Para a cantora goiana Camilla Faustino, a participação especial no <a href="https://opopular.com.br/noticias/magazine/toquinho-e-ivan-lins-voltam-aos-palcos-de-goi%C3%A2nia-para-celebrar-a-mpb-1.2417184">show de Toquinho e Ivan Lins</a>, em Goiânia, tem gosto especial. “Terra da gente sempre tem aquele aconchego diferente, com rostos conhecidos, família no gargarejo, comida caseira boa antes de entrar em cena. É sempre diferente cantar ‘em casa’ pela segurança que isso dá, mas ao mesmo tempo me cobro mais. O frio na barriga é maior”, explicou Camilla ao POPULAR.Ela conta que cresceu ouvindo e cantando, desde menina, Toquinho, Ivan Lins, entre outros ícones da MPB. Há seis anos ela <a href="https://opopular.com.br/noticias/magazine/acontece/toquinho-e-camilla-faustino-fazem-show-no-teatro-goi%C3%A2nia-1.2323494">canta com Toquinho</a> e já nem sabe mais se é ela que divide o palco com o artista ou se é ele que divide com ela.  “Poder participar desse novo formato, a convite de dois dos maiores nomes da MPB, é mais do que uma realização, é um sonho. São pessoas fáceis de lidar, com músicas boas de se cantar; então, acaba não sendo tão desafiador. É mais uma diversão do que qualquer outra coisa”, define.  Em 2020, a cantora lançou o belo dueto Rainha e Rei com Toquinho. “Conheci Camilla há uns sete anos, ela havia se destacado no programa do Raul Gil. Sempre interessado em novos valores, logo percebi o talento dela, a afinação, o timbre de voz que poderia se harmonizar com o meu e a desenvoltura de palco. Ela aceitou um convite para uma temporada de shows na Colômbia e de lá para cá tornou-se uma parceira que abrilhanta e valoriza o espetáculo”, explica Toquinho.  SAIBA MAIS •&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/noticias/magazine/a-vida-nos-prop%C3%B5e-renova%C3%A7%C3%B5es-diz-toquinho-1.2324635">“A vida nos propõe renovações”, diz Toquinho&nbsp;</a>  &nbsp;<div attr-cid="policy:Image_1.2417467" attr-version="policy:Image_1.2417467" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:Image_1.2417467" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'Image_1.2417467', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:Image_1.2417467">Imagem (Image_1.2417467)</a></div>

Camilla Faustino participa de show de Toquinho e Ivan Lins em Goiânia

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A voz definitiva do novo álbum do cantor e compositor João Caetano foi gravada em Goiânia, cidade que o artista escolheu por considerar essencial para sua expressão vocal e emocional. “Aqui eu me sinto como eu sou. Consigo extrair uma voz muito mais calma, muito mais tranquila e emocionada. Goiânia, assim como Goiás Velho e a Fazenda Buriti, traz para mim uma inspiração verdadeira”, ressalta o artista, que enxerga essa conexão com suas origens como elemento central na entrega vocal do novo disco. João se sente em casa no Up Music Digital Studio, onde gravou sob a direção do Léo Bessa, ambiente que contribui para essa atmosfera de autenticidade.

Durante o mês de maio, João Caetano esteve no estúdio, trabalhando ao lado de Luiz Cláudio Ramos, maestro e violonista conhecido por quase três décadas de parceria com Chico Buarque. “O Luiz tem uma sensibilidade impressionante para alinhar letra e melodia. Ele busca entender o compositor, a origem da obra, e isso trouxe verdade ao disco”, define Caetano. Segundo ele, cerca de 80% do álbum leva a assinatura do maestro, que mergulhou na história pessoal do artista, inclusive visitando locais ligados à trajetória dele, como a fazenda em Mossâmedes, onde João nasceu, e a Cidade de Goiás, onde passou a infância e a adolescência.

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Composto inteiramente por canções inéditas, à exceção de uma faixa, o álbum é descrito por João Caetano como um “mosaico” de ritmos, emoções e histórias. A seleção das músicas levou três anos e nasceu de diferentes momentos vividos, o que explica a diversidade de gêneros. “Tem baião, tem valsa, tem toada, tem xote e até guarânia. As composições são frutos de estados de espírito. Não há um eixo temático fixo, mas sim um reflexo de uma vida plural, como a minha”, resume.

