Depois da trilogia A Grande Guerra do Cerrado, o escritor Beyle de Abreu Freitas mergulhou numa extensa pesquisa para a publicação do romance 1864 – Quando o Mundo Acabou, publicado pela editora Kelps e lançado recentemente em Goiânia. A obra se passa no cenário da Guerra do Paraguai, que durou de 1864 a 1870, após a morte do ditador Solano López, sendo o conflito mais sangrento da América Latina. “Este livro tem a pretensão de não deixar cair no esquecimento a bravura e a coragem dos homens que deram suas vidas na terrível Grande Guerra”, diz o autor na abertura do trabalho.O autor ainda explica que para essa tragédia seguiu uma linha com formato semelhante ao de uma ópera, no qual os mapas funcionam como cenário e os personagens caminham para o seu destino final dentro de uma vereda traçada pelos “horrores das batalhas”. Além disso, Beyle, que assina com pseudônimo A.F.Beyle, narra em 433 páginas, fatos históricos como o trágico destino dos prisioneiros do navio brasileiro Marquês de Olinda, cuja captura, pelo governo de Solano, é tida como o início da guerra que tinha de um lado o Paraguai e do outro Brasil, Argentina, Uruguai e os antilopiztas.Nas primeiras páginas, Beyle fala sobre um monumento aos heróis de Laguna nas proximidades de Monte Alegre de Minas, que presta uma homenagem a um grupo de soldados desconhecidos, de várias origens. A comitiva participou de uma expedição militar para expulsar as tropas paraguaias que ocupavam grande parte do Mato Grosso. Apesar dos percalços, como malária, fome e varíola, eles chegaram com perdas significativas do efetivo original em Laguna, no Paraguai, e bateram em retirada e quatro ou cinco dos sobreviventes chegaram na vila de Monte Alegre, cansados, doentes e sem recursos médicos.A Guerra do Paraguai foi o maior combate armado ocorrido na América Latina. Ao todo, entre militares e civis, morreram 440 mil pessoas. Segundo historiadores, o conflito teve início depois de brigas diplomáticas entre Brasil e Uruguai. Forças militares brasileiras foram enviadas ao país vizinho, sendo responsáveis pela destituição do presidente uruguaio Atanasio Cruz Aguirre. A incursão irritou Solano López, com quem Aguirre mantinha laços. O embate ganhou força após os paraguaios aprisionarem um navio do Brasil e invadirem o atual Mato Grosso do Sul, em represália à invasão do Uruguai.AutorEngenheiro, nascido em Uberlândia (MG), no antigo Sertão da Farinha Podre, hoje Triângulo Mineiro, Beyle vive em Goiânia desde 1968, com uma breve estadia em Brasília (DF). Trabalhou como executivo em empresas públicas e privadas, e se aposentou em 2012. Sempre escreveu em jornais, revistas e outras publicações. Desde 2017, o escritor se aventura em ficção, quando lançou o romance histórico A Grande Guerra do Cerrado passado nos primeiros anos de Goiás. Ele também já tem registrado na literatura goiana os livros Imagens do Cotidiano (2007) e Os Bandeirantes (2010).Beyle é um estudioso sobre os bandeirantes há mais de 20 anos, personagens que na literatura sempre despertaram polêmicas quanto ao título de heróis ou vilões. Em junho de 2016, o escritor lançou a primeira obra da trilogia A Grande Guerra do Cerrado, batizado de Kayapó, o Guerreiro do Céu. A par de contar a infância de Kukrit-krã, um jovem caiapó, o trabalho narra os primórdios da exploração de ouro em Minas Gerais e as novas descobertas em Cuiabá e Goiás, assim como suas consequências: a Guerra dos Emboabas, as rebeliões de escravos e colonos e as invasões francesas.No início de 2017, o autor lançou o segundo Mandinka, um Feiticeiro do Fim do Mundo. A obra faz um relato dos primeiros anos de Goiás, com sua interferência na vida dos nativos e a ação dos invasores, os brancos com seus escravos. A saga da família anhanguerina e as perseguições a que foi submetida. Fechando a trilogia, Marrano, o Caçador de Gente conta a história de um bandeirante, vivendo como capitão do mato para sobreviver. A ficção se passa no século 18, em um passado esquecido do Brasil, e mostra as invasões em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás que sofreram pela busca de ouro.Leia também:- Editor de fotografia do POPULAR é premiado no Goyazes Festival de Fotografia 2022- Gravada em Goiânia, série que retrata o feminejo estreia no dia 4 de agosto