Uma das recompensas de ser campeão por um clube de futebol é ficar marcado na história e ser lembrado, mesmo com passar dos anos. É assim que campeões da Série C do Brasileiro pelo Vila Nova, em 1996 e 2015, se sentem ao falarem das conquistas do passado e passam a mensagem para que os atuais atletas do elenco se motivem para gravar seus nomes no Tigre.Técnico do título invicto de 1996, Roberval Davino fica em cima do muro ao apostar entre Vila Nova e Remo. É que o treinador de 66 anos também conquistou acesso e título da Série C pelo time paraense. “Quando está mal, chama o Roberval. Era assim que falavam sempre que acontecia alguma crise no Vila. Fui campeão pela primeira vez em 1993. Quando voltei, para 1996, foi muito especial porque o time que montei com o Jair Rabelo (diretor de futebol) deu muito certo. Não tínhamos uma estrela, mas o grupo era único. Fomos campeões invictos, a taça foi conquistada em Ribeirão Perto, mas não fui pra festa”, lembrou o treinador, que morava em São Paulo e preferiu voltar para casa a viajar para Goiânia e celebrar o título da Série C conquistado diante do Botafogo-SP.Um dos comandados por Roberval Davino foi o goleiro Humberto, que sofreu 9 gols em 14 jogos na campanha do título. “Falo de coração, foi muito importante conquistar aquele título. Foi ali que virei torcedor do Vila Nova. Criei uma identificação única e um título nacional é para ser valorizado. Você entra na história do clube. Os jogadores, amanhã (sábado), poderão ser lembrados daqui muitos anos por essa conquista”, comentou o ex-jogador de 50 anos, que foi o que mais atuou pelo Tigre na campanha do título de 1996.Em 1996, o Vila Nova venceu a primeira Série C ao superar o Botafogo-SP, com duas vitórias: 2 a 1, na ida em Goiânia, e 1 a 0, na volta em Ribeirão Preto. Em 2015, o Tigre venceu o Londrina de 4 a 1, no Serra Dourada, depois de perder o primeiro jogo por 1 a 0, no Estádio do Café.Uma particularidade citada por campeões de 1996 e 2015 é que os dois times não tinham estrelas e não havia a dependência de apenas um jogador. “Vejo muito dessa garra e união que tínhamos no time atual. O elenco cresceu muito ao longo da temporada, tem vários jogadores decisivos. Não é só um. Fico feliz de ter feito parte do projeto, de acompanhar o crescimento do time que lutou pelo objetivo de voltar à Série C. A vantagem construída é grande, mas é manter os pés no chão para superar o Remo e colocar mais uma estrela no peito”, disse o ex-volante Robston, que, no início de 2020, foi contratado para trabalhar na comissão técnica e deixou o clube ainda no primeiro semestre.O zagueiro Gustavo Bastos, hoje com 37 anos, é um dos que falam que o título de 2020 só está a horas de ser conquistado. “Título é título e tem de ser valorizado. É por isso que lembram de 2015 até hoje. A partir de domingo, ficará eternizado na história. O título de campeão da Série C estará sendo atualizado para 2020”, avisou o defensor, que, por último, defendeu o São Gabriel-RS antes de se aposentar no ano passado.O Vila Nova embarcou para Belém na manhã desta sexta-feira (29). No dia anterior, o volante Francesco disse ter ligado para alguns colegas do atual elenco e para o técnico Márcio Fernandes. “Avisei que, se não trouxer a taça, é para voltar a pé. Já pode preparar a festa no aeroporto. Ser campeão pelo Vila Nova é diferente de tudo e, neste final de semana, vamos ser da Série C e do Aspirantes, algo inédito”, disse, alegre, o jogador de 29 anos, que estava no grupo que iniciou a temporada 2020, mas deixou o clube após a paralisação do futebol.