No dia 20 de novembro, marcado pela celebração da cultura negra no Brasil e pela reafirmação da luta contra a desigualdade e a discriminação, o Falas Negras mostra a história de brasileiros que são referências em suas áreas de atuação ou cujas trajetórias servem de inspiração para suas comunidades. Com recursos narrativos que exaltam a potência da mão de obra preta e provocam a reflexão sobre o impacto histórico do racismo no mundo do trabalho, o especial tem direção de Naína de Paula e Henrique Matias e vai ao ar na TV Globo, após Um Lugar ao Sol. Como fio condutor, estão cinco personagens que fazem a diferença e contribuem para o desenvolvimento do País, nem sempre com o devido reconhecimento. São histórias de caminhos trilhados com muita dificuldade, mas também atravessados por passos firmes que alcançaram grandes conquistas.“Decidimos fazer um Falas com um diferencial que é trazer para o primeiro plano personagens que celebrem a força do seu trabalho e de sua existência como negros. Apesar de a mão de obra negra ter construído a riqueza desse país, essa riqueza nunca foi partilhada de forma justa com o povo preto. Se mudarmos no presente essa condição, se criarmos um novo imaginário, a partir do qual a pessoa preta possa ser o que quiser, sem nenhum tipo de julgamento, com certeza teremos um outro futuro”, afirma Naína.O Falas Negras conta as histórias da chef pernambucana Negralinda, do pedreiro baiano Geomar Rabelo, da professora mato-grossense Ana Fernandes, do produtor audiovisual gaúcho Cryston Rodrigues e da médica carioca Fátima Oladejo. Todos dão seus depoimentos em gravações realizadas nas cidades onde vivem. “São personagens muito fortes, com histórias desafiadoras e inspiradoras. A partir do cotidiano dessas pessoas a gente reflete sobre o nosso presente, sem esquecer de como o passado nos trouxe a essa atual condição de desvantagem. Também apontamos para o futuro, um futuro que deve ser feito e narrado por pessoas pretas”, acrescenta Henrique.Se o presente é retratado com o mergulho nessas cinco histórias de vida, ao tratar do passado, o especial convida o público, por meio de um experimento social, a refletir sobre a persistência de um imaginário que, geralmente, relaciona pessoas negras a profissões de salários mais baixos e de pouco reconhecimento. Por fim, o programa vai contar com um momento que mira outras perspectivas daqui para a frente. Pensando em uma justa representação da população negra, dez artistas plásticos negros farão uma participação especial, garantindo a surpresa dessa edição. A convite da produção, participam voluntariamente os artistas Cety Soledad, Del Nunes, Diego Mouro, Kika Carvalho, Lidia Viber, Marcos da Matta, Mariana Sguilla, Marlon Amaro, Mulambö e Robinho Santana. Essa parte das gravações terá como cenário a exposição Yorùbáiano, do artista visual Ayrson Heráclito, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro. No museu também será captada uma performance musical entre Alcione e o cantor e compositor carioca Caio Prado, em uma parceria inédita e exclusiva para o especial. Os dois cantam juntos a música Não Sou Teu Negro, composição de Caio que embala a abertura e marca a trilha sonora do especial. A canção, um manifesto antirracista, foi lançada no ano passado justamente no Dia da Consciência Negra.Em Falas Negras, assim como na primeira edição, além dos personagens do especial, a equipe é majoritariamente formada por pessoas negras. “Temos de pensar não só em pessoas pretas contando suas próprias narrativas, mas como narradoras do mundo também. Se narrar é construir mundos possíveis, universos compartilhados, só com pessoas pretas narrando, teremos uma nação dentro dessa terra”, acredita Naína. O especial também será exibido nos canais por assinatura GNT, dia 22, à meia-noite, e no dia 26 no Canal Brasil, às 19h10.