Os últimos registros da cantora Marília Mendonça antes do acidente foram reunidos em um vídeo publicado em sua conta no Instagram uma hora antes da queda do avião da empresa PEC Táxi Aéreo, que a levaria de Goiânia para Caratinga (MG).O avião decolou por volta das 14h30 do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, com destino a Minas Gerais, onde a cantora faria shows neste fim de semana. A publicação na rede social mostra Marília em momentos antes da decolagem e destaca as expectativas para desfrutar da culinária mineira.De acordo com os Bombeiros, o avião caiu em uma cachoeira em Piedade de Caratinga por volta das 15h30, a 2 quilômetros da pista onde faria o pouso. Além da cantora, outras quatro pessoas que estavam na aeronave morreram. Entre os passageiros, as vítimas foram Henrique Ribeiro, assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias, tio e assessor. Da tripulação, as vítimas foram Geraldo Medeiros e Tarcísio Viana, piloto e copiloto.As mortes de todos os tripulantes foram constatadas ainda no local. Apesar de já estar confirmado que o avião colidiu com uma antena de energia elétrica da região, as causas do acidente ainda não foram divulgadas.Aeronave O avião bimotor que transportava Marília Mendonça e a equipe era um modelo King Air C90A, fabricado pela empresa norte-americana Beech Aircraft (confira o quadro). A fabricação do modelo é feita desde a década de 1970 e o exemplar específico, de prefixo PT-ONJ, é de 1984.Os 37 anos de operação não significam que o avião era velho. É o que explica Salmen Chaquip Bukzem, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).“Apesar de parecer que isso é muito tempo, para a aviação não é. Depende muito das horas de voo, das manutenções. As documentações da aeronave indicam que estava tudo em conformidade”, avalia Burkzem, que é ex-militar da Força Aérea Brasileira, já tendo participado de investigações sobre acidentes de avião.O piloto Tony Andrade tem experiência pilotando aviões do mesmo modelo do acidente. Para Tony, a aeronave é uma das mais confiáveis da categoria e sempre a viu como muito segura. “Um avião muito dócil de pilotar, confiável, te passa muita segurança”, relata o piloto.Uma das características mais atrativas da aeronave é a versatilidade. “É utilizado em vários segmentos da aviação, por fazendeiros, por políticos e cantores”, conta Tony. Além de conseguir fazer pousos e decolagens em pistas de todos os tipos, incluindo terra e grama, o sistema de navegação do avião permite voos em condições adversas de visibilidade, seja durante a noite ou com neblina.As investigações sobre o acidente já foram iniciadas pela Polícia Civil, mas a perícia final começará a ser realizada na manhã deste sábado (6) pelo Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 3), localizado no Rio de Janeiro (RJ), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Oficialmente o órgão diz que irá apurar todas as hipóteses.A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) divulgou nota informando que o avião bimotor que transportava Marília atingiu um cabo de uma torre de distribuição da empresa. Apesar disso, o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Ivan Lopes Sales, diz que a questão não explica a razão do acidente. “Agora, é fato que há destroços de uma aeronave que sugerem que ela tenha colidido com a antena”, pontuou em coletiva de imprensa.“Na ação inicial, os investigadores identificam indícios, fotografam cenas, retiram partes da aeronave para análise, ouvem relatos de testemunhas, reúnem documentos, etc”, explica o Cenipa sobre o protocolo de investigação. Segundo o órgão, não existe um tempo previsto para as atividades serem finalizadas.Para Bukzem, professor da PUC-GO, a investigação sobre o acidente será desafiadora. Ele, que já fez parte de equipes de investigação do Cenipa quando era da Força Aérea, explica que a categoria do avião não tem caixa preta de gravação de voz e nem de dados de voo. “Vai ter que ser feito uma perícia in loco”, explica.Pouso de emergênciaA região em que o avião que transportava Marília Mendonça é considerada difícil por pilotos, Salmen Chaquip Bukzem, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC-GO diz que por ser um terreno montanhoso, não há muitas opções para pousos de emergências. Salmen diz que o local em que o avião caiu, uma cachoeira, estava entre os menos favoráveis, por ser rochoso e aumentar o impacto. “É uma região em que fazer um pouso forçado tem consequências imprevisíveis”, explica.O piloto Tony Andrade diz que, como piloto, não consegue apontar se existiria uma melhor opção. “A gente sempre opta por não julgar, porque não dá para saber quais foram os problemas que eles estavam enfrentando. Conheço a pista e não sei falar se teria outras saídas”, considera Tony.Em nota, a PEC Táxi Aéreo diz que lamenta profundamente o acidente e que está colaborando com as investigações. Sobre a operação de voo da aeronave, a PEC diz que o avião envolvido no acidente era devidamente homologado para transporte aéreo e estava “plenamente aeronavegável”. Diz ainda que a tripulação tinha grande experiência de voo e estava devidamente habilitada. Acrescenta ainda que as condições meteorológicas eram favoráveis. -Imagem (1.2349543)