Suspensa em cabos de aço, a canoa carajá parece flutuar enquanto um rio feito de iluminação artificial incendeia toda a galeria do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (UFG). Interativo e de olho no futuro, o espaço localizado no Setor Universitário é o protagonista de hoje da série O Museu é Seu!. Centro de pesquisa, o órgão reúne um interessante e complexo acervo tanto arqueológico, com foco principalmente nas populações indígenas, quanto nos aspectos culturais que formam o povo goiano. O infinito relicário é ponto obrigatório para quem deseja conhecer a fundo as pesquisas antropológicas e o intercâmbio acadêmico entre diferentes pesquisadores brasileiros. Prestes a completar 50 anos, o que se dará em junho, o Museu Antropológico possui um acervo etnográfico abastecido entre os grandes conjuntos do País. Tem de tudo ali, desde exposições de fotografia e exibição audiovisual, até itens da história de Goiás, como cerâmica, adornos, utensílios, vestimentas e instalações interativas.Se você passar pelo museu hoje, vai encontrar a exposição permanente Lavras e Louvores, que há mais de dez anos ocupa as salas expositivas do espaço. “Foi criada toda uma narrativa antropológica para falar sobre a construção simbólica das identidades regionais: o conjunto de imagens, sentimentos, símbolos e objetos significativos da construção dessa identidade”, explica o diretor do espaço, o antropólogo Manuel Ferreira Lima Filho. Sob curadoria das antropólogas Nei Clara de Lima e Selma Sena, a mostra é dividida em duas seções: a primeira é Lavras, que dá luz ao aspecto do trabalho, força e ferramenta que se consolidam no imaginário dos povos do Brasil Central. Espécimes da flora da região, objetos cerâmicos, trançados indígenas, pontas de flecha, moedas, anéis. Tudo serve de pressuposto para a dimensão geográfica e natural das culturas goianas. Há ainda o Homem do Rio das Almas, fóssil humano datado de aproximadamente 7.500 anos.Na segunda parte da exposição, Louvores ganha o protagonismo expositivo ao apresentar a religiosidade e aspectos ritualísticos inseridos na cultura de Goiás. Painéis fotográficos mostram a natureza religiosa de festas como a Folia do Divino, o tambor da congada, a matraca, os chocalhos e apitos. Indumentárias completas e objetos de culto representam diferentes divindades, devoções e concepções mágico-religiosas das populações da região. Há também um conjunto de foliões do Divino e os dois cavaleiros – mouro e cristão – das Cavalhadas. IdentidadeA última sala expositiva impressiona. Toda revestida por espelhos e com fotografias de pessoas da região goiana, índios, negros, mestiços, brancos, habitantes de Goiânia e de zonas rurais convidam o visitante ao exercício de pensar as construções identitárias. “É uma exposição que nos leva a pensar o nosso lugar enquanto indivíduos de uma sociedade que está em constante transformação”, explica o diretor.-Imagem (Image_1.1802298)-Imagem (Image_1.1802299)-Imagem (Image_1.1802300)-Imagem (Image_1.1802301)