O humor nunca será universal. Há aqueles que gostam de certos tipos de piadas, outros não. A discussão do que seriam os limites do humor, no entanto, fica para outra oportunidade. Mas se a comédia aborda cotidiano, vivências, atualidades e vida real, naturalmente pautas como política e sociedade tem seu espaço. “Cada público é um público. Às vezes as piadas que faço hoje e que agradam uma plateia toda, no dia seguinte não vão funcionar. Eu falo muito de questão racial, machismo, preconceito religioso e encontro muito público conservador aqui. Mas me acostumei a bater de frente e fazer com que esse público compre as piadas de um preto da Umbanda que faz críticas no palco”, comenta o humorista Luiz Titoin. Chegou até aqui e percebeu a predominância das figuras masculinas na cena? Pois é. “A gente precisa de mulheres fazendo stand up em Goiânia. Em outros lugares, como São Paulo, existem muitas humoristas, mas aqui não”, observa Luiz. Kamila Grattan, de 25 anos, diz que o assunto é complexo, mas importante de ser abordado. “Me lembro que quando comecei, não tinham mulheres fazendo stand up. Pouco tempo depois, a Dri Santos começou e éramos duas. Vimos algumas meninas começando e logo desistindo. Não sei se é por medo ou vergonha, porque a comédia é um meio dominado por homens, mesmo tendo nomes fortes como Carol Zoccoli e Bruna Louise. A Dri mesmo passou a se dedicar somente às esquetes na internet, o que é uma pena”, comenta.Kamila acredita que a cena local tem potencial para receber mais humoristas. “Quando me apresento, sempre vem alguma mulher da plateia me falar como é legal eu estar ali”, diz. Ela conta que sua relação com o stand up começou como grande fã do gênero. “Ia em todos os shows. Com o tempo, percebi que as piadas não me arrancavam risos como antigamente. Assisti uma entrevista com o Jacaré Banguela em que ele falou que quando você passa a viver a comédia, você passa a entender como funcionam as coisas e a rir menos”, lembra.Em setembro de 2018, fez sua primeira apresentação. No ano seguinte, se mudou para Porto Alegre para trabalhar no grande comedy club da cidade. “Lá, trabalhava como atendente. Mas eu estava dentro da cena e com a pandemia voltei para Goiânia”, conta.