Com programação ampliada, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) encerrou a sua 23ª edição no último domingo (5), na cidade de Goiás, após duas semanas de atividades de formação, rodas de conversa, debates, apresentações artísticas e mostras de cinema. O grande vencedor desta edição foi o longa documental Barragem (Rio de Janeiro, 2021), de Eduardo Ades, que recebeu o Prêmio Cora Coralina (melhor filme do ano).LEIA TAMBÉMDocumentário Barragem, sobre tragédia de Mariana, é o grande vencedor do Fica 2022 Fica 2022: confira a lista completa dos vencedores O festival é produzido pela Secretaria de Estado de Goiás (Secult Goiás) em correalização com o Sesc Goiás e voltou a acontecer no formato presencial após dois anos de restrições por conta da pandemia. Na programação cultural, que ocupou diversos pontos da cidade, a atração principal foi o show da cantora Vanessa da Mata, que aconteceu na noite de sábado (4), mas o grande destaque ficou para apresentações de artistas goianos e vilaboenses entre shows, mostras fotográficas, vocalização de poesia, teatro, feira de artesanato e exposições. Shows de bandas como Aurora Rules, Mundhumano, Grupo Vilaboa Samba Atoa, Nóys é Nóys e Super Jazz dividiram os palcos do Mercado Municipal e da Praça do Coreto com cantores como Cláudia Vieira, Thainá Janaína, Gabriel Lisboa, Manso, Bruna Mendez. Vinícius Moraes dos Santos, Gláucia Ribeiro, Murilo Ribeiro e Rosana Matias foram alguns dos que apresentaram vocalizações de poesias ao longo da programação. O Mercado Municipal também recebeu outras atrações culturais, como a exposição Carnavalesca, de Ataniel de Jesus; a apresentação do Grupo de Catira da Cidade de Goiás; a Orquestra de Violeiros: Um Patrimônio de Vila Boa; feiras de artesanato, gastronomia artesanal e artes visuais e rodas de capoeira. "Essa foi a edição do Fica com o maior investimento em ações culturais da história. Só da cidade de Goiás, foram selecionados 74 trabalhos artísticos", comenta o coordenador geral do festival, Wellington Dias. O superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura, Vitor Cadillac, destaca que uma das preocupações para esta edição foi que grande parte do orçamento fosse destinado a artistas e realizadores vilaboenses. "O 23º Fica é um festival que reforça sua relação com o território, que está sendo devolvido à população vilaboense e dando autonomia para os protagonistas desta história, que são os moradores da cidade de Goiás", diz.Além da mostra Becos da Minha Terra, destinada exclusivamente à produção da cidade, artistas e produtores vilaboenses participaram do restante da programação cultural de todo o evento. "O cachês dos artistas de outras linguagens culturais além do cinema totalizaram quase R$ 400 mil só para a cidade de Goiás — fora os cachês dos artistas de outras partes do Estado e o da Vanessa da Mata", aponta o superintendente. "O que antes era um evento que trazia várias atrações nacionais, que tomava grande parte do orçamento, agora se torna um festival que ainda privilegia a ideia de multilinguagens, mas sem se esquecer da importância do estímulo à economia local e a cadeia produtiva da cultura", continua.Tenda Multiétnica e ações formativasNa quarta-feira (1), dentro da programação da segunda semana de festival, foi inaugurada a 4ª Tenda Multiétnica, que foi instalada na Praça do Chafariz. O espaço recebeu atividades abertas ao público como debates, palestras, exibição de filmes e exposições fotográficas e de produtos. A tenda promoveu o encontro de povos tradicionais do Cerrado, que guiaram as discussões em torno de pautas dos povos indígenas, quilombolas e camponeses.A tenda recebeu um dos momentos mais esperados do Fica 2022 no sábado (4), com o diálogo Carreli-Krenak: Pontes entre a Tradição e o Futuro, conduzido pelo escritor e liderança indígena, Ailton Krenak, e o antropólogo documentarista, Vincent Carelli. "A agricultura familiar e camponesa e a segurança alimentar foram temas muito discutidos nesse Fica. E foi um assunto trazido também pelo Krenak, em uma fala sobre o pensar sobre a nossa soberania alimentar", comenta Wellington Dias. A primeira semana de festival foi dedicada às ações de formação, entre 24 e 30 de maio, com oficinas, debates, diálogos, palestras e minicursos que ocorreram na UEG - Cidade de Goiás, no auditório da Prefeitura e na Casa Coralina. "Uma das nossas propostas com esse primeiro momento de atividades era que as pessoas começassem a semana das mostras de filmes já familiarizadas com as temáticas das discussões propostas. E foi muito interessante ver como isso se deu de forma muito rápida. Pensamos que seria uma construção, mas já aconteceu agora, na primeira tentativa", comenta Wellington Dias. "Essa edição reforçou pilares essenciais do festival, como o meio ambiente e o ecoturismo, que são importantes para a preservação do território e do patrimônio da cidade de Goiás, além de colocar as pessoas para refletir sobre a sua relação com o mundo", aponta Vitor Cadillac. "O 23º Fica dedicou toda uma semana para uma programação que anteriormente ficava em segundo plano e que agora se torna parte da vitrine principal do festival", finaliza. -Imagem (1.2468743)-Imagem (1.2468742)-Imagem (1.2468741)-Imagem (1.2468737)