Entre as 12 faixas do novo álbum de Caetano, duas se destacam por sua expressividade e contraste. Cartas Antigas ocupa o centro emocional do disco, inspirada nas lembranças das cartas enviadas por sua mãe, falecida em 2021 — uma composição marcada pela memória e pela saudade que foi muito bem traduzida pelo parceiro de composição Nasr Chaul. Em contraponto, Que Nem Quem Tem, com letra de David Izacc, traz leveza e ironia ao abordar, com deboche, as reações alheias a um relacionamento bem-sucedido, conferindo ao álbum uma vibração mais descontraída e bem-humorada.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/cia-nu-escuro-celebra-29-anos-de-estrada-com-a-apresentac-o-do-espetaculo-barbas-1.3272343" target="_self">Cia. Nu Escuro celebra 29 anos de estrada com a apresentação do espetáculo 'Barbas'</a></div>

Para João Caetano, o novo disco reafirma a beleza da canção feita com alma e respeito à poesia. “Nunca pretendi injetar nenhuma novidade na música brasileira. Quero registrar a inspiração que recebo aqui e dar a ela o melhor arranjo possível. A música atual virou, muitas vezes, apenas entretenimento. Em certos casos, as letras são abomináveis. A poesia voou, foi embora”, critica o artista, reforçando seu compromisso com um fazer musical mais profundo e significativo.

O novo trabalho marca também uma virada emocional na carreira de João Caetano, que aos 70 anos vê sua obra cada vez mais pautada pela memória e gratidão. “Pensei em chamar o disco de Memórias Afetivas, mas achei o título adocicado demais. Depois pensei em Mosaico, porque ele fala da variedade de ritmos e fases da minha vida. Esse disco representa uma vida inteira dedicada à música, ao prazer de transformar vivências em canções que tocam o coração das pessoas.” O novo trabalho do artista deve ser lançado no segundo semestre de 2025.

<h2>Lenda da MPB</h2>

Referência da música brasileira, com longa trajetória ao lado de Chico Buarque e outros grandes nomes da MPB, o instrumentista, compositor, arranjador, produtor e maestro carioca Luiz Cláudio Ramos volta a trabalhar com João Caetano, mais de 50 anos depois da primeira parceria entre os dois. “Cinquenta anos é uma vida, né?”, observa o maestro, feliz com o reencontro. Ele arranjou a música Roda Pega, do primeiro compacto do artista goiano, gravada em 1973 e premiada no festival Comunicasom, evento musical que marcou época em Goiânia nos anos 1970 e 1980.

Para o maestro, o amadurecimento de Caetano, tanto na composição quanto na interpretação, é nítido e se reflete de forma profunda no novo álbum. “Espero que nesse disco as pessoas possam conferir isso”, afirma. Luiz Cláudio apostou em uma sonoridade requintada e pouco explorada no cenário atual, com arranjos que incluem quarteto de cordas, sopros, flauta, clarinete e uma pequena banda. “A orquestra tem perdido muito espaço”, avalia, lamentando o afastamento do público desse tipo de estética. Ainda assim, revela o prazer de voltar a orquestrar com liberdade criativa: “Esse trabalho me deu muito prazer em poder exercer esse ofício, a arte da orquestração”.

Com uma visão crítica sobre os rumos da indústria fonográfica, o maestro destaca as limitações impostas pela redução dos investimentos nas gravadoras. “Existe um enxugamento muito grande. Vende-se muito menos discos”, observa, lamentando o desinteresse da mídia por músicas mais densas e emotivas. Apesar das dificuldades, Luiz Cláudio celebra os dias passados em Goiás como um alento: “Todos foram muito simpáticos e muito gentis. Foram dias muito felizes”.

