Uma campanha de conscientização para a doação de sangue realizada no colégio quando ainda era aluno do ensino fundamental marcou o professor Samuel Caetano, de 29 anos. Ele, no entanto, ainda não tinha a idade mínima para se tornar um doador. Logo quando completou 18 anos passou a doar, mas de forma esporádica. “Recentemente, a vontade de fazer as doações de maneira mais assídua cresceu. Acredito que o período da pandemia me mobilizou nesse sentido”, comenta.Em uma de suas idas ao Hemocentro de Goiás, no ano passado, Samuel foi convidado a fazer doação de plaquetas, já que se encaixava nos requisitos básicos. O processo é praticamente o mesmo, com a diferença de que o sangue coletado passa por uma máquina que separa os componentes do sangue por centrifugação, permitindo a seleção entre plasma, plaqueta, leucócitos e hemácias. Esse procedimento é chamado de aférese e o restante do sangue é devolvido ao doador.O professor não só topou, como se tornou um doador assíduo. Em 2021, Samuel realizou duas doações de sangue e 24 de plaquetas - limite máximo de doações anuais. Em 2022, ele já contabiliza 20 doações de plaquetas. “O processo inicial é muito semelhante ao da doação de sangue: entrego a documentação e realizo as várias fases da triagem, com a diferença que nesse momento tiram uma pequena amostra de sangue para verificação dos níveis de plaquetas, hemoglobinas, etc.”, explica.O ciclo que a máquina precisa realizar para realizar a separação de componentes é mais longo que uma doação de sangue, fazendo com que a duração do procedimento seja maior (cerca de 40 minutos para doação de sangue e de 1h30 a 2 horas para plaquetas). A aférese permite que uma quantidade maior de plaquetas seja coletada de um único doador, auxiliando em tratamentos de pacientes que necessitam de uma quantidade maior do componente, como no caso de hemorragias, transplantes, leucemias e outros tipos de câncer. “Mesmo sendo um processo mais demorado, é também muito recompensador quando pensamos que para formar uma bolsa de plaquetas precisaria de vários doadores de sangue”, observa.Por que doar?Uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. Em determinadas épocas do ano as campanhas de conscientização são intensificadas e mobilizam a população, mas os estoques dos bancos de sangue estão sempre abaixo do ideal. Em janeiro de 2022, o déficit da Rede Estadual de Hemocentros (Rede Hemo), que atende a demanda de sangue de 222 unidades de saúde em todo Estado, chegou a 41%. “Atualmente, os estoques apresentam déficit de 20%. O cenário mostra uma recuperação em relação ao auge da pandemia, graças à redução dos casos graves e melhores condições de saúde da população. Assim, mais pessoas estão disponíveis para doar sangue”, explica Ana Cristina Novais, diretora técnica da Rede Hemo.Leia também:- Com estoque baixo, Hospital da Mulher faz campanha para arrecadação de leite materno- Importância da doação de sangue- Hospital das Clínicas da UFG e Araújo Jorge promovem campanha de doação de sangueEla aponta que 96% das pessoas que doaram sangue no mês de julho foram voluntárias, motivadas pelas campanhas de divulgação. Entretanto, ainda existe o desconhecimento de grande parte da população quanto ao processo, segurança do procedimento e sobre os requisitos exigidos, impedindo que o ato voluntário se torne um hábito. Por que a restrição de peso? Quem tem tatuagem pode doar em algum momento? Fiquei gripado recentemente, posso doar? O POPULAR convida Ana Cristina Novais para esclarecer as principais dúvidas:Quem pode doarOs critérios básicos para se tornar um doador de sangue são: ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos precisam de autorização); estar em boas condições de saúde; pesar no mínimo 50 quilos; estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas); estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação) e apresentar documento com foto emitido por órgão oficial. E se a pessoa for de baixa estatura, mas estiver saudável? “O critério de peso independe da estatura do candidato à doação. Ele serve de parâmetro para avaliar a volemia (volume total de sangue). Estimamos que 7% do peso corporal é composto pelo sangue e essa avaliação