Memórias da sua infância e trajetória literária se misturam a registros dos primeiros contatos de suas filhas com a linguagem nos textos de Flávio Carneiro, que estamparam as páginas do POPULAR entre 2016 e 2018 como parte da coluna Crônicas & Outras Histórias. Posteriormente, as crônicas foram reunidas no livro Histórias ao Redor, lançado no ano passado pela Editora Cousa. Às 12 horas de terça-feira (16), uma novidade foi comemorada: o livro está entre os cinco finalistas da categoria crônica do Prêmio Jabuti 2021.“Eu fico feliz com a notícia por diversos motivos. Um deles é pela editora. Ela é pequena, lá de Vitória, no Espírito Santo, fora do eixo Rio-São Paulo. Acho esse reconhecimento importante”, comenta Flávio. “Também fico feliz porque essas histórias são uma espécie de autobiografia, pela leitura e pela escrita. Uma pessoa pode escrever sobre a própria vida de várias formas, falar da sua infância e adolescência até o presente. Ou pode contar da sua experiência como leitor e escritor, por exemplo”, diz.As histórias escritas por Flávio seguem essa última ideia. “Algumas falam da infância – da minha e das minhas filhas, Maria e Luísa. O livro, inclusive, é dedicado a elas”, conta. Luísa, que hoje tem 7 anos, na época dos primeiros textos estava aprendendo a falar. Maria, que tem 4 anos a mais que a irmã, já estava escrevendo. “Então, fico observando como elas lidam com esse embate, esse enfrentamento com a palavra falada e escrita. Como elas leem o mundo e como eu lia também”, comenta.Por fim, ao integrar a lista de finalistas do prêmio com Histórias ao Redor, ele fica feliz pelo período em que integrou o POPULAR como cronista, onde teve a oportunidade de publicar os textos na seção do caderno Magazine. “Foi uma experiência muito bacana. Agradeço ao jornal pela oportunidade de ter convivido com a equipe. A cada 15 dias, eu tinha de tirar uma história da cartola ao longo de dois anos”, conta.Flávio Carneiro é escritor, crítico literário, roteirista e professor de literatura na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Nascido em Goiânia, é radicado em Teresópolis, região serrana do Rio, onde mora desde 2003. Parte de sua obra foi publicada em outros países, como Alemanha, Estados Unidos, Itália, França, México, Colômbia e Portugal. Entre romances, contos, crônicas, ensaios e novelas infantojuvenis publicados, já foi ganhador e finalista do próprio Prêmio Jabuti em anos anteriores, além de vencer premiações como Barco a Vapor, Tiôko e Altamente Recomendável para o Jovem.Considerado o mais tradicional e prestigiado do livro brasileiro, o Prêmio Jabuti é concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Os vencedores da 63ª edição serão anunciados em uma cerimônia no dia 25 de novembro, às 19 horas, que será transmitida pelo canal do YouTube da CBL. Mesmo sem a certeza se vai ganhar ou não, o reconhecimento já é comemorado por Flávio. “Estar entre os finalistas é muito bacana. A gente está em um mundo tão difícil e complicado, com tanta coisa ruim acontecendo, né? É bom, é um incentivo”, comenta.Desde que começou a escrever para o jornal, o escritor já pensava em reunir os textos em um livro, como fez na publicação Passe de Letra: Futebol e Literatura (2009), com as crônicas que publicou em uma coluna no jornal Rascunho, de Curitiba. Na verdade, os textos que foram para a seção Crônicas & Outras Histórias, do POPULAR, deram origem a dois livros — o segundo planejado para o ano que vem. “Eu publicava a cada 15 dias, alternando entre textos com mais cara de crônicas e outros com mais jeito de contos. O outro livro se chama Paisagem com Segredo e vai sair no ano que vem”, conta.Ao pensar na coluna, Flávio queria que os textos publicados tivessem uma unidade. “E essa unidade era a relação com a leitura e a escrita em diferentes momentos da minha vida e das minhas filhas. Foi isso que guiou tudo”, explica. Desde o início, ele pretendia que as crônicas não fossem descartáveis. “Por isso, evitei falar de assuntos muito relacionados ao presente, como política. Escrevia sempre pensando como histórias. Gosto muito de ficção, de criar, de ler”, explica. Romance reconhecidoMaria Altamira é o sétimo romance da escritora, tradutora e editora Maria José Silveira, publicado pela Editora Instante. Em outubro, ela contou ao POPULAR sobre a inspiração e concepção do livro, como foi lançá-lo em meio à pandemia e como era estar entre os semifinalistas do Prêmio Oceanos 2021 ao lado de nomes consagrados da literatura como Mia Couto e Cristovão Tezza.O livro também ficou entre os dez finalistas do Prêmio Jabuti 2021 na categoria Romance e é um dos 21 finalistas da 14ª edição do Prêmio São Paulo de Literatura. “O que eu faço no romance é colocar lado a lado duas catástrofes: uma provocada pela natureza, na cidade de Yungay, no Peru, que foi completamente soterrada por um aluvião; a outra provocada pela mão do homem na cidade de Altamira, com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”, disse sobre o romance.Maria José Silveira integra o time que publica na coluna Crônicas & Outras Histórias e vive há muitos anos em São Paulo. É goiana de Jaraguá, mas mudou-se com poucos meses de idade para Goiânia. Seu primeiro romance, A Mãe da Mãe de Sua Mãe e Suas Filhas, foi publicado originalmente em 2002 e recebeu o Prêmio Revelação da APCA, sendo relançado em edição ampliada em 2019 após ser editado em vários países da Europa e nos EUA.-Imagem (Image_1.2355526)-Imagem (Image_1.2355531)