Ganhador do Prêmio Jabuti 2022 com a história em quadrinhos Escuta, Formosa Márcia (Editora Veneta), o quadrinista Marcello Quintanilha, 51, chega a Goiânia nesta terça-feira (6), para participar do lançamento de seu mais novo livro, Alimenta Estes Olhos (Editora Veneta), às 18 horas, na Livraria Palavrear. Na noite seguinte, o artista integra a sessão de abertura da Crash - Mostra Internacional de Cinema Fantástico, no Cine Cultura. Um dos principais nomes dos quadrinhos brasileiros, Quintanilha conquistou no início do ano o troféu principal do Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, na França. Em entrevista ao POPULAR, o escritor fala sobre o atual panorama das HQs no País.Marcello, você vem até Goiânia para lançar Alimenta Estes Olhos depois de conquistar o prêmio Jabuti com Escuta, Formosa Márcia (Editora Veneta). De que forma enxerga a atual fase na carreira?É um momento muito interessante pra mim porque sempre quando há um prêmio envolvido faz com que um público que talvez não tivesse a predisposição de se aproximar do seu trabalho acabe lendo, acabe se aproximando do trabalho de uma maneira muito mais intensa. Os prêmios sempre possibilitam que você chegue a outros públicos. O que é fantástico. Eu estou ansioso para chegar em Goiânia. De forma geral, o que as duas HQs mantêm em comum?O livro que foi premiado com o Jabuti e o novo lançamento têm muito em comum na forma como eu trabalho a humanidade dos personagens, que está sempre no centro do meu interesse no que se refere ao ato de contar histórias, de trabalhar uma narrativa, de trabalhar um relato. A humanidade dos personagens é realmente o traço que une todos os livros. Existe humanidade nos personagens. Na última década a produção de HQ brasileira ganhou um impulso, com novos títulos sendo publicados por autores diversos e marcados pela autopublicação, pelas feiras de publicações independentes e fora do eixo Rio-São Paulo. De que forma você vê este cenário?Sem dúvida, é uma fase promissora para a produção nacional. É fabuloso poder fazer parte desse momento no que se refere à produção de quadrinhos no Brasil porque o panorama atual é completamente diferente daquilo que eu conheci quando eu comecei a minha carreira no final dos anos 1980. Ali, vivíamos um refluxo de um boom de edições que tinham ocorrido na metade da década e que acabaram sofrendo as consequências dos desastres econômicos, das escolhas econômicas que determinavam a política do País naquela época e que fez com que os anos 1990 fossem muito difíceis para todas as pessoas que estavam envolvidas com os quadrinhos. Trata-se de um fenômeno editorial recente na trajetória da produção?Acredito que talvez de uns 15 anos pra cá tenhamos recuperado não somente o interesse pelas histórias em quadrinhos, mas a ânsia pela publicação. Houve também a migração dos quadrinhos das bancas de jornal para as livrarias, o que criou uma nova dinâmica, uma nova relação no mercado que faz com que os livros possam ser trabalhados por muito mais tempo pelos autores.