Suspensa em cabos de aço, a canoa carajá parece flutuar enquanto um rio feito de iluminação artificial incendeia toda a galeria do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (UFG). O item e todos os outros elementos e objetos que formam o opulento acervo do museu podem ser conferidos on-line, fruto do Digital Lab, que atua no ensino, pesquisa e extensão universitária. Na 19ª Semana Nacional de Museus, que ocorre até o dia 23 em todo o País, pesquisadores têm digitalizado todos os museus espalhados por Goiás.“Na atual situação de popularização de dispositivos digitais com o advento das tecnologias de informação e comunicação, adicionada a situação de afastamento social por conta do coronavírus, as visitas on-line tornaram-se uma das únicas formas de acesso ao patrimônio cultural”, explica o coordenador do Digital Lab, Pablo Lisboa. Disponíveis na plataforma on-line (www.digitallab.ufg.br), diversos pontos museológicos goianos já podem ser conferidos pelo clique do celular ou computador. A proposta é ocupar os espaços sem sair de casa.No Digital Lab, o visitante tem a oportunidade de conferir um tour 360º por museus que contam a história e destacam o patrimônio do Estado. É possível, por exemplo, passear pelo Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário Goiano, localizado na cidade de Goiás e conferir de perto o acervo do patrimônio arquivístico, mobiliário e imobiliário de caráter histórico. O visitante também pode dar um passeio pela Estação Ferroviária de Goiânia e no seu interior, com destaque para o Museu Frei Confaloni, com obras de arte que destacam o modernismo em Goiás.“Sem a interação com a sociedade, os museus estão asfixiados. Para dar um pouco de oxigênio para as instituições, lançamos o Digital Lab que vai servir de meio para museus e assemelhados ocuparem o ambiente cibernético e cumprirem com sua missão de maneira parcial”, destaca Pablo. De acordo com o coordenador, as ferramentas digitais não podem ser encaradas como substitutivos das experiências físicas no campo da memória social e do patrimônio cultural. “Existe um complemento interessante entre as ações patrimoniais físicas e as digitais”, diz.A meta do Digital Lab é que, até o final do ano, a maioria desses espaços em Goiás tenham ganhado um tour 360º disponível de forma gratuita. Há ainda diversos desafios para os próximos meses. Segundo Pablo, para que o laboratório cumpra com suas prerrogativas, é preciso estar em diálogo permanente com pesquisadores que pensam a cultura, os museus e o patrimônio cultural, mas também caminhar juntos com os agentes culturais que fazem a coisa acontecer. “Uma sintonia entre prática e reflexão deve ser o maior desafio do laboratório ao longo de sua jornada”, salienta.Diversas ações do Digital Lab destacam o trabalho minucioso dos profissionais e pesquisadores inseridos nos projetos, como o escaneamento de objetos museais em 3D e 2D. Há também diversos eventos na agenda, como a série de lives Diálogos Digitais, que começa no dia 5 de junho com a palestra da pesquisadora Vanessa Cesário, da Universidade de Lisboa. “A universidade precisa estar cada vez mais próxima das pessoas para que a extensão aconteça de fato. Ocorre que, com os museus fechados, o Digital Lab já nasce com um potencial imenso”, aponta Pablo.DigitalNo mesmo caminho do Digital Lab, outros museus goianos já começam a ganhar visitas on-line a partir de iniciativas distintas. É o caso, por exemplo, do Museu Pedro Ludovico, sob gerência da Secretaria do Estado da Cultura (Secult Goiás). O espaço que conta a vida do interventor de Goiás e os primeiros anos da capital goiana já está disponível para tour on-line no site da pasta, assim como outros centros museológicos, caso do Palácio Conde dos Arcos, na cidade de Goiás, Museu Ferroviário de Pires do Rio e do Museu da Imagem e Som, em Goiânia. O futuro dos museusRecuperar e repensar são as palavras de ordem da 19ª Semana Nacional de Museus, que ocorre nesta semana com programação em todo o País. O tema visa fomentar as discussões dessa searacom reflexões sobre o futuro dos museus ante a pandemia do novo coronavírus. Em Goiás, diversas ações educativas no formato on-line sinalizam o patrimônio museológico do Estado, com destaque para os pontos sob administração do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram Goiás), como o Museu da Boa Morte e o Museu das Bandeiras, ambos na cidade de Goiás, e a Casa da Princesa, em Pilar de Goiás.“Na edição deste ano, queremos pensar o futuro dos museus e em como será o retorno das atividades presenciais dos espaços ante a pandemia, com ações que provam que os museus podem estar de portas fechadas para o grande público, mas com ações no âmbito digital”, destaca o representante do Ibram em Goiás, Tony Boita. Entre as atividades previstas em Goiás, estão o lançamento de um podcast sobre museus goianos, uma série de vídeos sobre mitos e lendas goianas e trabalhos de formação e profissionalização.Já para os museus administrados pela Secretaria do Estado da Cultura (Secult Goiás), a exemplo do Museu Zoroastro Artiaga e o Palácio Conde dos Arcos, diversos projetos educativos pautam a Semana dos Museus. Palestra, exposição, videocast, sarau e lives estão entre as atividades que seguem até o dia 23, disponibilizadas nas redes sociais. Todas as ações são gratuitas.