Pouca gente lembra, mas quando Pânico (Scream, no original em inglês) estreou, em 1996, a fórmula do gênero slasher que fez grande sucesso na década de 1980 com franquias como Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo parecia completamente esgotada. Filmes de terror envolvendo assassinos psicopatas que matam aleatoriamente as suas vítimas estavam fora da moda. Mas bastou Ghostface, o vilão esquisito da franquia aparecer na telona, para o gênero ser reinaugurado. A franquia teve, ao todo, quatro filmes e arrecadou mais de US$ 600 milhões em todo o mundo.Cercado de expectativas chega agora aos cinemas, o quinto filme da série. A produção, que manteve em inglês o título idêntico ao do primeiro capítulo da franquia e dispensou o número 5, tem o que os críticos definiram como “proposta revisionista”. A nova história homenageia e recupera Pânico, trazendo de volta boa parte do elenco original da estreia com nomes como os dos atores Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette.Para manter o segredo sobre as reviravoltas da narrativa, roteiros falsos chegaram a ser entregues ao elenco. Na trama, uma nova versão do assassino Ghostface volta à cidadezinha de Woodsboro, e tem como alvo um grupo de adolescentes local, com o objetivo de revelar segredos ocultos do lugar. Também de retorno à cidade natal está Sidney Prescott (Campbell), principal protagonista da franquia, que precisa enfrentar antigos traumas para desmascarar o criminoso. Os atores Melissa Barrera, Jack Quaid, Jenna Ortega, Mason Gooding e Kyle Gallner dão vida aos novos personagens da trama.Célebre justamente por ter criado as séries de filmes de terror de sucesso A Hora do Pesadelo, que apresentou ao público o infernal Freddy Krueger, e Pânico, Wes Craven estava escalado para dirigir o novo filme. Porém, com a sua morte em 2015, a sequência ficou sob a responsabilidade de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (a dupla responsável por Casamento Sangrento). James Vanderbilt (Mistério no Mediterrâneo) e Guy Busick (também de Casamento Sangrento) assinam o roteiro do longa.A recepção da crítica ao novo capítulo da saga tem sido calorosa por conta do “sangue e diversão”. “Pânico é um exemplo clássico de como revigorar bem uma franquia fazendo tudo com um estilo inovador”, escreveu o crítico Simon Thompson, que escreve para veículos como as revistas Forbes e Variety. Erik Davis, do Rotten Tomatoes, destacou que Pânico é divertido na medida certa. “Há uma escrita afiada, um bom balaço entre sustos bem construídos e horror moderno,” argumentou. Apesar das piadas, o filme continua sangrento, como o esperado pelos fãs.A expectativa dos fãs aliada às críticas positivas são um alívio para os produtores da franquia após a recepção morna de Pânico 4, em 2011. Originalmente a série de filmes de terror havia sido pensada como trilogia. O retorno das bilheterias fez com que ela ganhasse mais capítulos. Achar o tom exato que une suspense e humor em uma história propositalmente não-original e cheia de personagens estereotipados têm sido o desafio de quem se propõe a fazer o público gritar de susto na sala escura.Deboche dos clichês Tão famosa quanto a franquia Pânico é sua paródia Todo Mundo em Pânico, dirigida por Keenen Ivory Wayans, que rendeu cinco filmes, entre 2000 e 2013. Terror e humor sempre andaram de mãos dadas com a série original de Wes Craven. Um dos trunfos adorados pelos fãs foi o uso da metalinguagem no roteiro. Todas as vítimas e sobreviventes de Pânico sabem de cor as regras de um filme de terror.Pânico está cheio de referências de grandes filmes de terror e suspense. A cena de abertura do filme original, com Drew Barrymore - na época o rosto mais conhecido do elenco - como a primeira vítima, tornou-se um clássico do cinema. A mensagem era clara. Se Ghostface foi capaz de matar nos primeiros minutos da trama a maior estrela do longa, ninguém mais estaria a salvo de sua facada.A estrela da franquia, a atriz Neve Campbell, recentemente explicou o motivo para a história ser tão amada pelo público. “Uma das razões pelas quais Pânico foi tão bem na época foi porque era uma nova reinvenção do gênero. O fato de que ele deu uma olhada no gênero em si enquanto ainda alimentava o público com os grandes sustos clássicos era novo e empolgante. É engraçado, inteligente e assustador. Não é uma combinação fácil de acertar,” disse ao The Hollywood Reporter.Baseado em fatos reaisO roteirista Kevin Williamson escreveu Pânico ao assistir um documentário sobre um serial killer chamado Danny Rolling, conhecido como o Estripador de Gainesville. Em 1990, o assassino matou cinco estudantes universitários em Gainesville, na Flórida, após invadir o apartamento deles.-Imagem (Image_1.2385717)