Do ciclo do ouro ao neoliberalismo. Os desafios de uma sociedade coletiva e sustentável. Histórias de artistas de todas as partes do mundo radicados em Berlim (Alemanha), mas que não se identificam com seus países de origem. O episódio do césio 137 em Goiânia. Diversas são as narrativas apresentadas nos filmes, entre curtas e longas-metragens, selecionados para a Mostra Washington Novaes, a mais significativa do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica).Desde que o evento começou, nesta semana, que debates sobre meio ambiente e projetos de formação tomam conta dos pontos de cultura da cidade de Goiás. Em sua 23ª edição, o Fica em 2022 tem como eixo central o tema Meio Ambiente e Saúde: Onde Estamos e para Onde Vamos. Pela primeira vez realizado ao longo de duas semanas com agenda formativa e mostras competitivas, o evento é produzido pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás), com correalização do Sesc Goiás.A partir da próxima semana, o Fica abre a programação para as quatro mostras competitivas audiovisuais: Mostra Washington Novaes, com filmes de todos os cantos do mundo; Mostra do Cinema Goiano, específica para o cinema feito em Goiás; Mostra Becos de Minha Terra, para a produção da cidade de Goiás; e Mostra de Videoclipes, com foco no formato videoclipe. Ao todo, são mais de 50 produções, entre animação, ficção, documentário, videoclipe e videoarte exibidos ao longo de cinco dias de mostras.“As produções abrem diálogo, mais do que nunca, para o conceito contemporâneo de meio ambiente. São novas discussões, pautas e olhares para a temática, principalmente por conta da pandemia”, explica o coordenador geral do Fica, o produtor Wellington Dias. Na terça-feira (31), quando terá início as mostras no Cine Teatro São Joaquim, a maratona audiovisual mostra como cineastas e artistas de todo o mundo têm tratado a temática de meio ambiente e saúde.Para a Mostra Washington Novaes, o júri selecionou filmes, entre curtas e longas, que trazem a reflexão: Quem Somos no Território que Podemos Habitar? São, ao todo, 21 obras que fazem conexões com paisagens, sotaque e línguas, temáticas e diversidade de poéticas. Há, por exemplo, o longa-metragem Kombinat (Suíça, 2020), do diretor Gabriel Tejedor, que apresenta o dia a dia de personagens em uma das maiores fábricas de ferro e aço de Magnitogorsk, cidade no coração da Rússia.Por outro lado, a mostra também traz à tona discursos brasileiros, como no curta-metragem Castanhal (Amazonas, 2020), de Marques Casara e Rodrigo Chagas, que retrata um dos últimos elos de resistência da floresta amazônica: as comunidades coletoras de castanha. São famílias que vivem a até cinco dias de barco de Boca do Acre, no Sul do Amazonas. O curta foi o vencedor do prêmio de melhor filme pelo júri popular da Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental.De acordo com o texto curatorial do júri de seleção, que tem como presidenta a pesquisadora e doutora em Estudos Artísticos Jô Levy, a banca levou em conta um conceito expandido de meio ambiente, capaz de abrigar diversos territórios, como a natureza, a cidade, a casa, a memória, a ancestralidade, os saberes e o corpo. “Na medida em que a relação que mantemos com o lugar ao qual pertencemos é constitutiva da nossa identidade, esse lugar que nos possibilita estar no mundo também se estabelece como espaço simbólico, dimensão de convivência e reconhecimento, território de disputas”, aponta.Goiás Entre os filmes selecionados para a Mostra Washington Novaes, quatro são goianos: os longas De Onde Viemos, para Onde Vamos (2021), de Rochane Torres, e Para não Esquecer (2022), de Gabriel Leal; e os curtas Goyania - Outubro ou Nada (2022), de Uliana Duarte, O Dente do Dragão (2022), de Rafael Castanheira. As produções apresentam diversas perspectivas e cenários sociais, ambientais e históricos de episódios goianos.Em O Dente do Dragão, que estreou em fevereiro dentro da programação do Festival Internacional de Cinema de Berlim, o cineasta Rafael Castanheira cria um experimento audiovisual com imagens de outros filmes, a exemplo de O Trem de Ferro (1980), de Mário Kuperman, para falar sobre o acidente do césio em Goiânia. Já em De Onde Viemos, para Onde Vamos, a cineasta Rochane Torres dá enfoque à Aldeia Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal (TO).Todas as produções selecionadas para as mostras competitivas receberão um valor pela sua exibição, sendo R$ 4 mil para os longas-metragens, R$ 3 mil para curtas e médias-metragens e R$ 2 mil para os