Uma das mais emblemáticas obras de realismo fantástico que comoveram o público brasileiro está de volta ao Globoplay a partir de segunda-feira: A Indomada. Escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares com direção de Paulo Ubiratan em 1997, a novela apresentou personagens que marcaram o imaginário popular. É o caso do misterioso Cadeirudo e da venenosa Maria Altiva, personagem vivida por Eva Wilma, que protagonizava muitas armações com o político Pitágoras (Ary Fontoura) e eternizou o bordão “Oxente, my god”.Aliás, a mistura dos costumes nordestinos e britânicos é uma marca da novela, já que a história se passa na fictícia Greenville, cidade do litoral do Nordeste ocupada pelos ingleses no século 19. A cidade foi muito rica no passado graças à produção da Usina Monguaba, mas a crise do açúcar e uma explosão na usina adiantaram seu declínio. Sem os ingleses e o açúcar, Greenville entrou em decadência, mas não perdeu a pose. Principalmente os Mendonça e Albuquerque, proprietários da Monguaba.A família jamais permitiria o envolvimento de uma “nobre” herdeira com um homem qualquer. Na década de 1970, Eulália de Mendonça e Albuquerque (Adriana Esteves) se apaixona por Zé Leandro (Carlos Alberto Riccelli), cortador de cana da usina de sua família. Os dois sofrem com a perseguição dos Mendonça e Albuquerque, e Pedro Afonso (Cláudio Marzo), irmão de Eulália, ameaça Zé Leandro de morte. O rapaz é obrigado a fugir, mas promete voltar um dia para buscar a amada, que está grávida. A criança nasce e é batizada como Lúcia Helena (Leandra Leal). Eulália passa a viver em segredo, fugindo do rancor do irmão e do veneno da cunhada, Altiva, mulher má e mesquinha. E divide com a filha a expectativa pela volta de seu marido.Por causa da influência externa, os personagens aparecem vestidos com trajes ingleses em pleno Nordeste brasileiro. O figurino de Pitágoras foi criado em homenagem ao ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, enquanto o do delegado Motinha (José de Abreu) foi inspirado no detetive inglês Sherlock Holmes, personagem de Arthur Conan Doyle. Outro personagem que se veste como um autêntico inglês é Richard (Flávio Galvão), proprietário do British Club. Já a vilã Altiva usa casaco de pele em pleno verão.Além de “Oxente, My God”, Altiva consagrou expressões como “Well!” e “Tudo all right”. Outros personagens também produziam pérolas linguísticas. Pitágoras, que tinha uma paixão platônica por Altiva e era cúmplice dela em golpes, vivia lançando “Excuse, pardon me, sorry, com licença”. Já o marido de Maria Altiva, Pedro Afonso, usava “Minhas apologias” para se desculpar por qualquer coisa. Eva Wilma conta que toda a quipe se divertiu muito durante as gravações. “Eu sempre me baseio muito no texto para fazer meus personagens e a Maria Altiva era muito divertida, irônica. Não gosto de fazer vilões mal-humorados. Acho que o vilão tem sempre uma característica que é o prazer da raiva. São personagens que têm muitos conflitos e colocam isso para fora. Com humor, então, é melhor ainda.”Sobre as expressões usadas por Altiva, a atriz lembra que, à época, uma jornalista do lhe me deu a dica do “Thank you very much, viu bichinho”. “Foi ela quem trouxe isso. Eu falei com Aguinaldo, ele aprovou. Tínhamos um diálogo infinito e esse prazer de inventar em cima. O público ainda fala comigo sobre a Altiva. Dentre tantas novelas e trabalhos, foi um grande destaque. O mais gratificante de tudo foi a reação do público, que, aliás, não ficou com raiva da Altiva.”