Com a pompa e circunstância de um baile com a presença da rainha da Inglaterra, Bridgerton estreou sua segunda temporada na Netflix. A série volta com mais dramas de alcova e fofocas do mundinho aristocrático da Londres do período da Regência (1811-1820).Porém, os novos episódios chegam com um novo status se comparados aos que lançaram a produção no Natal de 2020. De lá para cá, a série se tornou a segunda mais assistida da plataforma de streaming (era a primeira, mas foi superada pelo fenômeno coreano Round 6) e amealhou 12 indicações ao Emmy.O criador da série, Chris Van Dusen, diz que tentar manter a boa repercussão entre público e crítica não foi algo que o assustou. “Acho honestamente que sempre houve um sentimento de pressão sobre a série por sabermos que ela é inspirada em livros muito queridos, que já tinham fãs entusiasmados no mundo todo”, diz em entrevista, lembrando a obra de Julia Quinn.“As pessoas têm uma ligação muito forte e apaixonada por esses personagens”, afirma. “Essa pressão sempre existiu para mim. Eu sempre digo que podem vir com mais. A pressão funcionou na primeira temporada e acho que vai funcionar na segunda temporada também.”Não bastasse toda a expectativa sobre as novas aventuras amorosas dos irmãos da família Bridgerton, na qual a trama é centrada, o criador precisou lidar com outra questão: a ausência do protagonista que roubou a cena na primeira temporada. Isso porque Regé-Jean Page, que interpretou o duque de Hastings e enamorou meio mundo enquanto conquistava o coração da irmã mais velha dos Bridgertons, preferiu não renovar seu contrato. Daphne (Phoebe Dynevor) ainda aparece, mas com um tempo de tela consideravelmente menor – ela apenas cita o marido, que parece estar sempre muito ocupado para os eventos da família dela.“Acho que isso é o que faz Bridgerton ser Bridgerton”, avalia Van Dusen, lembrando que cada temporada é baseada em um dos livros da franquia, em que cada obra é centrada na história de um dos irmãos. “Foi justamente o que me atraiu no projeto, a possibilidade de mudar de foco a cada temporada.”Como já havia sido anunciado, o protagonista da segunda temporada será Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey), o filho mais velho e herdeiro do título de visconde. Se, na primeira temporada, ele cogitou abdicar da nobreza e viver sua paixão por uma cantora de ópera, dessa vez ele estará com os dois pés atrás com relação ao amor. “É uma trama completamente nova e incrivelmente diferente, mas igualmente excitante, sexy e escandalosa”, garante o criador. “Estou ansioso para que o mundo possa vê-la.”Nela, Anthony decide que finalmente é hora de se casar, o que deixa a mãe dele, Violet (Ruth Gemmell), muito feliz. Até ela perceber que o filho não está querendo um amor, mas simplesmente alguém que o ajude a cumprir com o dever de procriar. “Ele não tem a menor intenção de achar alguém que ele ame, quer um casamento sem amor envolvido”, adianta Gemmell. “Isso é algo muito doloroso para ela; então, ela não mede esforços para mexer os pauzinhos e agir por trás dos panos para mudar a situação.”Primeiro, Anthony vai se interessar por Edwina (Charithra Chandran), que parece uma jovem com todas as qualidades necessárias para ocupar o cargo de duquesa. Porém, ele terá de dobrar a irmã dela, Kate (Simone Ashley), que é brava e não o considera o homem ideal para a caçula. “Não é que a Violet acredite que Edwina seria uma péssima escolha para Anthony, mas quando ela perceber a falta de amor enquanto ele a está cortejando, isso a preocupa”, diz a atriz. “Já com relação a Kate, depois de algum tempo, ela vê que tem algo ali que poderia ser maior.”Van Dusen não esconde que será Kate, e não Edwina, quem mudará a forma de ver o mundo do visconde. “O arco da temporada é sobre cabeça versus coração”, avalia. “Kate e Anthony são como um espelho um para o outro nesse aspecto, ambos passaram pelas mesmas coisas.”“Ambos sentem muita responsabilidade e põem a família em primeiro lugar, inclusive acima deles mesmos”, explica. “Sempre existe muita afinidade entre pessoas que estão passando pelas mesmas coisas e lidando com os mesmos problemas.”Kate e Edwina, vale dizer, chegam como uma das novidades da temporada de bailes e festas da alta sociedade londrina retratada na série. A mãe delas, Mary Sharma (Shelley Conn), fazia parte desse círculo social, mas mudou-se para a Índia para viver um grande amor.Mesmo que não sejam muito bem-vistas pelos demais, elas são acolhidas por Lady Danbury (Adjoa Andoh). “Minha personagem tem um senso muito forte de certo e errado, e ela acredita que não agiu corretamente com Mary no passado”, explica Andoh.“Ela recebe as Sharmas em casa para se redimir e encara como desafio reestabelecer a reputação da Mary”, adianta. “Ela usa toda a sua influência para introduzir Edwina na sociedade e tenta suavizar as coisas para toda a família. Acredito que isso vem da culpa que ela sente por não ter defendido a amiga quando deveria; então, agora ele quer corrigir isso.”Outra linha importante da trama é a de Lady Whistledown (cuja voz é feita pela atriz Julie Andrews). A identidade secreta da fofoqueira anônima já foi revelada para o público no final da primeira temporada - trata-se de Penelope Featherington (Nicola Coughlan) -, mas não para os demais personagens.