Ele formou dupla com o irmão de Chitãozinho & Xororó, lançou um sucesso que se tornou febre nas rádios do Brasil na década de 1990, que depois foi regravado por seus irmãos famosos e mais tarde emplacou outra canção como tema de novela da Globo. Depois de muitos anos longe dos grandes palcos, Alessandro Costa, de 50 anos, irmão de Leandro & Leonardo, decidiu retomar a carreira, dessa vez solo, e com repertório voltado para o sertanejo romântico. “Estou com um DVD quentinho para lançar em dezembro, com 11 canções, e em janeiro, devo iniciar os shows na estrada”, comenta.Há seis anos, o irmão caçula de Leonardo vem ensaiando de maneira bastante tímida o retorno aos palcos depois de atender a um desejo especial do pai, Avelino Costa, que morreu em 2015 por conta do agravamento do quadro de enfisema pulmonar. “No final de 2014, ele me disse que eu cantava bem e que deveria voltar. Ele pediu para começar devagar, mas para fazer o que sempre gostei na vida. Foi nesse momento que fiz alguns shows pequenos, porque no primeiro momento não estava pensando em fazer nada grandioso. Em 2020, fiz uma live que vai virar o meu álbum de retomada”, comemora.O trabalho conta com 11 canções, todas regravações dos anos 1990. A abertura será com Fui Dando Porrada, além de sucessos de Leandro & Leonardo, como Aqueles Olhos e Talismã; de Chitãozinho & Xororó, como Não Desligue o Rádio, e Espanhola, de Flávio Venturini, que se tornou sertaneja na sua voz. Alessandro também gravou Amor de Trem, uma composição sua gravada por Leonardo, em 1999, no disco Tempo. “O meu repertório é o sertanejo romântico raiz, que é o que gosto de tocar no violão”, comenta. O DVD, ainda sem nome oficial, mas que deve ser alguma coisa do tipo De Volta aos Palcos, também não tem participações especiais por conta da pandemia.Alessandro iniciou a carreira em 1992 ao lado de Tiãozinho, irmão de Chitãozinho & Xororó. Juntos, estouraram Fui Dando Porrada, que levou os cantores para todas as festas de pecuária do Brasil. O refrão “Fui dando porrada, quebrando tudo/ Te rebaixando, ele defendendo, o povo gritando/ Mas eu fiz tudo foi por amor/ Pois quem ama tanto, ciúme muito/ Transforma em pranto, eu te confesso/ Que não sou santo, mas me perdoe, por favor” foi tocado à exaustão nas rádios. Em seguida, Coceira de Bem Querer entrou para a trilha sonora da novela da Globo Despedida de Solteiro, trama de Walther Negrão.Alessandro diz que Leonardo é um grande incentivador do seu projeto solo e que por ele não era para ter abandonado a carreira, numa decisão tomada depois da morte de Leandro, em 1998. “O apoio é total. A dica dele é produzir muito conteúdo para mostrar a cara de novo, não ficar parado mais. Agora só tem um caminho, que é seguir em frente. Decisão tomada, não tem como voltar atrás. Quem sabe no próximo trabalho estaremos juntos numa música”, adianta ele, que tem uma voz idêntica à do irmão. “Todo mundo fala isso, que existe semelhança, mas cantando é diferente.”TrajetóriaApesar do sucesso logo de cara no mercado com o primeiro disco, Tiãozinho & Alessandro ficaram na estrada por menos de três anos. “Eu era muito novo e não sabia se era aquilo que queria e resolvemos terminar a nossa parceria”, recorda-se. Em seguida, ele se juntou com o irmão mais velho Carlos, com quem também gravou um álbum e eternizou os hits Vida de Cão e Ela Não Vem. “Era uma vontade da família montar outra parceria entre irmãos”, lembra. Eles seguiram até 1998 e decidiram parar de vez depois da morte de Leandro. “Fiquei desanimado, decepcionado com a estrada, foi um balde de água fria.”Alessandro se afastou dos palcos, mas não da música. Ele produziu os sobrinhos Pedro & Thiago, que teve a canção Toque de Mágica como a mais tocada daquele ano. Ele também compôs para a dupla Sandy & Junior. No mesmo período, trabalhou com as irmãs gêmeas Maiara & Maraisa, ainda adolescentes, quando elas se chamavam Geminis, influenciadas pelo gênero pop e rock. “Comecei a trabalhar com produção de artistas novos, por conta da minha capacidade de composição e de conhecimento na música. Foi um trabalho prazeroso e gratificante”, destaca ele, que ficou até 2006 neste segmento.Depois do período como produtor, Alessandro decidiu novamente se afastar de todo o universo que cerca a música. Ele voltou a morar em Goiânia depois de 15 anos em São Paulo, prestou vestibular para Zootecnia e foi se dedicar aos estudos e a cuidar das fazendas da família em Goiás e Tocantins. “Mudei totalmente o meu rumo. Não tinha tempo para nada. Ficava o tempo todo na estrada cuidando de roça. Guardei o meu violão e não queria mais saber de música. Nem no barzinho tinha vontade de tocar, vez ou outra eu soltava a voz quando tomava cachaça em casa com os amigos”, conta aos risos.“Foi a minha triste tarefa” Nascido em Anápolis, Alessandro Costa passou boa parte da infância em Goianápolis, assim como os irmãos famosos, período em que trabalhavam nas lavouras de tomate. Depois da ascensão na sua carreira, ele mudou-se para São Paulo, o que era algo bastante comum naquela época, por conta das grandes gravadoras e das participações nos programas de TV. Quando Leandro estava fazendo o tratamento de um tipo de câncer de pulmão raríssimo, ele ficou 20 dias acompanhando o Leonardo na estrada. “Fui fazer companhia para ele, não podia deixá-lo sozinho. Quando veio a confirmação da morte, eu que dei a notícia. Foi a minha triste tarefa”, recorda.Mais um projetoAlém do trabalho de retomada da carreira, Alessandro Costa aposta muito numa parceria que fez em novembro com cinco músicas inéditas ao lado de Chimbinha, ex-Calypso. Eles vão lançá-las na primeira semana de dezembro nas plataformas difitais. “Gravamos em Belém e gostei do resultado da parceria. Ele é meu amigo há bastante tempo e aceitei de cara quando ele me ligou fazendo o convite. São canções bem comerciais, provavelmente vão fazer sucesso”, espera. O DVD com regravações deve ser lançado quase ao mesmo tempo. “Estou seguindo o conselho do Leonardo e produzindo conteúdo”, ressalta. Essa gravação era para ter sido lançada em 2020, mas por conta da pandemia, Alessandro decidiu ficar mais um ano em casa com a família pensando no repertório e na produção.