Ela conquistou o Brasil expulsando o infiel de casa, dizendo que amante nunca vai casar e que o seu cúpido só traz lixo. Na nova safra de sofrência, a goiana Marília Mendonça – que volta a fazer show em Goiânia nesta semana no evento Inter (veja programação) – segue à risca a receita de sucesso dos discos anteriores no repertório do projeto Por Todos os Cantos, com o qual vem rodando o Brasil.O ponto alto segue sendo a dor de cotovelo, apesar de a vida pessoal da goiana ir muito bem, obrigado. A cantora de 23 anos assumiu recentemente que está namorado o também cantor sertanejo Murilo Huff.A sofrência, portanto, fica mesmo somente para a performance musical. Em Ciumeira, por exemplo, gravado em Belém (PA), ela diz que não quer mais dividir o amado. Em Bebi Liguei, que teve Natal (RN) como cartão postal, a artista canta que depois do porre parou no colchão dele e saiu arrependida.Em Todo Mundo Vai Sofrer, em Boa Vista (RR), narra um dilema comum na vida de muita gente: “Quem eu quero, não me quer/ Quem me quer, não vou querer/ Ninguém vai sofrer sozinho/ Todo mundo vai sofrer.” O novo DVD ainda não tem previsão de lançamento – ela já lançou um disco e um EP –, mas a turnê do projeto teve início em Goiânia na Pecuária e já passou por São Paulo no Festival Skuta. Em entrevista ao POPULAR, Marília disse que está no “melhor momento”, que não existe “rivalidade no feminejo” e que gosta de ser intitulada de “brega”. Confira.Como surgiu a ideia de gravar um DVD por todo o Brasil?Eu sonhei com esse projeto, já tinha desistindo de gravar DVD utilizando a mesma fórmula porque estava achando tudo muito igual e na maioria das vezes muitas músicas legais ficavam perdidas no repertório do disco. Isso porque a gente só conseguia trabalhar três ou quatro faixas e o restante ficava meio que de lado. Pedi a Deus uma luz para algo novo, fui dormir e acordei com uma ideia na cabeça. Sonhei que eu chegava numa cidade, sentava no banco de praça e começava a cantar e as pessoas se aglomeravam no local. Falei da ideia para minha equipe de produção e todo mundo topou. É um DVD muito caro, de verdade. Estamos gastando muito.Como está sendo a experiência de gravar em todas as capitais?Vem sendo uma experiência muito legal. Tenho certeza que evolui profissionalmente cerca de 20 anos durante todo o projeto, um crescimento humano maravilhoso. O contato com os fãs na rua está sendo incrível, tem muita gente que não acredita que sou eu que estou fazendo panfletagem do show pelas cidades. Em Goiânia, fiz isso na Rua 44 e foi uma loucura porque você não sabe se vai ter um resultado positivo porque não tenho ninguém fazendo marketing, é tudo de surpresa. Depois faço alguma coisa nas redes sociais. Enfim, ainda não sei se vamos conseguir lançar em 2019 porque às vezes aparece imprevistos por conta da minha agenda e vou tendo que adiar algumas datas, mas pretendo lançar até o final do ano.Você já passou por 12 cidades na primeira parte do projeto e mais quatro na segunda fase. Faltam ainda mais de dez capitais. Como foi o processo de escolha do repertório para a turnê?Muito difícil de fazer. A turnê Por Todos os Cantos conta com todas as músicas novas já lançadas, como a faixa Todo Mundo Vai Sofrer que antes mesmo de ser divulgada oficialmente se tornou um sucesso após a postagem de um vídeo amador do show em Boa Vista (RR) e chegou a mais de quatro milhões de visualizações. Acabei tendo que soltar a gravação antes. Além das composições novas inclui canções do DVD Realidade e do Marília Mendonça Ao Vivo, como Impasse e Silêncio. O show está a minha cara e cheio de sofrência porque ninguém vai sofrer sozinho. Fiquei feliz em começar em Goiânia na Pecuária, um dos palcos mais importantes do País.Qual a avaliação que você faz do seu atual momento?Estou no meu melhor momento da carreira. Me sinto mais madura para lidar com várias coisas que acontecem, aprendi muito com os erros, a ter mais paciência com o meu trabalho e a ouvir que tipo de repertório o público quer escutar agora. Com certeza é a minha melhor fase. Também passei a cuidar mais da saúde, parei de fumar, estou bebendo menos, perdi mais de 20 quilos e, sem contar, que a minha voz está cada vez melhor e o meu coração também. Tenho muito gratidão ao público porque sem eles não existira nada disso e sendo sincera não esperava tudo isso na música, tudo de maior que eu esperava não chega aos pés de tudo que está acontecendo na minha vida.Você é uma das cantoras que deu início ao movimento ‘feminejo’. Existe rivalidade?Não existe essa questão de rivalidade de carreira. Eu sempre fui muito abraçada por todas as meninas do sertanejo. Existem questões de eventos e escritórios, o que todo mundo sabe, mas ninguém quer ser melhor que a outra. Todo mundo torce pelo sucesso da outra.Muita gente classifica sua música como brega, isso incomoda você?Amo quando alguém me considera uma cantora brega porque é uma música que tem sentimento e tem tudo que eu gosto de escutar. Percebo que a minha música está atravessando muitas barreiras desde a época da faixa Infiel, no meu disco de estreia. Eu classifico como sertanejo porque é a minha raiz, mas com certeza tem muita gente que não pensa assim, e diz que é brega e romântico. A questão do brega é algo brasileiro. Estou ainda mais brega do que nunca com a produção do DVD Por Todos os Cantos e sou muito feliz de ser brega e de ser considerada brega. A música quando tem verdade ultrapassa qualquer barreira de estilo musical.