visa preservar a segurança do doador”, esclarece a especialista. O intervalo mínimo para a doação é de 60 dias para homens e 90 dias para mulheres. Homens podem doar no máximo quatro vezes por ano e as mulheres três vezes. No caso da doação de plaquetas, uma nova doação desse tipo poderá ocorrer em até 48 horas e podem ser realizadas até 24 doações por ano. Somente mulheres que nunca engravidaram podem doar plaquetas. Quem não pode doar?Existem dois tipos de impedimentos para se tornar um doador de sangue: os temporários e os definitivos. No primeiro grupo, os principais são: gripe, resfriado e febre (aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas); período gestacional; período pós-gravidez (90 dias para parto normal e 180 dias para cesariana); amamentação (até 12 meses após o parto); ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação; exames/procedimentos com utilização de endoscópio nos últimos 6 meses; exposição a situações de risco acrescido para IST’s (aguardar 12 meses); contato com pacientes infectados ou com suspeita de covid-19 (aguardar 7 dias) e caso suspeito ou confirmado (aguardar 10 dias após a remissão dos sintomas). No caso de quem tomou alguma vacina, elas têm um período de inaptidão que varia entre 48 horas e 12 meses. Pessoas que fizeram tatuagem e/ou piercing nos últimos 12 meses também estão impedidas temporariamente de doar sangue. “Isso porque durante a realização da tatuagem existe o risco de contato com o vírus da hepatite e existe o período de janela imunológica”, esclarece. Piercing em cavidade oral ou região genital impedem a doação. Para a doação de plaquetas, o candidato não pode ter ingerido aspirina, AAS ou anti-inflamatórios nos três dias que precedem a doação. Somente mulheres que nunca engravidaram podem doar plaquetas.Já os principais critérios que impedem definitivamente uma pessoa de doar sangue são: ter passado por um quadro de hepatite após os 11 anos de idade; evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: hepatites B e C, Aids (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas; uso de drogas ilícitas injetáveis e infecção por malária. O procedimento é seguro?“Em todo processo de doação são avaliados parâmetros que garantam a segurança tanto do doador como do receptor do sangue”, afirma. Na triagem hematológica, são avaliados os sinais vitais, peso e altura. Já na triagem clínica, o profissional avalia o estado atual e o histórico de saúde do candidato, além dos seus hábitos de vida. “O objetivo é identificar situações que coloquem em risco o doador ou o paciente que irá receber o sangue. No laboratório são realizados testes sorológicos (chagas, HIV, hepatites B e C, HTLV e sífilis). O controle de qualidade analisa as condições de produção dos hemocomponentes, garantindo a segurança do receptor”, esclarece. Onde doarVeja onde encontrar a unidade de coleta mais próxima:Rede Hemo- Goiânia (coordenador) - Avenida Anhanguera, N° 5.195, Setor Coimbra.Funcionamento: segunda a sexta, das 8h às 18h e sábado, das 8h às 12hAgendamento: 0800 642 0457- Interior - Catalão, Ceres, Rio Verde, Jataí, Formosa, Iporá, Porangatu, Quirinópolis.Funcionamento: segunda a sexta, das 8h às 18hEndereços e telefones: www.hemocentro.org.br Banco de Sangue da Santa Casa - Rua Campinas, nº 1.135, Setor Americano do Brasil.Funcionamento: segunda a quinta, das 7h às 12h e das 13h às 16h | sexta, das 7h às 12h e das 13h às 15h.Agendamento: (62) 3254-4283, das 7h às 17h Hemolabor - R. 5-A, nº 90, Setor Aeroporto.Funcionamento: segunda a sexta, das 7h às 17h30.Agendamento: (62) 3605-6600 ou (62) 99822-0456 (WhatsApp) Ingoh - Rua 87, nº 598, Setor Sul.Funcionamento: Segunda a sexta, das 7h às 17h e sábado, das 8h às 12h Informações: (62) 3226-0200 Honcord - Rua T-35, nº 1941, Setor Bueno.Funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 16h30 e sábado, das 8h às 11h30. Informações: (62) 99245-8534 (WhatsApp) Instituto de Hemoterapia de Goiânia (IHG) - Unidade 1: Rua 7-A, nº 158, Setor Aeroporto | Unidade 2: Rua Silva Bueno, qd. 13, lt. 20/21, Jardim Nova Era (Aparecida de Goiânia).Funcionamento: segunda a sexta, das 7h às 12h. Agendamento doação de plaquetas: (62) 3219-7100.