Até há pouco tempo, o produtor gráfico Carlos Fernandes Júnior, 47, ainda guardava com carinho o ingresso do show da Guns N’ Roses de 1992, no Estádio Anhembi, em São Paulo. Na época, o goiano então com seus 17 anos enfrentou mais de dez horas de ônibus, em caravana lotada, para chegar à capital paulista e ver seus ídolos de perto. “Coloquei o ingresso na carteira e não tirei mais. Certo dia, eu percebi que ele tinha despedaçado com o tempo. O que ficou mesmo foram as boas lembranças”, conta.No início dos anos 1990, Axl Rose, Slash e Duff McKagan estavam na crista da onda: já haviam lançado grandes hits da carreira e estavam em turnê com o trabalho Use Your Illusion I e II (1991), responsável pelos sucessos Don’t Cry, Perfect Crime e Knockin’ on Heaven’s Door. “Foi uma oportunidade única. Só quem viveu sabe. Agora, 30 anos depois, retorno ao show da minha banda preferida e o melhor: na minha cidade. Não tem como não ir”, conta Carlos Fernandes Júnior.Desde que a banda divulgou o show em Goiânia que o produtor gráfico já garantiu o ingresso e, de quebra, ainda levará o filho, Carlos Fernandes Neto, 28, para compartilhar o momento juntos. Para o goiano, é a realização de um sonho. “Apesar de todos estarem mais velhos e o Axl não ter mais aquela voz de outrora, já que a idade tira a juventude da voz, a energia será a mesma. Tenho certeza que eu, meu filho e todos que acompanham a banda vão cantar juntos o repertórios de clássicos que o grupo mantém em sua história”, opina o fã.O sentimento de saudosismo e de pertencimento do espírito do rock também é mantido pela farmacêutica Josiane Faria Brito Itagiba, 39, que vai ao show junto ao marido, o empresário Henrique Constante Itagiba, e a filha Elisa, de 16 anos. “Nós escutamos essas bandas por meio dos nossos pais, nossos tios, e sempre gostei, escuto ainda hoje com meu esposo. O desafio agora é perpetuar esse legado para os nossos filhos, por isso resolvemos levar a Elisa. Será a primeira vez que ela estará em um show na vida. Só assim o rock será perpetuado”, explica Josiane.Um dos maiores clássicos da Guns N’ Roses, Sweet Child O’ Mine, que acumula mais de 1 milhão de acessos no Spotify, foi a música tema do casamento de Josiane e Henrique. Por diversas vezes, as canções do grupo californiano estiveram presentes na vida do casal. Assistir ao show da banda favorita em Goiânia é algo que a farmacêutica só conseguirá explicar após o show. “Nós vamos com uma turma de amigos, que também levarão seus filhos. Depois de Guns, outro grupo que sonhamos ver o show é o da U2”, revela Josiane.PatricinhaNem só os roqueiros de carteirinha estão entusiasmados com o show da Guns N’ Roses em Goiânia. A servidora pública Camila Cibin Zamboni já adianta: “Sou uma patricinha do rock”. A goiana conheceu o grupo por meio do irmão quando ainda eram adolescentes. “Ele e os amigos tinham uma banda e tocavam muito Guns. Eu chorei quando soube que eles viriam pra cá e depois fiquei desesperada com medo de não conseguir comprar o meu o ingresso front stage”, diz. Para ela, o que não pode faltar no show são os agudos de Axl e os solos do Slash.“Quem olha para mim acha que eu sou fã de tik tok, por exemplo, mas não. Digo que sou patricinha no meio do rock porque eu só me visto como uma patricinha, mas tenho bom gosto musical”, brinca Camila. De acordo com a goiana, o rock é atemporal e atravessa gerações. “Os roqueiros são ótimos e não faltam com respeito com as mulheres, como acontece, por exemplo, em shows de alguns estilos musicais”, argumenta.Goiânia Rock City“O Guns N’ Roses permanece como a minha banda favorita e abriu as portas do mundo do hard rock para mim”, aponta o professor de História da Universidade Federal de Goiás, Hugo Rincon, 33, que conta as horas para assistir mais uma vez a banda ao vivo nos palcos. O goiano já teve a oportunidade de ver o grupo por duas vezes em Brasília: em 2014, quando a banda era integrada por Axl Rose e o tecladista Dizzy Reed como remanescente das formações originais, e em 2016, já com o retorno do Slash e de Duff à banda.“Creio que nada se compara com a oportunidade de ver a minha banda favorita na minha cidade, num lugar com tamanha relevância histórica e sentimental para mim, como o Estádio Serra Dourada”, diz. Rincon faz parte da geração de goianos que acompanhou a ebulição do movimento chamado Goiânia Rock City: viu de perto o crescimento dos festivais de rock, como o Goiânia Noise, Vaca Amarela e Bananada, e também assistiu à explosão de bandas do gênero na cidade. Já tocou em diversos grupos da capital, a exemplo da Jackie 's Knife e No Cowboys. É, como dizem, uma testemunha participativa da história do rock goiano.Rota internacionalGoiânia pode não estar entre as capitais brasileiras que mais recebem shows internacionais, mas já foi palco de algumas apresentações que marcaram época. A última vez que uma atração mundial pisou em solo goiano foi o ex-beatle Paul McCartney, em 2013, na turnê de Out There!, também no Estádio Serra Dourada. Durante a apresentação, o inglês foi "atacado" por louva-deuses enquanto cantava seus clássicos atemporais no piano.A capital também já recebeu astros como a diva oitentista Cindy Lauper, em 2011, Demi Lovato, no Villa Mix Festival, em 2017, a Scorpions, em 2008, e Deep Purple, em 2003. Outros nomes que também passaram por Goiás nos últimos anos foram o sir Elton John, em 2014, e Alanis Morissette, em 2012. Na década de 1990, a cidade recebeu ninguém menos que A-Ha, em 1991, e Shakira em 1996, durante sua primeira turnê internacional. Leia também: É hoje: show do Guns N’ Roses promete fazer história em GoiâniaVai no show do Guns N' Roses em Goiânia? Saiba tudo sobre acessos, ingressos e horários-Imagem (1.2527239)-Imagem (1.2527243)