O volante Edson Fernando, de 23 anos, foi apresentado pelo Atlético-GO, na tarde desta quinta-feira (14), no CT do Dragão. Ao lado do presidente do clube, Adson Batista, e do atacante argentino Diego Churin, Edson Fernando mostrou contentamento por ter a chance de atuar num clube emergente do País e que tem um calendário de torneios importantes. Mais do que isso, o jogador revela a satisfação por estar numa outra condição, bem diferente dos dias de apuros, medo, fome, frio e fuga da guerra na Ucrânia, para onde havia se mudado para jogar no Ruck Lviv.Ele conseguiu deixar o País, chegando à Hungria, ao lado de outro jogador que atuou no futebol goiano - o atacante Talles, ex-Vila Nova, que estava com a mulher, a goiana Tatiana. Parte da rota de fuga teve de ser feita a pé, pois havia dificuldades de comunicação com entidades e autoridades brasileiras. Eles tentaram sair pela fronteira com a Polônia, mas não conseguiram. Depois, tentaram na Eslováquia, mas também não deu certo. Finalmente, foi possível conseguir deixar a região conflituosa através da Hungria, após quatro dias de peregrinação em meio às enormes filas de carros nas rodovias e de pessoas tentando a fuga a pé, também. Depois, ficaram doze horas dentro de um carro, já nas proximidades da Hungria. Próximo à Polônia, eram pedestres. "Estas perguntas (sobre sair da Ucrânia) foram as que mais foram feitas para mim. Então, vai sair naturalmente. Foi uma situação difícil que passei após um mês lá (Ucrânia). Eu tinha a expectativa de jogar na Europa, estar realizando sonhos. Foi uma situação bastante difícil que passei, foram quatro dias sem dormir, sem tomar banho, só comendo besteira. Eu acredito que Deus sabe das coisas. Estou aqui, hoje, depois de passar tudo o que passei lá e, então, acredito que serve de aprendizado", comentou o jogador atleticano, regularizado na terça-feira (12), depois de deixar a Europa em meio a um conflito bélico numa nação em que não há perspectiva, tão cedo, de retorno do futebol. Para ele, a experiência, de sobreviver duramente, serviu para fortalecê-lo. "Eu me sinto bem mais forte, porque não foi fácil o que passei. Eu tenho certeza que eu fiquei mais maduro, ainda. Não é fácil estar em outro país, com a língua totalmente diferente, cultura diferente, comida diferente e você ter de se virar numa guerra", detalhou o volante. Edson avalia que a vida terá um significado diferente a partir do que foi vivenciado por ele. "Como pessoa, não tem nem como citar. Eu vivi numa guerra. Então, Deus me deu a oportunidade de estar aqui. Eu me sinto mais forte, bastante motivado, tanto como atleta, como pessoa. Isso vai agregar bastante, quero ajudar os meus companheiros, o clube, a torcida. Acredito que isso me deixou mais forte e motivado", ressaltou Edson.