<h3>João Caetano</h3>

Natural de Mossâmedes (GO), João Caetano é cantor, compositor e violonista, com carreira marcada por uma sonoridade que une raízes rurais e influências urbanas. Radicado no Rio de Janeiro desde 1984, teve projeção nacional com a canção Tá na Terra, tema da novela O Salvador da Pátria. Participou de festivais em Goiás nos anos 1970 e estabeleceu parcerias com nomes como Ivan Lins. Suas composições já foram regravadas por diversos artistas goianos.&nbsp;

João Caetano finaliza novo álbum em Goiânia e celebra fase marcada por memórias e maturidade artística

Novo canto de João

O escritor Antonio Cicero, um dos mais célebres poetas e letristas da literatura brasileira, morreu nesta quarta-feira (23), aos 79 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), o carioca fez história na literatura, poesia e na parceria com a cantora e irmã Marina Lima. Diversos famosos lamentaram a morte do escritor. Confira:

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<h2>Caetano Veloso&nbsp;</h2>

O músico escreveu em uma postagem no Instagram. “Cicero foi meu melhor amigo, a pessoa mais correta que conheci. O afeto de amizade mais límpido que se possa imaginar.” 
Caetano também disse admirar a coerência do amigo em escolher a eutanásia. “Ao acordar, fiquei sabendo de Antonio Cicero. Recebi mensagem dele, onde a coerência e a lucidez, que sempre foram características do meu amigo filósofo e poeta, impressionam, mas não desfazem a tristeza. (...) Marcelo, seu marido de tantos anos, deve entender minha tristeza e também meu orgulho pela coerência de Cicero.”

<h2>Lula</h2>

O presidente do Brasil também se pronunciou sobre a morte de Cicero em seu perfil no X (antigo Twitter). Lula celebrou o “poeta, letrista e filósofo” e prestou condolências à irmã do escritor, a cantora e compositora Marina Lima.&nbsp;Ele escreveu: “Muitos conhecem seus poemas pelas canções com a sua irmã, a cantora Marina Lima. Nesse momento de tristeza, meus sentimentos ao seu marido, a sua irmã e parceira Marina Lima, e todos os amigos e admiradores desse grande poeta”.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/magazine/morre-o-poeta-antonio-cicero-membro-da-abl-e-letrista-da-mpb-aos-79-anos-1.3190355" target="_blank">Morre o poeta Antonio Cicero, membro da ABL e letrista da MPB, aos 79 anos</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/antonio-cicero-e-eleito-imortal-da-academia-brasileira-de-letras-1.1325624" target="_blank">Antonio Cicero é eleito imortal da Academia Brasileira de Letras</a></div>

<h2>Marina Lima</h2>

A irmã do escritor foi breve em seu perfil do Instagram, publicando uma imagem de luto com o nome do irmão e seus anos de nascimento e morte (1945-2024). A postagem recebeu diversos comentários de amigos de Lima e Cicero.

<h2>Fernanda Montenegro</h2>

A atriz, que também é imortal da ABL, publicou uma foto sua com o escritor em seu story no Instagram e escreveu: “Melhor se guarda o voo de um pássaro do que um pássaro sem voos”, frase retirada do poema&nbsp;Guardar&nbsp;de autoria de Cicero.

<h2>Lilia Schwarcz</h2>

Outra imortal, a historiadora e antropóloga publicou uma foto de Cicero em seu Instagram para demonstrar como ele era “um exemplo de dignidade e independência”.&nbsp;Schwarcz escreveu na postagem sobre a vida e a carreira do escritor, lembrou sua formação em filosofia na PUC e seu exílio durante a ditadura militar. “Acaba de partir em um cometa luminoso o poeta e filósofo Antonio Cicero, que morreu como viveu: com elegância, independência, ética, autonomia.”

<h2>Adriana Calcanhotto</h2>

A cantora que gravou&nbsp;Água Perrier&nbsp;(1992) e&nbsp;Inverno&nbsp;(1994), de Cicero, se despediu do escritor em uma postagem em seu Instagram. “O mais inteligente, íntegro, nobre e belo”, escreveu Calcanhotto. “Sigo te amando, Cicero, doce príncipe, dorme em paz. Até mais.”

<h2>Heloisa Teixeira</h2>

A ensaísta e também membro da ABL celebrou a obra e o legado do escritor. “Antonio Cícero tinha uma extrema clareza e luminosidade em sua poesia, sua filosofia, sua vida e amizades obedeciam esse padrão. A precisão, a entrega destemida, a elegância radical. O poeta filósofo mais importante de sua geração. Desde que soube de sua morte, estou lendo seus poemas sem conseguir parar. E percebo que são poemas novos a cada leitura. Ele ficará para sempre.”

