base, a iniciação esportiva é um caminho. Dentro da legalidade, quero fazer o máximo. Mediante a situação que vivemos ali (Secretaria de Esporte) para que eu tenha recursos, preciso buscar parceiros e reestruturar a secretaria, para não só capacitar projetos, mas prestar contas.O que fizeram pela iniciação esportiva?Aumentamos em 22% o atendimento nos ginásios. Vários lugares possuem iniciação esportiva. Brinco que são os meus meninos de 3 a 100 anos de idade, que são as faixas etárias que atendemos. Ainda queremos levar iniciação esportiva para o interior. Nosso desejo é fornecer material e capacitar pessoal. É uma das nossas preocupações, acho muito importante.Algo foi feito pela secretaria para o paradesporto?Conseguimos abrir dois núcleos paralímpicos em Itapaci e Silvânia. São programas que podemos desenvolver profissionais e passamos a fornecer materiais para treinamentos de modalidades paralímpicas, como badminton e tênis de mesa. Queremos fomentar os núcleos para que comecem a funcionar (novas unidades) em Itumbiara e Cidade Ocidental. Acredito que serão entre cinco e seis novos núcleos em 2020.A dificuldade financeira costuma ser motivo para a falta de investimentos em Esporte e Cultura. São os primeiros a sofrer cortes. O que dá pra fazer neste cenário? Qual será o orçamento da pasta para 2020?Geralmente, esporte e cultura realmente recebem os cortes. Não gosto de pensar dessa maneira, mas não posso cobrar do meu Estado algo que não é possível de se fazer (manter recursos). Vamos conduzir a secretaria como podemos. Vou continuar brigando por recursos. Existem federações que acham que sou obrigado a organizar eventos. Se não tiver orçamento, não tem como fazer. O que posso fazer é continuar buscando são parceiros e trabalhando com a realidade que temos. (Após a entrevista, disse que o orçamento da pasta para 2020 ainda será avaliado)Como você briga por mais recursos?Apresentando projetos relacionados ao Esporte. Mostrando que precisamos de reformas na infraestrutura, em projetos ligados ao governo.As parcerias devem continuar então?Estamos em busca de dois tipos de parceiros. Uma forma é buscar recurso federal para uma reforma mais substancial no Serra Dourada. A outra são situações que buscaremos de instituições públicas e privadas, não só clubes. Meu sonho é deixar, daqui três anos, o Serra Dourada com reforma nos vestiários, banheiros, arquibancadas, cadeiras, cabines de rádios, iluminação, gramado, estacionamento, iluminação externa. Quero revitalizar tudo, não deixar como encontrei.Existe um projeto pronto para reforma completa no Serra Dourada?Está encaminhado. Hoje, nossa preocupação é a revitalização do gramado. Vamos ter dois times na Série A, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil. A demanda de jogos será maior. Tentaremos reformar os banheiros, queremos mexer em todos, assim como tirar o mato de fora, no estacionamento, e arrumar a iluminação. Essa é a minha prioridade agora. Vamos deixar o Olímpico pronto para o Campeonato Goiano caso o gramado (do Serra Dourada) não fique pronto.Mas existe um projeto maior que vai mexer no aumento da capacidade do estádio? Há previsão de início das obras nesse aspecto?Minha briga é buscar recursos para isso acontecer. A ideia é aumentar a arquibancada, trazer para próximo do campo no local da geral. Tenho estudo pronto, mas é mais demorado porque dependo de recursos. Quero aumentar a capacidade para chegarmos em torno de 55 mil lugares. Hoje, só falta investimento. Depois do Brasileiro talvez seja mais fácil. Até lá, teremos tempo para deixar tudo na parte documental pronta.Goiás não tem (ou pelo menos não tinha) uma política estadual de Esporte e a recriação da secretaria poderia fazer com que isso acontecesse. Depois de um ano, que política foi desenhada?Considero como política de Esporte o resgate da secretaria, criar e lutar por projetos como estamos fazendo, a luta por fundos. Fomentar o esporte, conseguir levar para o interior com iniciação esportiva. Essas são as políticas que estamos fazendo por todo o Estado.Não é pouco? O que pode melhorar?Meu sonho é trazer para Goiás eventos de relevância internacional. Conseguir eventos desse porte faz com que todos ganhem. O Estado, o Esporte, a população. Quero levar Goiás para fora do País. Temos de revitalizar programas e buscar recursos, mas esse tipo de evento pode ajudar. Trouxemos o Mundial sub-17. Meu projeto é entregar para meu sucessor uma situação completamente diferente do que recebi no começo do ano (2019). Vou fazer de tudo para Goiás fazer parte de centros esportivos. Quero MotoGP, Mundial feminino. Quero deixar tudo em condições de uso, projetos funcionando e prestar contas.No final do ano passado, o governo anunciou que iria extinguir alguns fundos, entre eles do Esporte. Como está essa situação?Em menos de uma semana mudaram essa decisão, assim como de outros fundos (Fundo da Comunicação, do Financiamento do Banco do Povo e Fundo de Fomento à Mineração). O Fundo do Esporte continua. É um projeto responsável por gerenciar os recursos que recebemos. Parte dele, por exemplo, é a Lei Pelé que destina 1% da arrecadação das loterias. O dinheiro do Fundo do Esporte é destinado em 50% para interior e 50% para capital. É um modo para o financiamento para capacitação de profissionais, reformas em infraestrutura, compra de materiais esportivos.Você já disse que a UEG vai sair do Centro de Excelência. Vai mesmo? Quando?Até o final do ano (passado), pedi para se preparem para sair de lá. Não era para funcionar como sala de aula, mas sim como estudos para esporte. Há nossa intenção de retomar o espaço. Vamos documentar para que deixem o prédio, definitivamente, no final de fevereiro. Não sei para onde vão, mas preciso do prédio para o desenvolvimento de projetos da secretaria.Como estão as situações do Parque Aquático e Ginásio Rio Vermelho?Tiramos o piso do Rio Vermelho e limpamos uma das (três) piscinas. Interditamos as praças esportivas (em abril de 2019). No Parque Aquático, mosquito da dengue morria lá dentro. Fizemos desenvolvimento para recuperar as duas piscinas e estamos revitalizando o ginásio, para que volte a receber grandes eventos.Quando o nadador, saltador e praticante de esportes aquáticos, em geral, vai ver o Parque Aquático concluído?Talvez vamos precisar mexer no revestimento da arquibancada, mas nossa preocupação é colocar as piscinas em funcionamento. Banheiros também terão de ser melhorados. Não posso dar data, mas até o meio do ano quero que as três piscinas estejam funcionando. Será com recursos nossos, de parceiros ou do Fundo do Esporte.A votação da reforma da Previdência gerou conflito do governador com deputados e muitos indicados foram exonerados, incluindo gente da Sel. Não é mais importante empregar pessoas com base em questões técnicas?Essa parte política é uma situação que acho que é um critério privativo do governador, que estabelece os parâmetros (para contratação). O Amarildo (Pereira Filho, indicado do Delegado Humberto Teófilo, que é seu irmão) exercia a função de superintendente, cuidava de cinco gerências, estava lá politicamente. Tecnicamente, não era da área. Ele foi uma indicação política. Mas, hoje, está ocupada para um superintendente técnico, que é o Jonas Gondim. Ele ocupa merecidamente a pasta. Tecnicamente, está no lugar certo. Hoje, a secretaria está com ausência de um superintendente e quero que funcione com pessoas técnicas para dar resultado. Talvez, haja indicação política, mas vamos exigir que seja uma pessoa técnica.