-Imagem (Image_1.2391442)O primeiro sinal de que alguma coisa estava errada veio logo após o nascimento do filho. Uma dor insuportável na mão esquerda a impedia de fazer movimentos simples como segurar o bebê durante o banho. “Senti um desconforto tão grande que passou a dificultar, por exemplo, pegar meu filho no colo”, conta a enfermeira Thálita de Faria Prado Silva, mãe do pequeno Isaque, hoje com 7 meses. Ao procurar um médico ortopedista, ela descobriu que estava com uma tendinite no pulso.Durante a gestação, a enfermeira também sofreu com a síndrome do túnel do carpo, neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo, estrutura que fica entre a mão e o antebraço. No caso de Thálita, foi necessário uma intervenção cirúrgica para resolver o problema. “A tendinite ou tenossinovite é a inflamação do tendão ou de sua bainha de revestimento. Existe a tendinose que é outra alteração associada que seria a degeneração das fibras do tendão”, diferencia Henrique Bufáiçal, ortopedista e cirurgião da mão do Centro de Ortopedia Especializada (COE).Quando uma pessoa é diagnosticada com tendinite, isso significa que um de seus tendões, fibras responsáveis por unir o músculo ao osso, está passando por um processo inflamatório. “Os sintomas mais comuns são dor, inchaço e vermelhidão no local acometido. Pode existir associado à perda de força e de movimentos em casos mais intensos. Qualquer local que possua tendões pode ser acometido por tendinites, mas as mãos são mais comumente afetadas devido ao uso frequente no dia a dia”, explica o ortopedista.Durante a pandemia, aumentou o número de queixas de dor nos consultórios médicos de pessoas acometidas por tendinite, em função de condições ergonômicas inadequadas de trabalho remoto e uso excessivo de celular. Vale lembrar que os aparelhos não foram ergonomicamente projetados para que as pessoas passem longos períodos digitando. “As tendinites devem ser tratadas sempre por um ortopedista especialista na área afetada. Os tratamentos vão de medicamentos, compressas quentes, fisioterapia, imobilização, infiltração até cirurgia. Cada caso deve ser avaliado pelo médico responsável”, explica Henrique.Por ser um problema que pode acometer qualquer parte do corpo - o ser humano tem mais de quatro mil tendões - a tendinite merece atenção redobrada. Terapeuta ocupacional especialista em reabilitação da mão, Débora Machado Orlando Silva explica que a dor provocada pela doença pode ser aliviada com a utilização de órteses que posicionam as articulações dolorosas, medidas de analgesia, orientações de medidas de conservação de energia e proteção articular visando evitar a movimentação inadequada que provoque desconforto.“Existem várias formas de prevenir as tendinites. A primeira seria a realização de alongamentos e exercícios físicos para fortalecimento muscular, sempre com orientação e supervisão do profissional habilitado”, conta. A profissional também costuma aconselhar os pacientes a realizarem pelo menos duas pausas durante a jornada de trabalho e, sempre que possível, realizar adequações ergonômicas, em especial, no home office. “Desde a adequação da altura da mesa e cadeira, até o uso de teclados e apoios para os braços durante o uso dos equipamentos de tecnologia”, ensina.Doença silenciosa A tendinite é uma doença silenciosa e os primeiros sinais ocorrem com uma dor localizada, que vai e volta, geralmente quando o movimento é executado. “Normalmente o processo inflamatório do tendão ocorre pela sobrecarga mecânica de alguma estrutura muscular ou em decorrência de um trauma. A queixa dolorosa e a limitação funcional são as principais manifestações das tendinites”, explica o ortopedista Rodolfo Cambota.Identificar no cotidiano situações onde a ergonomia está desfavorável como durante o uso do celular ou computador é, segundo o médico, uma forma de reduzir a ocorrência de transtornos musculoesqueléticos. “A prática regular de exercícios com adequada orientação de um profissional também contribui para o não surgimento de tendinites”, ressalta. As tendinites por decorrência do uso excessivo de celular costumam atingir a região dos ombros, cotovelos e punhos e podem evoluir para lesões mais graves e degenerativas quando não tratadas corretamente. Evitar passar muito tempo segurando o aparelho na mesma posição e fazer pequenas pausas para alongar os dedos e os braços são maneiras eficientes de prevenção da tendinite.Três sinais Médico ortopedista especialista em mão, Emanoel de Oliveira explica que as tendinites se manifestam por meio da dor, diminuição da força e da mobilidade da região afetada. “Punhos e mãos, com destaque especial para o dedo polegar, cotovelos, calcanhar e joelho costumam ser as regiões mais afetadas”, explica.Medidas simples podem ser tomadas no início do quadro doloroso como a aplicação de gelo ou calor e alongamentos no local. O médico conta que a pandemia não só aumentou o número de pacientes no consultório com tendinites como também a gravidade dos casos.