videoclipes. Pensando na valorização da produção local, foi anunciado o valor de R$ 107 mil destinados para os goianos nas premiações do Fica 2022, divididas entre as mostras Washington Novaes, Becos da Minha Terra, Videoclipes e Cinema Goiano.Carnaval fora de épocaAs mostras competitivas de cinema e vídeo podem até começar a partir do dia 31, mas neste final de semana o Fica toma conta da cidade de Goiás. Ao longo deste sábado e domingo (28 e 29), o festival promove uma espécie de carnaval fora de época no Mercado Municipal, durante toda a tarde, com apresentações de cinco escolas de samba e blocos de carnaval em ação conjunta com bares e restaurantes que servirão comida ligada ao universo do samba como feijoada e comida de boteco.Os artistas Peninha e João Henrique cantam os maiores sucessos da MPB, a partir das 17 horas, na Praça do Coreto, seguidos por Emerson Cordeiro e Marcos Jardim. Já no Mercado Municipal, quem segue com a programação do sábado são as cantoras Ingrid Lobo e Paula Bernardes, e, em seguida, a banda Aurora Rules. Já no domingo, quem encerra a agenda musical da semana é o músico Rafael Guerreiro, que apresenta o show Eu, a Viola e as Estrelas, também no Mercado Municipal. Todas as atrações são gratuitas. Maratona do cinema goianoUma das mostras competitivas mais queridas pelo público do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), a Mostra do Cinema Goiano em 2022 apresenta 16 filmes lançados entre 2021 e 2022 que celebram a safra de produções filmadas em Goiás. São obras audiovisuais que falam, sob diferentes perspectivas e poéticas, sobre narrativas a respeito do Estado, com seus dilemas, paisagens e particularidades que fazem o povo goiano. Em O Retrato do Mal (2021), os diretores Márcio Jr. e Márcia Deretti criam uma narrativa baseada nos quadrinhos de Jayme Cortez para contar as desventuras do personagem Gascon. Já no experimental Por Dentro [Goiânia] (2021), de Larry Machado e Gustavo Silvestre, corpo e cidade se fundem nas paisagens da capital goiana, sempre em movimento, entre ruas, praças e avenidas. Já no documentário Ritual Sagrado Kuarup: Entre o Luto e o Recomeço (2022), a diretora Rosa Berardo apresenta o dia a dia da comunidade Kamayurá durante a preparação do ritual Kuarup. Além da Mostra do Cinema Goiano, o Fica também abre uma janela para filmes produzidos pela própria comunidade vilaboense. Durante a Mostra Becos de Minha Terra, 10 filmes discorrem sobre a diversidade poética presente na cidade de Goiás, com suas temáticas específicas e paisagens que transitam entre documentário, ficção e experimental, a exemplo de Rio de Memórias (2020), de Gleidson de Oliveira Moreira, e Bordando Cidadania (2022), de Vincent G. Gielen. Dá play no videoclipe! Ancestralidade, fé e devoção constroem Oya Ê, videoclipe de Naná Martins que integra a Mostra de Videoclipes do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). Com 12 filmes sonoros selecionados pelo júri de seleção formado por Raphael Gustavo, Guilherme Aguiar e Guilherme Moura, a segunda edição da mostra celebra os mais diversos gêneros musicais que estalam em Goiás, como o rock, a MPB e o pop. Uma das novidades da última edição do festival, os videoclipes destacam as diferentes linguagens do audiovisual. No Fica, a criação de uma mostra competitiva específica para o clipe brasileiro reforça o amadurecimento e fortalecimento do cinema realizado em todo País. Expandir o conceito de cinema e vídeo, olhar para um novo mercado do audiovisual e possibilitar a realização de diferentes linguagens cinematográficas são justificativas para a criação da Mostra de Videoclipes. Dentro da mostra o espectador poderá conferir, por exemplo, o videoclipe de Sair Por Aí (MT), de Pedro Cardoso e Natália Terra, dirigido por Marcelo Sant'Anna. Entre os goianos estão: Você Não Pode se Curvar, da Monday Riders, com direção de Jairo Resenrods, Dearly Beloved, dirigido por Isaac Brum Souza, e Contramão, de Kelvy Alves e Sandro Almeida. Voz de ouroPara o próximo final de semana, é a vez da cantora Vanessa da Mata encerrar a programação musical do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). A artista faz uma apresentação na cidade de Goiás no dia 4 de junho, com um repertório que passeia entre seus principais hits, a exemplo de Ai, Ai, Ai, Não Me Deixe Só, Amado e Nossa Canção. A matogrossense também aproveita para apresentar as faixas de seu último disco lançado, Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina, de 2019.-Imagem (Image_1.2463565)-Imagem (Image_1.2463566)