Muita coisa mudou na Praça Cívica de 2012, momento da primeira edição do Cinealmofada, com a de 2022, ano de retorno do projeto. A começar pela paisagem: antes espaço para estacionamento, a praça passou por uma revitalização em 2016 e agora está bloqueada para carros. Na época, o evento audiovisual havia sido criado como forma de levar exibições para a porta do Cine Cultura, fechado até então. A sala agora, tem funcionado com sessões diárias e especiais. Saudoso pelo público, o Cinealmofada retorna a programação cultural de Goiânia neste domingo (26), na porta do Centro Cultural Marietta Telles, onde funciona o cinema.Criado na época pelo Coletivo Cine Cultura e atualmente realizado em parceria com a Barroca Filmes e apoiado pelo Cine Cultura, o Cinealmofada entra em cartaz sempre no último domingo de cada mês até setembro. Todas as sessões contam, por exemplo, com espaços destinados a pessoas com deficiência, filmes legendados e falas dos organizadores interpretadas em Libras. “A ideia é a mesma, da democratização e acesso ao cinema, na praça, ao ar livre. É só levar a almofada e se divertir”, explica um dos organizadores do evento, o realizador audiovisual Henrique Borela.Envolta ao tema A Chegada do Trem à Estação: O Primeiro Cinema e o Descortinamento de um Mundo Novo, a primeira sessão da 3ª edição do Cinealmofada exibe o clássico O Mágico de Oz (1939), de Victor Fleming e estrelado por ninguém menos que Judy Garland. O filme ficou em primeiro lugar em votação aberta ao público nas redes sociais, à frente de nomes como O Grande Ditador (1940), de Charles Chaplin, e Sete Oportunidades, de Buster Keaton (1925). Neste ano, o Cinealmofada conta com o apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás.Cada sessão do projeto traz um tema diferente para a tela montada na Praça Cívica: filmes que propõem discussões sobre espaço urbano, a materialidade da memória e produções que constroem outros horizontes. “A intenção é despertar para questões atuais, filmes com classificação livre. Nessa sessão de abertura, a ideia é propor a discussão com produções que, de alguma maneira, contem histórias ligadas ao início do cinema“, adianta Borela.Além da sessão de cinema, o projeto também presta homenagem a profissionais queridos pelo projeto, como Bartolomeu Marinho, o Seu Bartô, projecionista do Cine Cultura por quase 30 anos, e que faleceu em 2021 em decorrência da Covid-19. O segundo homenageado será o cineasta João Henrique Pacheco, um dos organizadores das suas primeiras edições do Cinealmofada, que morreu em 2017, aos 26 anos, vítima de um acidente de bicicleta na Avenida Universitária.A 3ª edição do projeto também revive o concurso da almofada mais criativa. Por meio de votação, serão eleitas as almofadas mais interessantes com prêmios como camisetas e cartazes de filmes históricos. São os organizadores do projeto que vão selecionar as melhores e o público vai eleger a vencedora. Para participar, basta levar a própria almofada. “A ideia é, de fato, criar esse ambiente acolhedor, aberto para os mais diversos tipos de público, sem restrições sociais, com todos os aspectos de acessibilidade garantidos”, aponta a organizadora Camila Margarida.HistóricoSucesso de público, em 2012 o Cinealmofada exibiu oito filmes, de sete nacionalidades diferentes, reunindo assim mais de 2 mil pessoas na Praça Cívica. Já em 2014, foram oito sessões, no mesmo formato da primeira edição, que também encheram a Praça Cívica. “É um importante projeto para o Centro de Goiânia, para formar público, ocupar a cidade e mostrar que ali, no Centro Cultural Marietta Telles, existe um cinema público e de qualidade”, argumenta Borela.“Não há lugar como o nosso lar”Bata os calcanhares três vezes e diga: “Não há nada melhor do que o cinema”. A história de Dorothy e seus amigos foi o filme escolhido pelo público para a primeira sessão do Cinealmofada 2022. Baseado na obra infantojuvenil de Lyam Frank Baum, publicada em 1900, a produção conta a história da menina órfã Dorothy Gale, que vive na pacata cidade do Kansas, em companhia dos seus tios e de seu cãozinho, Totó, até ser levada por um tornado ao fantástico mundo de Oz. Para retornar à casa, Dorothy parte em uma jornada em busca do Mágico de Oz, que pode ajudá-la. No caminho, a menina vive diversas aventuras ao lado de um homem de lata, que busca um coração, um espantalho, que deseja um cérebro, e um leão medroso, à procura de coragem.Além da história de fantasia, o longa-metragem se tornou um clássico do cinema também pela sua trilha sonora. A mais conhecida até hoje é Over the Rainbow, cantada por Judy Garland, e ganhadora do Oscar de melhor canção em 1939. O musical possui indicação classificatória livre e promete ser uma diversão para todos. “Gostei bastante da seleção do público e acho que vai ser uma sessão para toda a família”, aponta o curador do projeto, Luís Fernando Sousa. (Colaborou Yorrana Maia, estagiária do GJC em convênio com a PUC-GO)