<h3>"Minha vida se tornou insuportável"</h3>

O escritor carioca Antonio Cicero escreveu uma carta de despedida que, a seu pedido, foi distribuída a amigos pelo seu marido, o figurinista Marcelo Pies.&nbsp;Criador do fardão trajado por Antonio Cicero em sua posse na Academia Brasileira de Letras, em 2017 (ele também assina os de Fernanda Montenegro e Gilberto Gil), Pies repassou a carta em que o poeta se despede dos amigos. Leia a íntegra:

“Queridos amigos, encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem. Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo. Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação. A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas –- senão a coisa mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los. Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade. Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”

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Famosos lamentam a morte de Antonio Cicero

LUTO

Considerado um dos ícones da MPB, o cantor e compositor Beto Guedes, que fez parte do Clube da Esquina, celebra os mais de 50 anos de carreira nesta quinta-feira (15), às 20h30, no palco do Teatro Goiânia. Com sua voz inconfundível e uma seleção de sucessos atemporais, ele vai fazer uma viagem emotiva por toda a sua trajetória. “A ideia é passar por várias fases da minha carreira, em um repertório com clássicos que marcaram a vida de muita gente”, destaca o mineiro em entrevista por telefone ao POPULAR.

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A turnê estava marcada para o dia 16 de maio, mas precisou ser reagendada pela organização do evento por conta de motivos de saúde do cantor. Os ingressos adquiridos antecipadamente continuam valendo nessa nova data. Para a apresentação, Beto Guedes montou uma banda especial para acompanhá-lo na estrada. O grupo é formado por Adriano Campagnani (baixo), Arthur Resende (bateria), Will Mota (teclado) e pelo filho Ian Guedes (guitarra). “São músicos de primeira e cada um com uma história própria”, comenta.

No repertório, Beto Guedes trará músicas que, até hoje, ecoam no imaginário e na memória afetiva de muitas pessoas. Amor de Índio, com sua melodia marcante e letras poéticas, é um hino à riqueza cultural e à relação com a natureza. Feira Moderna, que captura a essência vibrante e única do cotidiano brasileiro. Sol de Primavera, que evoca a beleza e a renovação das estações. Já O Sal da Terra é uma reflexão profunda sobre a humanidade e a importância do amor e da simplicidade. Talvez entre uma ou outra do Clube da Esquina.

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Beto Guedes não toca com muita frequência em Goiânia. O músico não recorda as últimas apresentações na cidade, acredito que foram “pouquíssimas”, mas uma que ele fez no início da década de 1980, ao lado de Milton Nascimento, nunca saiu da memória. “Fui poucas vezes, mas lembro especialmente de uma vez há muito tempo e que teve um problema, não foi muito grave, mas algumas pessoas ficaram feridas, acho que por conta da lotação, foi preciso parar o show até que tudo fosse controlado. Essas coisas ficam marcadas.”

A influência de Beto Guedes vai além de suas próprias composições; ele foi uma peça-chave no Clube da Esquina, um movimento musical que redefiniu a MPB nos anos 1970. Com sua participação ao lado de Milton Nascimento e Lô Borges, ele ajudou a criar um som inovador que mistura jazz, rock e música brasileira tradicional, marcando profundamente a história da música. Sua contribuição no grupo não só consolidou sua importância, mas também garantiu que suas composições continuem a ressoar com relevância e emoção.

“Fui convidado pelo Lô Borges para participar do disco, lançado em 1972. Eu tocava com ele canções dos Beatles e ele me chamou para gravar no Rio de Janeiro. Das 21 músicas do Clube da Esquina, toquei 19, praticamente tudo, participei com bateria, percussão, baixo e guitarra. Depois disso, consegui ter uma penetração maior nacionalmente na mídia, assinei contrato com uma gravadora, gravei discos, fiz minha carreira solo, música na trilha de novelas. Foi um trabalho que mudou a vida da gente para sempre”, comenta.

