Fazenda LeôncioJoventino Leôncio (Irandhir Santos): peão e ponteiro de uma comitiva que toca com rara maestria, Joventino faz seu nome tangendo boiadas pelos sertões deste País. Por onde quer que passe, é tido como o maior entre todos os peões. Com o filho José Leôncio, se estabelece no Pantanal. É um pai amoroso, um homem justo e honesto. Quer começar uma criação de gado a sua maneira. Joventino quer ver a vida caminhar no passo da natureza, não dos homens. E, como bom peão que é, não tem pressa. Sabe que, mais importante que o destino, é a jornada.José Leôncio (Drico Alves/Renato Góes/Marcos Palmeira): criado no lombo do cavalo de seu pai, Joventino, cortando em comitiva o interiore, conhece a vida e é talhado por ela em meio à peonada, simples e bronca, apartado de uma figura feminina desde a morte muito precoce da mãe. O que a vida furta a ele em carinhos, o pai compensa em valores. Após o desaparecimento de Joventino, José Leôncio carrega essa dor em ferida aberta a vida inteira. Foi casado com Madeleine, com quem teve Jove. E também é pai de Tadeu, fruto de seu relacionamento com Filó. E será surpreendido com a chegada de um filho desconhecido, José Lucas de Nada. José Leôncio carrega, além de suas amarguras, a frustração de nunca ter sido para nenhum dos três filhos o que o velho Joventino foi para ele. Filó (Leticia Salles/Dira Paes): Filó surge grávida de Tadeu na fazenda de José Leôncio, onde passa a viver e trabalhar como empregada. Sempre foi, na verdade, muito mais que isso. Filó é a alma e o coração daquela casa. O esteio. É uma mulher religiosa, apegada a sua fé. Após ser expulsa de casa pela mãe aos 12 anos, encontra abrigo em uma currutela, local onde conhece José Leôncio meses antes de procurar por ele na fazenda. Recebe dele emprego, carinho, abrigo e, acima de tudo, proteção. Vira fera para proteger seu “Zé” contra tudo e contra todos, disposta a trair até mesmo os seus sentimentos pelo bem dele.Quim (Chico Teixeira): Quim não consegue se furtar de pontuar os seus comentários quase sempre impertinentes. Tem a língua maior que a boca e o olho maior do que a barriga, e por isso é constantemente reprimido por todos ao seu redor, inclusive por Tião, seu amigo inseparável. Quim e Tião se mantêm firmes e fortes ao lado de José Leôncio, após o desaparecimento de Joventino. Tião (Fabio Neppo): Tião é filho da liberdade como todo peão. Por isso se adaptou tão bem à vida pantaneira, de lonjuras sem fim e horizontes distantes, onde tudo é possível e nada é necessário. Como todos os que seguem a toada de Joventino – e, mais tarde, a de José Leôncio –, Tião é da confiança dos patrões. Tião e Quim se tornam mais que bons amigos, se tornam irmãos, e têm, um com o outro, a liberdade de sentir o que sentem e dizer o que pensam. Mansão NovaesAntero Novaes (Leopoldo Pacheco): eloquente, educado e sagaz, Antero é um bon-vivant, um tipo tão polido quanto dissimulado. Embora não seja um sujeito íntegro, no sentindo literal da palavra, é absolutamente honesto. É herdeiro de uma família tradicional da alta sociedade, casado com Mariana, com quem tem duas filhas, Madeleine e Irma. Mariana Braga Novaes (Selma Egrei): intuitiva, observadora e perspicaz, Mariana é uma verdadeira raposa, capaz de antever onde cada passo vai terminar. Afeita à vida em meio à alta roda, assimila uma personalidade controladora e moralista, sem se tornar hipócrita. Casada com Antero Novaes.Irma Novaes (Malu Rodrigues/Camila Morgado): Irma vive uma vida sem grandes emoções. Primogênita da família Novaes, nasce sob os firmes cabrestos impostos pela mãe, Mariana, sem liberdade para muita