Quem passa pela região do cruzamento entre a Rua 8 e a Avenida Anhanguera, no Centro de Goiânia, nas noites do fim de semana já sabe que a movimentação tem sido intensa por lá. De um lado, a Rua do Lazer vem experienciando a retomada do espaço pelo público e novos empreendimentos que abriram as portas após a reforma da área, em 2019. Do outro, ao lado do Cine Ritz, dois bares têm atraído bastante gente nos últimos meses: o Zé Latinhas e mais recentemente a Casa Liberté. Mas, sem apoio dos órgãos responsáveis, o tão esperado aumento do público gera impasses. Agora, comerciantes do setor cultural buscam apoio para debater a ocupação e transformar o local em uma via cultural e gastronômica.Como forma de chamar a atenção para as problemáticas que estão enfrentando, proprietários dos bares decidiram não funcionar no último sábado (27). Nem o Zé Latinhas, nem a Casa Liberté, localizados em lados opostos da Rua 8, abriram as suas portas. Mais acima, na Rua do Lazer, a Carvalhos Chopperia, que normalmente recebe os clientes a partir das 17 horas, também não funcionou.“O que vem acontecendo é que, com o avanço da vacinação, principalmente da segunda dose, o pessoal está sedento por opções de lugares e eventos. Principalmente os que são mais acessíveis economicamente falando, como os que acontecem na rua”, comenta Heitor Vilela, à frente da Casa Liberté. “A região central é de fácil acesso, por conta do eixão e dos ônibus que passam pelas avenidas Goiás e Tocantins, que vem da cidade toda. Isso vem atraindo um público bacana, uma grande quantidade de pessoas - e, com isso, vem também algumas problemáticas”, aponta.Os locais se tornaram pontos de encontro de um público majoritariamente jovem e que veio crescendo gradativamente. Via fechada para pedestres, a Rua do Lazer, como o nome sugere, tem o propósito de receber iniciativas culturais. É uma espécie de praça pública, onde é possível encontrar pessoas de todas as idades com instrumentos, em grupos de amigos ou curtindo as discotecagens promovidas pelos bares. Os DJs são as principais atrações do Zé Latinhas e da Liberté, que até já realizaram uma ação em conjunto: uma feira de vinil, cultura e arte com o objetivo de movimentar a região e ocupar a rua no início do mês de novembro.Principalmente às sextas e sábados, a grande concentração de pessoas que a área recebe vem atraindo também ambulantes e comerciantes de comida. “E, mesmo com o funcionamento dos bares indo até por volta de meia noite e meia, o pessoal continua na rua. Algumas pessoas vem com carros de som, com caixas bem potentes, para continuar tocando música ao longo da madrugada. Isso gera um certo incômodo para a vizinhança da Rua 4”, diz.A manutenção da limpeza também se tornou um transtorno com o cenário. “Um grande público gera também uma grande quantidade de lixo, e o que os bares produzem são de responsabilidade dos estabelecimentos. Nós recolhemos e colocamos em lixeiras na parte interna e externa. Mas depois que os bares fecham, esse lixo continua sendo produzido”, comenta Heitor. A falta de banheiros químicos para quem permanece na Rua 8 também se tornou um problema. “Tem salas comerciais na região que funcionam aos sábados”, aponta.Em conjunto e com o apoio de vereadores como Marlon Teixeira (Cidadania) e Aava Santiago (PSDB), que já manifestaram interesse em mediar as pautas, os comerciantes da região reivindicam auxílio da Prefeitura de Goiânia, Comurg, Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana para articular um apoio ao movimento que vem acontecendo na área.Heitor explica que a ideia é que o movimento que ocorre na sexta e no sábado ganhe a categoria de feira especial, como forma de organizar os ambulantes e de responsabilizá-los pelo lixo produzido, além da garantia da coleta da Comurg ao fim do evento. “Mesmo com estabelecimentos comerciais, quem frequenta a rua após o fechamento dos mesmos é a população em geral. São as pessoas que circulam pelo Centro, que sobem para cá depois que acaba o Chorinho, realizado pela própria Prefeitura”, comenta Heitor.“Desde que abrimos, há oito meses, nossa intenção é trazer cultura e música para a região. E, desde então, enfrentamos as dificuldades que os meninos da Liberté, Zé Latinhas e do Brasis, também na Rua do Lazer, vem enfrentando”, comenta Camilla Cristina, da Carvalhos Chopperia. “O que esperamos com essa parceria com a Prefeitura é um incentivo para continuar fazendo o que fazemos. Segurança, principalmente, apoio quanto ao lixo gerado após o nosso fechamento, porque somos responsabilizados por ele. Acreditamos que a Rua do Lazer possa ser um local que todos possam vir com amigos e família de forma tranquila”, diz.Na última segunda-feira (29), o vereador Marlon Teixeira mediou uma conversa entre os comerciantes e representantes da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Guarda Municipal, SMM e a Comurg para apresentar a proposta. “Nosso propósito é debater a revitalização e ocupação do espaço para que se torne uma via cultural e gastronômica. Vamos ter uma audiência com o prefeito Rogério Cruz em breve, provavelmente dentro de 15 dias, para apresentar esse projeto”, comenta Marlon.Já a vereadora Aava Santiago apresentou na terça-feira (30) um projeto de lei que prevê o fechamento para veículos do trecho da Rua 8 que fica entre a Avenida Anhanguera e a Rua 4, a área que abrange os bares Zé Latinhas e Casa Liberté, o Cine Ritz e outros comércios que funcionam somente em horário comercial. A ideia é que o fechamento seja realizado a partir das 18 horas às sextas e aos sábados e aos domingos e feriados durante todo o dia. Com a proposta, o trecho do Centro ganharia o mesmo propósito da Rua do Lazer. No mesmo dia, a vereadora se reuniu com os empreendedores à frente dos dois bares e da Carvalhos Chopperia para discutir as ideias para a região. . -Imagem (1.2363775)