Pouco antes de começar a rodar com a turnê que rememora seus anos de carreira, em março de 2020, Nando Reis precisou cancelar shows e colocar todo o projeto no congelador, ante a pandemia. Em Goiânia, a data já havia sido divulgada pela sua produção e os ingressos estavam sendo vendidos. O músico retorna a capital goiana neste sábado (14), para tocar seus hits em show esgotado no Centro de Convenções da PUC Goiás. Desde 1995, quando lançou o seu disco solo de estreia, Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro, que Nando Reis é presença obrigatória nos principais palcos da música brasileira. Antes de seguir carreira individual, o artista ainda integrou o grupo Titãs. Com quase 40 anos de carreira e em parcerias de sucesso como compositor e nos vocais, a exemplo de Cássia Eller, Gal Costa, Pitty e, mais recentemente, com nomes da nova geração, como Jão e Anavitória, o paulistano acompanha de perto as transformações musicais brasileiras. Aos 59 anos, Nando diz estar a pleno vapor e trabalhando por três. Em entrevista ao POPULAR, o artista afirma que retoma shows que deveriam ter sido realizados nos últimos anos e que já estava com saudade dos palcos. Fala sobre política, plataformas digitais e sua relação com Goiânia. “Eu vou pra Goiânia desde sempre, né? Desde o começo da minha carreira, já fiz shows antológicos no Teatro Rio Vermelho, no Jaó”. Confira.Nando, você aos poucos tem retomado os palcos e apresentações presenciais após o período de distanciamento social ante a pandemia. Como tem sido para você?Tem sido muito bom na verdade. Tudo está muito corrido até porque com a terceira onda, que se deu em dezembro e janeiro, diversos shows que já estavam marcados para janeiro, foram desmarcados, enfim, só nesse mês de abril, por exemplo, eu fiz shows que eram de 2020, 2021 e 2022 também. Eu diria que eu estou a pleno vapor e trabalhando por três. Você traz para Goiânia o show Nando Hits. O que tem programado para a apresentação?É a turnê que eu iria cair na estrada quando começou a pandemia e, curiosamente, ela tem se mostrado perfeita para essa retomada porque é o repertório basicamente com minhas músicas mais conhecidas, mais tocadas e mais apreciadas pela plateia. Nesse momento é o que todo mundo quer quando sai de casa. Muitas pessoas me escrevem dizendo que tem sido a primeira vez que estão indo a shows. Quando vão ver o meu show, o que as pessoas mais querem é cantar junto, né? E o show vai ao encontro do anseio da plateia e tem sido momentos mágicos, em alguns lugares quase que catártico. Existe a expectativa de que Arnaldo Antunes participe do show. É possível?O Arnaldo (Antunes) vai participar, sim, já está confirmada a presença dele. Nós vamos cantar três músicas juntos, e eu pretendo tocar contrabaixo. Vai ser incrível. Nando, qual sua relação com Goiás? Conhece a produção musical daqui?Bicho, eu vou pra Goiânia desde sempre, né? Desde o começo da minha carreira, já fiz shows antológicos no Teatro Rio Vermelho, no Jaó. Obviamente, não conheço profundamente a produção musical, mas a gente sempre conhece um pouco dos lugares que passamos. Você acompanhou e participa da música brasileira ao longo das últimas décadas. Acumula, por exemplo, parceria com nomes como Cássia Eller, Gil, Dua Beat e Anavitória. Como você avalia a música feita atualmente?Eu digo que me relaciono com outros nomes da música. Eu tenho várias parcerias. Acabei de lançar, por exemplo, um single com Jão, que é um artista fulminante em ascensão e de grande projeção nos dias de hoje. Também estou lançando uma música daqui a pouco com a Elana Dara. Na verdade, eu não faço distinção exatamente entre gerações, o meu trânsito se dá com quem eu tenho empatia, afinidade, as coisas são circunstanciais às vezes, quase casuais. Não há nenhuma estratégia exatamente, é o que bater e ficar legal. Você viu o pulsar do LP e das cassetes, do CD e do DVD e, agora, do streaming. De que forma enxerga as plataformas digitais?Que eu assisti tudo, né? Quer dizer, não peguei o gramofone, mas como você bem colocou, do LP para a fita cassete, depois pro CD, daí download, enfim. A questão das mídias, das variações, das transformações, é um movimento natural da vida. Por outro lado, há uma constante luta que, na verdade, ficou bastante acentuada com essa questão dos direitos autorais. Eu acredito que houve muita demora por parte das gravadoras na transformação irreversível da internet, da música digital e criou-se uma espécie de vácuo para a legislação. Tem ainda essa briga eterna entre os autores e os compositores com quem vende. A gente continua se sentindo lesado. Nando, atualmente a classe artística passa por momentos conturbados quando o assunto é política. Recentemente, por exemplo, o presidente vetou a Lei Aldir Blanc 2. Como você vê o cenário?Não tem nem o que dizer. O governo desse sujeito presta um desserviço à nação em todos os sentidos, ele faz uma guerra, ele é um paranoico que tem uma estratégia de usar essa falácia da concepção da família, da pátria, esses conceitos demagógicos e muito conservadores e retrógrados que atendem uma parte pequena da população. No entanto, ele usou como bandeira essa coisa caluniosa de associar a classe artística com essa ideia de mamata. O que é uma puta de uma mentira, né? É uma sacanagem. Enfim, eu não gosto falar desse sujeito porque eu acho ele um incompetente, eu espero que isso termine logo porque o Brasil está numa draga. O que você tem escutado nos últimos tempos?Eu só ouço Pitty.-Imagem (Image_1.2455460)