coisa além de obedecer. Na juventude, tem um pudor extremo, sempre muito cordata, obediente. Esse recato autoimposto a faz sofrer, sem que as pessoas imaginem o quanto lhe custa toda essa repressão. O que ninguém percebe também é o fardo que Mariana impõe a Irma sempre que a usa de sarrafo para a caçula Madeleine. Forjadas sobre esse paralelo constante, e injusto, cada uma reage a sua maneira. Enquanto Madeleine responde com rebeldia, Irma se embrenha cada vez mais no jogo da mãe, sem notar que a vida escorre por entre os dedos sem que ela tenha sentido sequer o seu sabor.Madeleine Novaes (Bruna Linzmeyer/Karine Teles): provocante, subversiva por natureza e sensual, Madeleine arrebata corações por onde passa, e, mesmo com a marcação acirrada da mãe, Mariana, vive rodeada de amigos e pretendentes. Madeleine não dá a mínima para normas ou qualquer convenção social que a mãe tenta ditar. É capaz de sair com o primeiro que cruzar seu caminho só para deixar Mariana de cabelo em pé. Enquanto sua irmã Irma reza pela cartilha da mãe, Madeleine reza pela do pai, blefando, aqui e acolá, para conseguir o que quer. Não tem medo de nada, muito menos de jogar alto.Gustavo (Gabriel Stauffer/Caco Ciocler): Gustavo é oriundo de uma tradicional família carioca e, seja pela vontade de Mariana, os laços entre os Sousa Aranha e os Novaes se estreitariam por meio do sagrado matrimônio entre ele e Madeleine. Mestre em análise comportamental, é equilíbrio, lucidez e a razão que Madeleine tanto carece. Ela, a paixão, o desejo e, de certa maneira, o tempero que a vida de Gustavo precisa. Embora seja capaz de analisar com profundidade todos a sua volta, não encara seus problemas de frente e, por isso, porque não se dá o devido valor, atende sempre aos apelos de Madeleine. TaperaGil (Enrique Diaz): Gil é um sujeito simples, sem muita de cultura nem modos e com um jeito brando de ser. É um tipo correto, honesto e muito decente, tendo se tornado um ótimo marido, dedicado e atento a sua Maria Marruá. É um homem bom que nasceu em um mundo ruim e perverso. É enganado no Sarandi, no Paraná, onde comete um crime que o leva fugido ao Pantanal ao lado de Maria, onde tenta reconstruir sua vida e onde nasce sua filha, Juma.Maria Marruá (Juliana Paes): Era Maria antes de se tornar Marruá. Esposa dócil e dedicada, levava uma vida feliz até enterrar cada um dos três filhos que tinha. Maria “morreu” com eles, de forma que, quando chega ao Pantanal ao lado do marido Gil, é um retalho de gente, sem vida, sem alma, sem esperança. Ao engravidar de Juma, recebe a filha com ar de maldição, em um parto na beira do rio com o intuito de colocá-la na canoa e empurrá-la para as águas. Não por falta de amor, mas por não suportar a ideia de perder outro filho. O destino, contudo, as quis juntas. E a natureza encontrou uma maneira de fazer isso acontecer. Outros moradores do PantanalVelho do Rio (Osmar Prado): ponto de contato entre o mundo físico e espiritual e a síntese de uma consciência ecológica coletiva, o Velho do Rio é um encantado. Uma espécie de guardião desse paraíso em terra que se chama Pantanal. Apresenta-se vezes em forma de gente, vezes em forma de sucuri, a maior de todas que já se viu pelo Pantanal.Eugênio (Almir Sater): condutor de chalana desde que se compreende por gente, Eugênio é, como Trindade (Gabriel Sater) e o Velho do Rio, uma figura encantada, mítica, uma entidade que abriga aquela planície alagada. Tal qual as águas, Eugênio e sua chalana têm um propósito espiritual muito forte, o de carregar as almas, eliminar o mal, purificar e trazer vida nova, preservando o equilíbrio daquele paraíso.