Onde tem goiano, tem risada. A frase pode até parecer exagerada, mas a fama do bom-humor de quem nasce em Goiás e o jeito peculiar de relatar costumes já atravessou fronteiras. Apesar dos problemas relacionados à pandemia da Covid-19, o isolamento social fez explodir uma nova geração de influencers e humoristas goianos que têm como palco principal as redes sociais, em especial aplicativos focados em vídeos curtos e divertidos, como o TikTok. Fazer rir, achar graça do cotidiano e debochar dos outros (e, por muitas vezes, de si mesmo) têm sido a receita do sucesso da maior parte deles. “Tudo aconteceu de maneira bem natural. Por causa da pandemia, passei a ter mais tempo livre e comecei a gravar alguns vídeos para o TikTok. Até que um deles viralizou”, conta Luiza Cristina Rodrigues de Souza, de 20 anos, estudante de fisioterapia. Na internet, ela é mais conhecida como Piquizinha (@piquizinha no TikTok e @luizasouzalu no Instagram).A estudante, que atualmente vive em Goiânia, acumula mais de 670 mil seguidores no TikTok e mais de 9 milhões de curtidas em seus vídeos. Nascida e criada em Piracanjuba, os primeiros conteúdos foram postados no Facebook, fazendo graça das coisas da cidade, uma espécie de piada interna entre os moradores. “As pessoas se identificavam e gostavam muito, mas ficou nisso.” O ponto de virada foi em um vídeo, já no TikTok, no qual ela relatava que não entendia gente que toma banho sem “bucha” e dorme “sem tampar”.Foram milhões de visualizações, comentários e curtidas até que ela explicasse que, em Goiás, “bucha” é sinônimo de esponja e “tampar” é o ato de se cobrir, de usar coberta na hora de dormir. “A partir daí, comecei a fazer mais vídeos falando do nosso linguajar e dos costumes. Meu público é do Brasil inteiro, de todas as idades. Acho que o goiano tem essa coisas do carisma, de saber contar história de uma maneira engraçada”, explica a moça sobre o motivo do sucesso na internet, que já começou a ser rentável com publicidade e parcerias.Alguns elementos são comuns nessa nova safra de humoristas goianos. Em geral, todos buscam na inocência caipira, no modo muito específico de falar e na origem rural de Goiás a inspiração para fazer rir. “A galera de Goiás tem um jeito único, respeitoso e a maior parte, onde me incluo, sente orgulho da terra onde vive, da nossa simplicidade e do goianês”, explica Rafael Gomes, de 20 anos, que se define como “Du Faina made in Goiás”. O rapaz no Instagram (@ofaelgomes) tem quase 800 mil seguidores, e no TikTok (@ofaelgomess) quase 1 milhão e mais de 16 milhões de curtidas.Todos têm como ídolo - e alguns como amigo - o goiano Jacques Vanier, que com seu “I am bão e ocê?” conquistou a internet nos últimos anos. Em 2018, o POPULAR mostrou como o engenheiro goiano, radicado nos EUA, conquistou sucesso na internet mostrando os contrastes de um peão de Goiás na terra do Tio Sam. Um vídeo dele, com camisa xadrez e chapéu, pedindo pamonha, caldo de cana, pão de queijo e galinhada num drive thru de uma lanchonete americana foi um dos primeiros a fazer sucesso.De lá para cá, o sucesso do rapaz só aumentou e ele tem faturado como garoto-propaganda de diversas marcas. “Acredito que exista um jeitinho goiano de fazer humor, e acho que é isso que diferencia meu conteúdo, humor simples, sem apelação e verdadeiro, inspirado nas nossas próprias histórias”, explica. Não dá para assistir aos vídeos do goiano sem se lembrar da inocência e graça do contador de causos Geraldinho Nogueira, de quem o rapaz é fã confesso.“Minha bisavó tinha um CD dele e sempre colocava para eu ouvir os causos que ele contava. Também sou muito fã do Nilton Pinto e Tom Carvalho. Já tive a chance de gravar com o Tom e fiquei mais fã ainda”, explica o rapaz, que caminha para os 2 milhões de seguidores no Instagram (@jacquesvanier). O jeitão caipira revisitado e cheio de humor tem feito sucesso na rede e fora dela.-Imagem (Image_1.2174189)