Revelação do rap nacional e dona de uma poderosa voz, Cynthia Luz, 28, é uma das atrações que integram o line up do Cerrado Rock Festival, que acontece neste sábado (20), na esplanada do Centro Cultural Oscar Niemeyer. Além da rapper de São Paulo, o evento traz nomes como o grupo goiano Breakdown e o tributo especial de 30 anos da banda Charlie Brown Jr., afastada dos palcos por nove anos desde a morte do vocalista e compositor Chorão.Potente figura feminina na cena do rap, Cynthia já está na estrada há mais de dez anos, mas, nos últimos anos, conquista públicos de todo o País entre projetos já consolidados, como o Poesia Acústica, e parcerias com nomes de peso, como Rael, Gabriel, o Pensador, Marcelo Falcão, Froid, Zeca Baleiro e Projota. Em junho, por exemplo, lançou a canção Cabeça Erguida com Drik Barbosa e Lourena. No mesmo mês, dividiu os vocais com Rael em Teu Sorriso. Além de cantora, Cynthia é compositora, dona de hits como Olhares, Deixa Ela e Sejas Bem Feliz.Em entrevista ao POPULAR, a rapper fala sobre a relação com os pais pastores, a decisão de realizar seu sonho de trabalhar com música, as parcerias de sucesso e política. De acordo com a paulista, o rap é baseado no protesto e na evolução. “O importante é que o povo tenha o mínimo básico necessário com dignidade”, diz. Confira a entrevista.Cynthia, você cresceu entre os pais pastores. Como isso te impulsionou na música?Essa é uma questão que eu respondo bastante ao longo da minha carreira, porque eu sempre ressalto o quanto é difícil você ir contra o que a sua família está dizendo ali e o quanto isso é mal visto também, porque nossos pais são a direção para nossa vida. Eu acredito que nesse caso eu segui meu coração, o que me impulsionou foi essa chama que eu sempre tive no meu coração. Sempre acreditei que talento é propósito, eu entendi isso muito cedo e acreditei no meu sonho independente das circunstâncias. Fui tentando encontrar maneiras de realizar. Eu acho que o mais importante do que sonhar é você tentar realizá-lo.De que forma você vê essa ascensão de mulheres na cena do rap brasileiro? Quais rappers mulheres você admira na música nacional?Bom, eu acho que a ascensão das mulheres tem acontecido em qualquer cena, em todas as áreas, até porque a gente tem lutado muito por isso. No rap ainda há um caminho bem longo a percorrer, mas acredito que os espaços estão sendo preenchidos. Eu admiro muitas mulheres na cena nacional, minhas amigas principalmente, Azy, Buda, Lorena, Gabi. Existem outras mulheres que são referência. A Elis Regina, por exemplo, é meu referencial na vida, ela é a mulher que eu mais me identifico. Tem também a Elza Soares, Maria Bethânia. As mulheres estão por toda parte, e graças a Deus já fazem história na música há muitos anos. Então, eu me sinto orgulhosa de fazer parte desse nicho e fazer parte dessa luta, da revolução que nunca vai acabar porque não existe limite pra nós, mulheres.O seu último trabalho lançado, A Culpa É Minha, é uma parceria com Matheusinho. Como foi que se deu o encontro?O Matheusinho é um artista que vai chegar com tudo agora, mas, na verdade, ele já chegou há muito tempo. Agora a gente vai conseguir trazer a visibilidade que ele merece, porque eu acho que ele merece. Sucesso infinito pelo talento que ele tem, a pessoa que ele é. A gente construiu toda uma ideia juntos ali para cantar e eu tive o privilégio de cantar a letra dele nessa música. Matheusinho é um compositor incrível. Foi muito gratificante pra mim. Vocês vão ouvir falar muito dele ainda.Você lançou o disco e DVD Não É Só Isso em 2020, em plena pandemia. Como se deu o processo de realização e lançamento do trabalho? A pandemia afetou o processo do trabalho?Bom, foi um processo difícil obviamente. Eu me lembro como se fosse hoje do meu desespero. Foram três dias de gravação, entre montagem e desmontagem, com uma equipe de 90 pessoas. Foi o maior investimento da minha vida e o maior investimento de energia também porque era um sonho fazer um DVD e era um sonho fazer da forma que ele foi, sabe? Claro que eu gostaria de mudar várias coisas, porque muita coisa deu errado. No fim das contas, eu vi que o meu propósito era maior e acabou do jeito que tinha de ser mesmo. Esse momento da pandemia afetou muito, mas também trouxe um respiro grande para poder gravar esse DVD porque a gente pôde estar junto, a gente pôde tocar junto. Claro que com todos os protocolos de segurança possíveis. Mas foi um momento de respiro para nós.Cynthia, qual sua relação com Goiás? Conhece Goiânia e a produção musical de Goiás? Tem contato com os artistas de rap do Estado?Confesso que minha relação com Goiás e Goiânia é muito recente. Eu me mudei para Brasília agora e por estar mais próxima eu estou conhecendo bem mais sobre o geral da região. Desejo criar um contato, estabelecer uma conexão com a galera daqui e de Goiás o quanto antes.Em 2022, ano de eleições, artistas têm se posicionado politicamente. Como você vê o cenário? Para você, o rap também é política?Com certeza, este ano é um ano especial para nós, que vamos ter a oportunidade de tirar esse homem abominante do poder e acreditar mais uma vez no nosso presidente Lula. É preciso entender um novo processo para todo mundo e o importante é que o povo tenha o mínimo básico necessário com dignidade. O rap tem em si a base do protesto, a base da evolução e eu acredito que nós estamos contribuindo para que este ano o Bolsonaro vá pra bem longe. Amém!Leia também:- Chega a Goiânia “A Pequena Sereia – In Concert” neste domingo em Goiânia- ABBA Experience In Concert será apresentado neste domingo em Goiânia- Nova corrida pelo trono estreia neste domingo