Conscientização, inclusão e respeito. O dia 2 de abril é lembrado internacionalmente como o Dia de Conscientização Sobre o Autismo, e, para discutir do tema, o projeto PsiQUÊ? preparou uma série especial, que será veiculada a partir desta sexta-feira (1), no POPULAR, TV Anhanguera e rádio CBN. Convidamos especialistas, pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), mães e pais para compartilharem suas histórias e ajudarem a responder a pergunta: como viver bem com autismo?Para promover a qualidade de vida de uma pessoa autista é necessário que haja um cuidado transdisciplinar, com profissionais da Medicina, Fonoaudiologia e Psicoterapia, entre outros. O diagnóstico, no entanto, é complexo e pode confundir até mesmo profissionais da área. É o caso da fonoaudióloga e musicoterapeuta Eliane Faleiro de Freitas. Ela traz sua experiência como mãe de um rapaz de 21 anos, que possui diagnóstico de TEA.SAIBA MAIS• Clique aqui e acompanhe todas as ações do 'PsiQUÊ?'Apesar de ter tido acompanhamento com uma neuropsiquiatra infantil e uma psicóloga desde os 3 anos, o filho de Eliane, Giovani Faleiro de Freitas Nascimento, só recebeu o diagnóstico de autismo uma década depois, aos 13 anos de idade. “No momento em que o fluxo de comunicação e linguagem estava mais intenso na escola, ele se confrontou com essa dificuldade, porque ficou mais evidente. Só então ele começou a apresentar as estereotipias do autismo”, conta.LinguagemA especialista reflete a natureza das dificuldades da linguagem oral de pessoas com TEA e como uma abordagem acolhedora no dia a dia pode ser benéfica para essa comunicação mútua funcionar melhor, como no caso de seu filho e de seus pacientes. “O que observo, primeiramente, é como o sujeito está se revelando nas possibilidades de linguagem. E, aqui, temos a linguagem muito além da fala e da comunicação. Geralmente, o que a pessoa com autismo tem é um comprometimento no discurso”, comenta.Como exemplo de linguagem, mas com um discurso comprometido, a fonoaudióloga cita: “Quando chega uma criança para atendimento que entra muda e sai calada, em certo momento do atendimento, os pais se queixam: ‘começou a dar birra’. Eu comemoro. Pode parecer loucura, mas a linguagem é uma situação ativa desse sujeito”, diz. “No momento que ela começa uma birra, ela está querendo convocar esse outro lado, dizendo: ‘olha, estou aqui, eu só não consigo falar, mas estou me comunicando de alguma forma’”, explica.ExperiênciasJulieta Jerusalinsky é especialista em estimulação precoce, mestre e doutora em psicologia clínica e uma das convidadas especiais do mês de abril do projeto PsiQUÊ?. Ela conta ao POPULAR quais são as principais discussões, hoje, no que diz respeito aos impactos da pandemia em pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), principalmente as crianças. “Durante a pandemia, houve um enorme empobrecimento de experiências estruturantes para as crianças e uma diminuição das atividades exploratórias, principalmente para aquelas menores, para as quais dois anos representam muito mais tempo de vida proporcionalmente”, observa.Julieta explica os prejuízos da intoxicação por eletrônicos e qual a relação com alguns diagnósticos de autismo. “Observamos um agravamento de algo que já vinha acontecendo. Bebês com menos de 36 meses que, ao invés de brincarem e estarem com os outros, estavam com eletrônicos em mãos”, comenta. A especialista fala sobre estimulação precoce ainda na primeira infância e do cuidado transdisciplinar, que pode ser decisivo no desenvolvimento dessas crianças. “Atenção: nem todo sofrimento psíquico e dificuldade na relação com o outro na primeira infância é autismo. Mas precisa ser detectado e tratado para favorecer a estruturação”, aponta.ProgramaçãoAs reportagens sobre autismo e saúde mental seguirão ao longo do mês de abril, a fim de contribuir com as discussões e apresentar diversas perspectivas atuais em relação a diagnóstico e intervenções dentro da realidade do espectro. No sábado (2), Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo, o POPULAR conversa com especialistas, além de trazer histórias como a do garoto Augusto Mangussi, de 14 anos, que tem diagnóstico desde bebê. Ele é artista plástico e já expôs pinturas pelo Brasil e mundo afora.A TV Anhanguera inaugura a série do mês de abril nesta sexta-feira (1º) no Bom Dia Goiás, divulgando as ações que vão acontecer na capital nesta sexta e sábado, em alusão à data. Também haverá uma entrevista ao vivo com a pediatra especializada em desenvolvimento comportamental infantil, Ana Márcia, e um bate-papo com a psicopedagoga Denise Carneiro e a psicanalista especialista em problemas do desenvolvimento da criança e da adolescência, Marcella Haick Mallard. Já a rádio CBN Goiânia convida pais e mães de pessoas com autismo para compartilhar suas histórias e experiências com o diagnóstico de seus filhos. As entrevistas vão ar neste sábado (2). Todo o material produzido pelo POPULAR, TV Anhanguera e rádio CBN estarão disponíveis na página especiais.opopular.com.br/psique. O site foi criado para facilitar o acesso às reportagens que integram o PsiQUÊ?, projeto lançado no dia 12 de março de 2022 pelo Grupo Jaime Câmara (GJC).O que é O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio caracterizado por um desenvolvimento neurológico atípico, com manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados em diferentes níveis. Desde 2007, o dia 2 de abril foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. A data nasceu com a proposta de difundir para a população informações corretas sobre o autismo e, assim, reduzir a discriminação e o preconceito. Em todo o mundo, estima-se que a síndrome afeta mais de 70 milhões de pessoas.