Acostumada a acompanhar casos de crianças diagnosticadas com leucemia, a hematologista pediátrica Carolina Iracema de Oliveira Rego, médica do Hospital de Câncer Araújo Jorge, referência no tratamento da doença em Goiânia, fala ao POPULAR sobre a doença nessa faixa etária. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são justamente as leucemias, alvo da campanha Fevereiro Laranja, que alerta para a importância do diagnóstico precoce. A boa notícia é que as crianças costumam responder bem à quimioterapia. Confira trechos da entrevista:Leucemias são sempre mais graves em crianças?Não, pelo contrário. Geralmente a leucemia em crianças tem um índice de cura muito maior. Além disso, elas respondem melhor ao tratamento, uma vez que a maioria das formas de quimioterapia afeta as células que estão em desenvolvimento.Por que as leucemias são o tipo de câncer mais comum na infância?Como grande parte dos tumores diagnosticados na infância têm uma reprodução muito rápida - a célula do tumor se reproduz muito rapidamente -, a medula óssea, popularmente conhecida como a nossa fábrica de sangue, é onde algumas células sobrevivem apenas por algumas horas. Por isso, acaba sendo um alvo mais comum. É lá que se desenvolve a leucemia.Quais são os tipos de tratamentos hoje disponíveis?Atualmente existem vários tipos de tratamento. O mais convencional é a quimioterapia, seguido pelo transplante de medula óssea e o uso da blinatumonab, fármaco que vai atingir somente as células que contém o que chamamos de CD19 - e que, infelizmente, ainda não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Menos usada em pacientes mais jovens, temos ainda a radioterapia, que entra na lista de opções quando temos uma doença que atinge o sistema nervoso central.A leucemia pode, após curada, voltar a atingir o paciente?Sim, temos um índice de recidiva que gira em torno de 30%. Ou seja, de 100 pacientes, 30 vão acabar voltando para os centros especializados. E aqui, vale destacar as altas taxas de diagnósticos na infância: um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostrou que até o final de 2022 quase nove mil meninos e meninas devem iniciar essa batalha no Brasil - número que coloca a doença no topo do ranking de principais causas de morte entre os pequenos e torna ainda mais relevante o trabalho realizado aqui, na pediatria do Hospital de Câncer Araújo Jorge. Somos o único do Centro-oeste a tratar integralmente crianças e adolescentes, o setor atende anualmente mais de 4 mil com idade entre 0 e 18 anos.