Nascido em Montes Claros, Minas Gerais, Beto Guedes foi criado em um berço musical, com um pai multi-instrumentista que fabricava seus próprios instrumentos, o que influenciou profundamente seu desenvolvimento artístico. Desde jovem, ele demonstrou uma habilidade excepcional para criar canções que capturam a essência da cultura brasileira, em especial o cancioneiro mineiro, combinando elementos tradicionais com influências modernas de forma inovadora. Além de ser um talentoso compositor, ele é também um arranjador renomado, cujas obras são reconhecidas pela sua complexidade.

A discografia de Beto Guedes é um testemunho de sua inovação e impacto na música. Seu álbum de estreia, A Página do Relâmpago Elétrico (1977), apresentou um artista com uma visão musical única. Em Amor de Índio (1978), ele consolidou sua identidade sonora com canções que se tornaram clássicos, refletindo uma profunda conexão com a cultura e a natureza brasileira. Um ano depois, Sol de Primavera (1979) ampliou ainda mais seu legado, trazendo uma nova dimensão à sua música com arranjos sofisticados e letras poéticas, que seguiram em Contos da Lua Vaga (1981), Viagem da Mãos (1984), Alma de Borracha (1996), entre outros.

<h4>Serviço</h4>

Show: 50 anos - Beto Guedes 
Data:&nbsp;quinta-feira (15), às 20h30 
Local:&nbsp;Teatro Goiânia / Av. Tocantins, esq. com Rua 23, Centro 
Ingressos:&nbsp;R$ 75 (meia-solidária) 
Informações:&nbsp;www.bilheteriadigital.com

Beto Guedes celebra 50 anos de carreira no Teatro Goiânia

Balada do mestre

“Quanto mais você conhece a música, mais arredia ela vai ficando”, confessou Chico Buarque de Hollanda em 1999 durante entrevista ao POPULAR. Na época, o artista esteve em Goiânia para o show de lançamento do espetáculo As Cidades. “Você não quer repetir, não quer fazer o que já foi feito... o know-how você tem, a técnica você tem, mas os caminhos vão se estreitando”, completou. Exatos 25 anos depois e ainda com gás para domar a música, o carioca completa nesta quarta-feira (19) 80 anos muito bem vividos na vida e nos palcos.

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&nbsp;

As palavras de Chico não envelhecem, seja em canções que ele escreveu há mais de 40 anos, como em Geni e o Zeppelin, seja em seus espetáculos imagéticos e cheios de sentido, com destaque para o grande Roda Viva (1967), que o lançou como dramaturgo, e Ópera do Malandro (1978). O artista chega aos seus 80 anos com uma obra que esbraveja a transformação de um país urbano, ora reprimido, ora libertário. Político, Chico também não deixa de falar sobre o amor.

A obra do artista constrói um retrato infindável do que é o Brasil e de como a MPB se transformou e o que ela é hoje. Dos tempos de A Banda, faixa 1 do disco de estreia de 1966, para Que Tal um Samba? ao Vivo, lançado no ano passado, Chico celebra a música e escreve a história, como em Construção (1971), Meus Caros Amigos (1976), Vida (1980) e o requintado O Grande Circo Místico (1983).

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“Teve um show assim, acho que foi em Goiânia, que eu estava no quarto do hotel e liguei a televisão para ver o noticiário. Tinha havido um problema com o teatro, não sei se a prefeitura não estava querendo ceder o teatro, um problema de ordem burocrática. Talvez não houvesse o show. Lembro do comentarista: ‘Chico Buarque está com mais de 50 anos, talvez ele nunca mais venha a Goiânia, vamos liberar esse teatro’. Eu com 52, 53 anos e eles achando que eu nunca ia voltar mais”, o artista contou durante uma entrevista para o Globo.

Chico sempre afirmou em entrevistas que é um artista que prefere os bastidores e, durante muito tempo, não se sentiu completamente confortável nos shows. O tempo acabou fazendo a aversão desaparecer, mas talvez isso explique as poucas vezes em que esteve em Goiânia. A última vez foi em 2007, quando o carioca tocou durante duas noites seguidas no Teatro Rio Vermelho a turnê Carioca, uma das mais celebradas daquela década.

