A principal pergunta que ainda ronda a seleção brasileira pós-Copa é quem será o próximo técnico do Brasil depois da saída de Tite. A CBF não dá pistas e rumores surgem desde que o ex-treinador anunciou que deixaria a equipe. Nomes estrangeiros são cotados, brasileiros aparecem entre os citados, mas nada foi confirmado pela entidade. A certeza é que essa resposta só virá em 2023.Para analistas consultados pelo POPULAR, o próximo técnico do Brasil precisa preencher alguns requisitos. Será preciso que aceite e entenda o futebol atual, sem brigar contra tendências. Além disso, que mostre variação tática, que tenha nome de peso e que consiga montar um time organizado. O perfil, porém, deve ser definido pela CBF.Um problema, na opinião de jornalistas esportivos consultados pela reportagem, é justamente a falta de clareza por parte da CBF sobre qual é o projeto da seleção brasileira.“A CBF tem que definir o que quer, e então ir atrás de quem se encaixa melhor. Qual é a ideia? Qual é o papel do técnico da seleção? Apenas escolher os 23 melhores em cada convocação? Ou algo mais amplo, como definir a linha que todas as categorias de base vão seguir? Não sabemos”, pontuou o jornalista Martín Fernandez, do Sportv e colunista do jornal O Globo.Essa ausência de definição pode atrapalhar na busca por um novo treinador já que não é claro o projeto que cerca a seleção brasileira. O ciclo para a Copa de 2026 terá Copa América, Eliminatórias e amistosos durante a preparação.“É preciso ter um projeto para a seleção que se estenda para além de resultados. Uma ideia de seleção que também abrangesse o atual grupo e futuros grupos de atletas. Primeiro de tudo: qual a ideia para a seleção? Ganhar a qualquer custo? Encantar o torcedor? Qual a filosofia de jogo? Procuramos jogadores de que tipo? Pretendemos trabalhar em harmonia com as seleções de base?”, questionou o jornalista Gabriel Dudziak, comentarista da Rádio Globo CBN.Ao longo dos últimos anos, a CBF acertou com treinadores em meio a situações que exigiam resposta por parte da entidade.Depois da queda da Copa do Mundo de 2006, por exemplo, a crítica era pela “falta de comprometimento” da equipe liderada por Carlos Alberto Parreira. Dunga foi escolhido. Depois, percebeu-se que “faltava juventude” ao time do ex-volante. Mano Menezes assumiu, mas era preciso ter um “histórico vencedor” no comando do Brasil, por isso a escolha de Felipão na sequência.Por ser um dos melhores técnicos no Brasil em 2015, Tite foi unanimidade quando escolhido. Desta vez, não há uma culpa plausível pela eliminação no Catar, que force a CBF a acertar com determinado nome com objetivo de solucionar um possível problema, que foi justificativa em outras eliminações nos Mundiais.“Por isso, talvez vão encontrar alguém com nome bem grande para atrair todas as atenções e deixar a diretoria mais tranquila. (Uma eliminação na) Copa do Mundo é uma oportunidade de tentar arrumar o futebol. A gente pode arrumar administração, por exemplo. Se tivermos um treinador que tenha um futebol organizado, vamos ficar mais próximos das vitórias”, disse o jornalista Paulo Calçade, dos canais ESPN e Fox Sports.O próximo treinador do Brasil possivelmente terá histórico vencedor ou carreira com passagem por equipes que taticamente se destacaram e venceram, na opinião dos especialistas consultados pela reportagem.“Precisa ser um bom técnico. Que aceite o futebol atual, que não brigue com as tendências, que entenda a importância de uma comissão técnica preparada, atualizada, que utilize a estrutura deixada pela anterior. Alguém capaz de elevar ainda mais o bom nível atingido nos últimos anos”, falou o jornalista Alexandre Lozetti, do Sportv.Nomes estrangeiros cercam a CBF. Pep Guardiola sempre é citado, Klopp aparece uma vez ou outra, Abel Ferreira é o preferido para alguns, mas a bola da vez é Carlo Ancelotti, do Real Madrid. O italiano possui contrato até junho de 2024 com o clube espanhol, já foi procurado pela entidade brasileira, mas não há definição até agora. Brasileiros como Fernando Diniz e Dorival Júnior estão entre os citados.O próximo técnico do Brasil terá uma boa geração para trabalhar e potencial para lapidar novos talentos visando o futuro. “É uma excelente geração de jogadores. Do meio para frente, principalmente. Bruno Guimarães tem tudo para ser titular no próximo ciclo e os pontas e atacantes são jovens. Talvez precise de um pouco mais de trabalho do meio para trás. Encontrar os zagueiros certos, embora Militão tenha tempo pra mais duas ou três Copas, e principalmente os laterais. Se é que vai jogar com laterais... Pode, de repente, jogar com pontas pelos lados. De toda a forma, o material humano é muito bom. Não vai ser problema para o próximo treinador”, opinou Gabriel Dudziak.-Imagem (1.2583449)