A família perfeita dos comerciais de margarina pode não ser uma realidade, mas ao menos um lar harmônico e emocionalmente saudável é possível de ser alcançado. O psiquiatra e autor Augusto Cury entrega, logo de cara, o segredo para que isso aconteça: o diálogo. Pode parecer simples, mas tem entre as exigências praticar a escuta, apreciar os momentos simples do cotidiano, reconhecer as próprias falhas e exaltar os acertos do outro. A temática da construção de relações saudáveis com cônjuges e filhos está presente em livros como Pais e Filhos: Sem Diálogo, as Famílias Morrem, Ansiedade 3: Ciúme e em Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, assinados pelo autor considerado o mais lido das últimas duas décadas no Brasil, com mais de 80 livros publicados e 35 milhões de vendidos, e o psiquiatra mais lido do mundo, com livros traduzidos para mais de 70 países. Teve uma de suas obras, O Vendedor de Sonhos, adaptado para o teatro e em 2016 para o cinema, sob a direção de Jayme Monjardim. O tema também será abordado por Augusto Cury na palestra Bem-Estar e a Felicidade da Nossa Família na próxima quinta-feira (18), a partir das 19h30, com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da FGR Incorporações. A conferência abre o programa Gestão da Emoção – Mentes Saudáveis & Lares Felizes, de iniciativa da incorporadora. A palestra presencial é reservada a convidados e imprensa, mas o público em geral poderá conferir a atividade de forma on-line. Ao POPULAR, Cury fala sobre a perda da capacidade de dialogar, consequências da superexposição a tecnologias e redes sociais e ensinamentos da pandemia para as relações dentro de casa.Augusto, você vem a Goiânia para a palestra Bem-Estar e a Felicidade da Nossa Família. O que será discutido por você na ocasião?No momento em que vivemos, a habitação física está em completa desarmonia com a habitação emocional – sem gestão da emoção, essas duas residências não se conversarão e os apartamentos ou as casas não se tornarão uma notável experiência. E hoje as pessoas estão procurando não um imóvel, mas um espaço onde possam ser felizes e saudáveis física e emocionalmente com aqueles que amam.Ouvimos muitos relatos de pais e filhos que se consideram praticamente estranhos, mesmo vivendo na mesma casa. “Meu filho não me escuta” é outra queixa frequente. Qual a importância do diálogo no contexto familiar?Os pais fazem brincadeiras carinhosas com seus bebês e crianças, mas, quando seus filhos crescem e se tornam adolescentes, perdem esse hábito. E é nessa fase que os filhos se isolam em seus quartos com a janela do mundo digital disponível em conexões cada vez mais velozes para fazer amizades virtuais e se tornarem estranhos dentro de casa. Então, o diálogo familiar precisa ser pautado no elogio, e não na crítica. E só passamos a ser ouvidos quando exigimos menos de nós mesmos, para depois exigirmos menos dos outros, sejam cônjuges ou filhos.Pensando no contexto atual, de superexposição a redes sociais e tecnologias. Que consequências disso são observadas nas relações sociais?No Brasil, as pessoas ficam, em média, 10h08 conectados na internet, mas raramente se conectam consigo, provocando a solidão dramática do autoabandono. Alguns sintomas dessa superexposição são conhecidos no nosso dia a dia: Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), ansiedade, dores de cabeça e muscular, acordar cansado, sofrimento pelo futuro, irritabilidade, autopunição, mente agitada, dificuldade de conviver com pessoas lentas, déficit de memória e sono de má qualidade, prejudicando principalmente as relações mais próximas que são aquelas dentro de casa, entre os familiares diretos.Em um vídeo disponível nas suas redes sociais, você comenta sobre a importância da fuga da rotina. Por que a rotina “encarcera”?A rotina “encarcera” porque perdemos a capacidade de viver cada momento como se fosse único. Quando estamos de férias, respondemos mensagens de trabalho pelos aplicativos de mensagem, mas, quando estamos trabalhando, desejamos estar de férias. Ainda estamos aprendendo a viver nesse novo mundo onde a velocidade da informação ultrapassa a nossa capacidade de absorção. Temos de selecionar as informações que desejamos consumir com qualidade de processamento. Ao fugir da rotina, não carregue a rotina no smartphone, pois poderá estar no melhor lugar de férias, mas não terá a tranquilidade que busca.A pandemia alterou a dinâmica de muitos relacionamentos. Acredita que o período jogou luz sobre questões relacionadas à saúde mental e emocional e, consequentemente, sobre o que não estava funcionando nos relacionamentos?Durante a pandemia, quem não soube proteger a sua mente dos estímulos estressantes pode ter tido portas reforçadas, janelas lindas nos seus lares e até hiper-segurança nos seus condomínios, mas a sua emoção se tornou terra de ninguém. Uma crítica ou decepção durante a superconvivência furtou a tranquilidade das pessoas e, aos poucos, roubou o prazer de viver. E é por isso que gerir e impugnar pensamentos negativos, elogiar filhos, maridos e esposas, e contemplar o belo nas pequenas coisas, como um simples jantar com o cônjuge durante a semana, tornou-se essencial para que casais que começaram em lindos namoros não terminem a sua história.Por que essa tendência deveria continuar também em um contexto pós-pandemia?Estamos vivendo o século das poucas relações presenciais, do excesso de estímulos digitais e das agressões gratuitas na internet. Se resgatarmos em tempo a nossa saúde mental e relações de qualidade, principalmente dentro de casa com aqueles que amamos, certamente teremos um mundo melhor.Leia também:- Criança Esperança tem grande show nesta segunda-feira (15)- 200 anos da Independência: Os arraiais que quase sumiram em Goiás