De Goiás, Chico Buarque e seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda, ficaram encantados com o Dicionário Analógico da Língua Portuguesa - Ideias Afins, escrito pelo professor Francisco dos Santos Ferreira Azevedo, nascido na antiga Vila Boa. “Me ajudou no acabamento de romances e letras de canções”, afirmou o compositor, que também escreveu livros como Budapeste (2003), Gota d’Água (1998), Essa Gente (2019) e Calabar: o Elogio da Traição (2000).

<h2>Vida</h2>

Em 2023, enquanto fazia um show no Vivo Rio, na capital fluminense, o artista interrompeu seu show após ouvir um grito bolsonarista de “mito” eclodindo da plateia. Apoiador da campanha do presidente Lula (PT), o artista alertou sobre a extrema direita nos atos golpistas de 8 de janeiro e sempre reforçou a necessidade da democracia desde os tempos de ditadura militar, quando cantava Cálice, Apesar de Você e Deus lhe Pague.

Depois que sofreu insultos por um grupo de bolsonaristas, Chico não se sente mais tão seguro para circular no Leblon, bairro da Zona Sul carioca onde mantém um apartamento. Neste aniversário, o artista está em Paris, na França, onde tem passado parte dos meses do ano em companhia da esposa, a advogada Carol Proner, casados desde 2021.

Discreto, Chico nunca foi de esbravejar sobre a vida pessoal e seus amores e temores foram ditos e reafirmados por meio da música, literatura, cinema e teatro. Apaixonado pelo carnaval e amante do futebol, o carioca canta um Brasil magistral, regado a óperas e sambas, coros, cordas e acordes. Construtor dos sentidos, Chico celebra o tempo. “Vida, minha vida, olha o que é que eu fiz, deixei a fatia mais doce da vida, na mesa dos homens de vida vazia. Mas, vida, ali quem sabe, eu fui feliz.”

<h2>Oito vezes Chico Buarque&nbsp;</h2>

Confira oito discos do cantor e compositor disponíveis no streaming para comemorar os seus 80 anos&nbsp; 
 
Chico Buarque de Hollanda (1966) 
Estreia do músico, o vinil com 12 faixas foi o responsável por apresentar Chico Buarque e destacar suas composições poéticas e arrojadas em meio ao samba e MPB. Contém a canção A Banda, que compôs depois que rodou a Europa com a peça Morte e Vida Severina.

Construção (1971) 
As canções de Construção foram escritas nos períodos entre o exílio na Itália e a volta de Buarque ao Brasil. Com ferrenhas críticas ao regime militar, o trabalho marca a veia mais ácida e combativa sobre política, com destaque para músicas como Deus lhe Pague, Valsinha e Cotidiano.&nbsp;

Calabar&nbsp; (1973) 
No momento de maior peso da ditadura, Chico lançou o LP Calabar, com composições dele e Ruy Guerra criadas para o musical homônimo. A primeira tiragem foi retirada das lojas por ordem do regime dias após o lançamento. O trabalho foi reeditado com o nome Chico Canta.

Chico Buarque (1978) 
Músicas de protesto como Apesar de Você se tornaram algumas das canções mais populares de Chico. O disco vendeu mais de 700 mil cópias no Brasil depois que a censura liberou a música Cálice.&nbsp;

O Grande Circo Místico (1983) 
Compilação de canções de Chico Buarque cantadas por nomes como Gal Costa, Milton Nascimento, Tim Maia, Simone e Zizi Possi, o trabalho é a trilha sonora do musical criado pelo artista.

Francisco (1987) 
No trabalho, o compositor mantém parcerias com nomes como Edu Lobo, Vinícius Cantuária, Cristóvão Bastos e João Donato, com destaque para as músicas O Velho Francisco e Uma Menina.&nbsp;

Paratodos (1993) 
A capa icônica já ilustra a fase noventista de Chico, que tem parcerias com Tom Jobim, Francis Hime e Luiz Cláudio Ramos. Há choros, samba, bossa e MPB, como em Futuros Amantes e De Volta ao Samba.

Carioca (2006) 
Título que faz alusão ao apelido recebido pelo cantor quando foi morar em São Paulo ainda nos anos 1950, o disco inaugura a primeira produção independente de Chico, gravado pela Biscoito Fino.