“Não tive o diagnóstico durante a gravidez. O Caio não tem nenhuma questão de saúde, como cardiopatia; então, os exames não mostraram nada. Só descobri no dia em que ele nasceu”, conta Fernanda Sampaio. “Eu não sabia nada sobre a Síndrome de Down e não tinha contato com outras mães ou crianças. Senti muita falta disso”, diz.Hoje, a mãe do garoto Caio tenta oferecer o suporte que não teve na época do nascimento do filho para outras mães e pais de primeira viagem. “Começamos como um grupo de três mães, que hoje é a Associação Mais 21. Eu também já fui ignorante no assunto e entendo o medo do que está por vir. Mas a Síndrome de Down não é uma sentença de que sua vida vai ser difícil”, diz.Ela aponta que grande parte da dificuldade para iniciar os tratamentos e terapias precoces parte das limitações dos próprios especialistas. “Infelizmente, ainda existem profissionais que não são capacitados para lidar com as nossas crianças. Uma fisioterapeuta disse uma vez que meu filho nunca andaria de bicicleta, que era uma das limitações motoras da síndrome, sem levar em conta a individualidade de cada um. Hoje, ele anda com a gente e com os amiguinhos dele. De onde essa profissional tirou essa informação?”, indaga. Para Fernanda, priorizar uma estrutura familiar adequada é fundamental na criação dessas crianças. “Sempre que converso com uma mãe nova, digo: esqueça os rótulos e o que os livros dizem sobre o seu filho. Ele está aí e é ele quem vai te ensinar sobre as limitações que tem. A família precisa integrá-los à mesma rotina, com obrigações e algumas broncas também. O amor que a gente dedica proporciona o que eles precisam acima de tudo”, destaca.