Zezé Di Camargo está com um projeto novo no mercado e não é ao lado de Luciano. O sertanejo goiano acaba de lançar o solo Rústico, ideia que nasceu e amadureceu na pandemia graças ao tempo livre em que ele ficou mais ao lado da natureza, do violão, da música e da família. O álbum conta com cinco músicas (Pedras, Fraude, 35 Latas de Cerveja, Vou Ter que Tomar Uma e Banalizaram), tem direção de Anselmo Troncoso e produção musical de Felipe Duran. A ideia é lançar mais um disco, gravar um DVD e depois iniciar uma turnê. Zezé avisa que a parceria com o irmão segue intacta. “Uma coisa não interfere na outra, o Zezé Di Camargo e Luciano são uma coisa, o Zezé solo é outra, assim como o Luciano gospel é outra”, comenta. Em entrevista coletiva pelo lançamento do EP, o artista falou sobre a criação do Rústico, escolha do repertório, convivência com Marília Mendonça e a possibilidade de ser pai novamente. Confira.Quando surgiu a ideia de desenvolver o projeto solo?Tem dois anos que estou nesse projeto, que representa um momento muito especial da minha vida. É claro que vem numa circunstância não desejável para todos nós, que é a pandemia, mas achei uma maneira de passar o tempo e a pensar mais no Zezé Di Camargo cantor, na minha voz e no meu trabalho. Isso me deu uma segurança de que o meu caminho está certo. Estou em lua de mel e a impressão que eu tenho é que estou começando a carreira agora, a motivação é essa. Era do que eu precisava na minha vida.Mas como foi o início de tudo?Comecei a cantar algumas canções em voz e violão no salão da fazenda em Araguapaz e postar no meu canal do YouTube. Estava com o produtor Felipe Duran tomando cerveja e cantando umas modas e decidi disponibilizar nas redes sociais. A aceitação do público foi imediata e decidi criar o projeto. Devo gravar o DVD em abril ou maio, depois vou abrir a agenda para fazer shows em todo o País. O disco vai contar com 28 canções, 15 inéditas e 13 releituras de Zezé Di Camargo e Luciano.Como você vai conciliar o projeto solo com a agenda de shows de Zezé Di Camargo e Luciano?Uma coisa é preciso deixar bem claro. Zezé Di Camargo e Luciano são uma instituição do Brasil. É igual time de futebol, que não pertence aos jogadores e aos dirigentes, mas à torcida. Jamais vou deixar os fãs órfãos, mas também não vou me privar de dar uma opção nova. Uma coisa não interfere na outra, o Zezé Di Camargo e Luciano são uma coisa, o Zezé solo é outra, assim como o Luciano gospel é outra. A nossa parceria já está estabelecida no mercado, mas precisava de uma energia nova, outro desafio.Vocês vão diminuir a agenda de shows para atender ao seu projeto solo e ao do Luciano?Já acertei com o empresário da dupla que vamos fazer menos shows em 2022 e em 2023. Vai ser um número reduzido, até porque preciso de um tempo para o Zezé Di Camargo Rústico. Em vez de 120 shows por ano, fazer 110 (risos). Eu estou pensando em passar mais tempo na fazenda também. Fazer show é muito cansativo, estar no palco e com o público é um orgasmo de duas horas, mas até você chegar é complicado, por conta da logística. Vamos tirar o pé do acelerador nesse sentido, mas de criar projeto vou continuar acelerando.Depois da gravação do DVD você começa a fazer turnê, como acha que vai se sentir quando subir no palco sem o Luciano?Eu gosto de desafios e esse será mais um. Sou um artista consagrado que está começando. Acho que é o único caso de ficar famoso antes de fazer sucesso. É um projeto que me faz bem, me faz trabalhar e mostrar novidades para as pessoas. Vou sair um pouco da zona de conforto para brigar por um espaço com outros artistas solos. A preocupação maior é fazer algo bonito e que emocione os meus fãs. Não vejo porque não gostar do Zezé Di Camargo Rústico.Como foi o processo de escolha do repertório?Quando resolvi fazer o Rústico, claro que quis trazer o romantismo para as melodias e canções que escolhi com compositores de várias partes do Brasil. No repertório, optei por canções que eles não estavam usando no momento, que não mostraram para ninguém, aquilo que o pessoal não gravaria e que não tem nada a ver com o que está rodando hoje no mercado. A ideia é gravar um DVD e cantar música sertaneja como sempre achei que deve ser cantada e do jeito que eu gosto. O que está ali é 100% o meu gosto pessoal.A primeira parte do EP Rústico traz cinco canções e nenhuma é uma composição sua. Você parou de compor?As pessoas pensam que o Zezé parou de compor, o que não é verdade. Tem muitas canções minhas que estouraram e muita gente não sabe que é minha. Por exemplo, Pra Você, da Paula Fernandes. Nunca tive bloqueio para compor, apenas cansaço, tem hora que você quer parar.A pandemia acabou ajudando na criação e formatação do projeto solo. Como foram esses dois últimos anos do Zezé?Se não tivesse a pandemia continuaria fazendo 120 shows por ano com Zezé Di Camargo e Luciano e não teria esse tempo para poder fazer o projeto solo. Algo que agradeço bastante foi a oportunidade de viver os últimos meses de vida com o meu pai (Seu Francisco). Tive a oportunidade de levá-lo para a fazenda e durante quatro meses eu fui a última pessoa que conversava com ele antes de ele dormir. Esses momentos estão gravados na minha mente. Passar mais tempo em casa também foi maravilhoso. Isso vai ser um estilo de vida que vou seguir daqui para frente. Não quero deixar de fazer essas coisas que alegram minha alma e vou continuar cuidando da dupla.Como você se sente sendo uma referência para tantos outros artistas, inclusive de gêneros diferentes do sertanejo?Até hoje isso me assusta um pouquinho porque me deixa com um senso de responsabilidade maior. Isso porque tudo que você fizer tem de estar excelente e você acaba se cobrando muito. Agora, quando converso com outros artistas de outros segmentos que gostam da minha música, como a Ludmilla, isso me emociona. O Thiaguinho também. Ele me ligou para a gente regravar Dois Corações e Uma História. Essas revelações me trazem uma grata surpresa.A Marília Mendonça era outra grande fã da dupla...Eu também não imaginava que a Marília fosse minha fã. Quando ela começou a compor em Goiânia, o meu irmão, o Emanoel Camargo, falou comigo das letras dela e que ela admirava a dupla. Depois a convidei para cantar duas vezes. Após a tragédia da morte dela, fiquei frustrado de não ter tido a oportunidade de ter convivido com ela por mais tempo. Uma das coisas que mais me emocionou na minha vida foi a história da Marília. Preciso visitar a mãe dela para entregar o material que gravei com a filha dela para ela fazer o que quiser.Como anda o projeto de um novo filho com a Graciele Lacerda?Fazer eu faço todos os dias, mas não está escapando. Eu sou vasectomizado há mais de dez anos, mas existe um processo chamado punção testicular para retirar o espermatozoide vivo. Não é um processo normal e por isso atrasa. Em breve, vai ter um Zezezinho ou uma Zezezinha.