Cirurgias mais precisas, com duração menor e menos invasivas já são possíveis graças a um ajudante especial: um robô. Mas ele não realiza nenhum movimento sozinho. Tudo o que é feito pela máquina é comandado por um cirurgião capacitado, que passou por treinamentos e possui certificação, por meio de um console de controle, parecido com o de um videogame. “Entre as principais vantagens está a rápida recuperação que a cirurgia robótica proporciona. Ela é minimamente invasiva, então a gente não precisa de cortes grandes para acessar o órgão alvo do paciente”, comenta o urologista Anselmo de Paula Orlando.Assim, o paciente consegue ir embora do hospital para casa e retornar mais rapidamente para as atividades sociais dele. “Esse paciente tem, ainda, menor sangramento no intraoperatório e um menor risco de ter de fazer uma transfusão sanguínea”, destaca. O pós-operatório também ocorre de forma mais tranquila. “A dor no pós-operatório é bem menor, porque as incisões, os cortes, são mínimos. Na cirurgia de próstata, especificamente, o paciente consegue se recuperar mais rápido na parte urinária e, muitas vezes, também consegue recuperar a função sexual mais rapidamente”, explica.Para o cirurgião que opera a máquina também existem benefícios, segundo o especialista. “Existem muitas vantagens para os profissionais, porque com o robô temos uma ergonomia de cirurgia melhor. O cirurgião opera sentado com os cotovelos apoiados, então ele consegue se manter de forma mais concentrada e mais confortável até em procedimentos mais longos, melhorando o desempenho do profissional”, comenta.Ele também destaca a visão tridimensional proporcionada pelo robô, aumentando a qualidade e amplitude. “Além disso, as pinças são muito pequenas, conseguindo chegar a locais de difícil acesso mais facilmente, o que facilita bastante a cirurgia”, diz o urologista. Ele esclarece que não existem indicações específicas para se realizar o procedimento cirúrgico com o robô. “É a mesma cirurgia. Um mesmo paciente pode ser operado por cirurgia aberta ou robótica, não existe nenhuma especificidade que obriga o paciente a ir para ela”, diz.Leia também:- “Impacto da inflação muda a partir dos 50” explica economista- Saúde pede atençãoO presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia (SBH), Marcelo Furtado, destaca que o uso do robô oferece ao especialista um aumento de imagem de até 40 vezes e movimentos das pinças de 360º, algo que a mão humana não é capaz de fazer, o que oferece mais precisão nos movimentos. “Ajuda a preservar as estruturas anatômicas e reduzir dor pós-operatório, sangramento e a presença de hematomas”, aponta.DemocratizaçãoA primeira cirurgia robótica realizada no Brasil aconteceu em 2008. Hoje, 14 anos depois, o número de procedimentos vem crescendo gradativamente e os avanços tecnológicos permitem que a cirurgia robótica seja uma alternativa eficaz e que priorize a qualidade de vida do paciente. A alta foi de 200% nos últimos quatro anos, segundo dados de um estudo realizado pelo Centro Americano de Acreditação em Cirurgia Bariátrica e Metabólica.Em Goiás, a primeira cirurgia do tipo foi realizada em janeiro deste ano com o uso do robô Da Vinci Surgical System, no Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia. Em dez meses, o programa de robótica da unidade já realizou mais de 300 cirurgias.ModalidadesO Brasil possui hoje duas plataformas robóticas liberadas para uso em cirurgias em modalidades como urologia, gastrocirurgia, ginecologia, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia cardíaca e torácica. Correção de hérnia, tratamento de câncer de próstata e correção de cardiopatia congênita estão entre as possibilidades e tratamento de endometriose estão entre as patologias com indicações para o procedimento.Com novas plataformas chegando, essa tecnologia, que ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), deve se tornar mais acessível, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia (SBH), Marcelo Furtado. Para ele, a democratização desse tipo de procedimento é uma questão de tempo.“Não há dúvida que é o futuro. Hoje não estamos em um estágio de discussão de se, mas de quando ela vai estar disponível para a maioria das pessoas”, aponta. “Tem a questão do custo, que limita muito, mas o Brasil avançou bastante nos últimos anos, com um número grande de plataformas instaladas. O que era algo restrito há cinco anos, mais do que dobrou recentemente”, diz Furtado.