“Com muita vontade de voltar, muita saudade do público e do palco”, define Rodrigo Alarcon sobre os muitos sentimentos envolvidos na retomada dos shows presenciais. De volta aos palcos há apenas alguns dias, o cantor e compositor paulista reencontra o público goiano no Teatro Sesi neste sábado (20/11), a partir das 20 horas. A noite também conta com apresentação da cantora e compositora capixaba Ana Müller. A capacidade do teatro está reduzida a 60% e os ingressos podem ser adquiridos de forma on-line pelo site www.sympla.com.br.Rodrigo já veio a Goiânia em diversas ocasiões e se considera de casa. “Amo essa cidade que me recebeu de portas e braços muito abertos. Sempre que vim, foi um calor muito gostoso, as pessoas se identificam muito com minhas músicas”, conta. “Tem gente que acha que eu sou goiano, inclusive. E me sinto um pouco goiano mesmo, meus amigos são todos daqui”, se diverte.A turnê que marca a retomada dos seus shows com a presença do público começou na quinta-feira (18), em Brasília. “Foi incrível. As pessoas estavam muito a fim e é isso que eu espero encontrar em todos os shows nessa retomada”, comenta. No dia seguinte, Rodrigo passou pela cidade de Marabá, no Pará, antes de seguir para Goiânia.Rodrigo Alarcon é um dos nomes que representa a chamada “nova MPB” e promete que a apresentação deste sábado será de entrega total no formato característico de suas apresentações, em voz e violão. “E eu espero o mesmo do público. Porque um show não é só o artista, é tudo o que está envolvido para tudo acontecer. E isso inclui o público, essa troca gostosa, com todo mundo cantando junto”, diz.ParceriaRodrigo e Ana Müller são parceiros de música há algum tempo, dividindo palcos, microfones e gravações. A cantora capixaba embarca junto na turnê e tem a capital goiana como ponto de partida. “Eu, sinceramente, estava bastante ansiosa. Desde antes da pandemia eu já tinha me afastado dos palcos e voltar a ter o contato com o público depois de tanta coisa que a gente passou, é um presente”, comenta. “Já toquei em Goiânia antes e é sempre muito caloroso o carinho do público”, diz.Ela lançou recentemente o single Volta nas plataformas digitais, que ela considera o símbolo do seu retorno e também uma forma de abraço e de consolo. “Todos passamos por perdas nesta pandemia. E quantos de nós não daria tudo para alguém ou algum momento voltar, né?”, diz. “Isso me fez dar mais valor ao meu ofício. Ainda estou em processo de sentir o que isso significa, ruminando esse acontecimento e preciso colocar os pés no palco pra entender de verdade o que essa volta significa”, aponta.Da parceria entre os dois músicos nasceu o EP Taquetá Vol. 1, lançado em maio deste ano com a participação da cantora e compositora goiana Mariana Froes e produção musical da goiana Niela Moura. “O EP é um divisor de águas pra gente, no sentido de maturidade do trabalho. Foi quando resolvemos dar um passo além do que a gente havia feito”, comenta Rodrigo. “Sou suspeito para falar desse trabalho, porque sou muito orgulhoso. Ele mostrou para o público que a gente gosta de fazer música além do voz e violão, estilo em que somos muito conhecidos”, diz.O trabalho conta com cinco faixas e é resultado de um exercício de composição em conjunto entre os três compositores e intérpretes a fim de dialogar com públicos diversos, que ouvem música instrumental, jazz, bossa nova e, claro, os que acompanham a nova safra da MPB. “A Niela é super acadêmica e trouxe elementos junto da nossa música, que é mais popular”, explica Rodrigo. “Ouvir composições nossas tocadas por músicos tão virtuosos e ter ao meu lado intérpretes que admiro muito é, de fato, uma grande honra”, diz Ana.Pandemia e adaptações"Ao mesmo tempo que vem o alívio de voltar a encontrar o público, vem também as lembranças de tudo o que a gente passou nesse período”, comenta Rodrigo Alarcom sobre a retomada. “Os anos de 2020 e 2021 foram muito complicados. Convivemos com notícias e tragédias horríveis e não dá para fingir que nada disso aconteceu.” A saída para quem trabalha com arte e cultura, principalmente no primeiro momento da pandemia, foi a adaptação para o virtual em diversos níveis.“Ao mesmo tempo, aproveitei esse momento para conseguir manter uma relação mais próxima do meu público e que não poderia ser fisicamente, algo que a internet permite. A gente se manteve ativo dessa maneira”, lembra. Entre lançamentos nas plataformas digitais, Rodrigo disponibilizou o videoclipe da música Frágil Coração, que gravou durante a quarentena em seu apartamento, em maio de 2020. Alguns meses depois, em novembro, o cantor e compositor lançou um projeto audiovisual que batizou de Vazio: um show, com palco e tudo, mas que foi tocado para ninguém. “Vazio veio como um retrato desse momento em que a gente não podia fazer eventos e, muito menos, o que a gente mais gosta de fazer, que são os shows”, conta. Ao invés de fazer uma grande live, como as de diversos artistas, ele decidiu fazer um documentário. O registro aconteceu no Cine Joia, em São Paulo. “Eu gostaria de encher aquele lugar de pessoas, mas acabei enchendo de sentimentos”, comenta.-Imagem (Image_1.2357650)