Pernambucano de Recife e um dos sete filhos de seu José Luiz, Ângelo Lima chegou a Goiás aos 8 anos, em 1959. No ano seguinte foi a Brasília com o pai e viu com os próprios olhos a inauguração da nova capital federal. Viajaram em um Decave Vemag: ele, seu José Luiz, a mãe e os seis irmãos. Uma cena no estilo road movie. Foi em solo goiano que ele assistiu a A Guerra dos Botões, do francês Yves Robert, e conheceu a efervescência de Eldorado, país fictício da América Latina criado pelo icônico Glauber Rocha.Quase 60 anos depois, é aqui também que, desta quarta-feira (23) até o próximo dia 31, ele reúne 30 de suas obras em uma mostra realizada dentro da programação do 8º Festcine Goiânia, no cinema do Centro de Cultura Goiânia Ouro. Para receber o público, a partir das 19h30, os curtas Trocando em Miúdos, Arte Urbana e Hoje a Mangueira Entra. A partir de quinta-feira (24), e até o dia 31, o Cine Ouro recebe duas sessões diárias, às 15 e 20 horas, sempre com entrada gratuita.Para quem não conseguir encaixar os 30 títulos na programação pessoal, Ângelo destaca alguns filmes marcantes que farão com que o público conheça mais de perto o cineasta. Um Vídeo Chamado Brasil, de 2000; Amarelinha, de 2003; Icologia, de 2005; e O Pesadelo é Azul, de 2007, são obrigatórios, segundo ele. A missão de selecionar apenas alguns não é fácil, já que são quase 50 anos de carreira, 4 longas, 26 curtas-metragens e cerca de 40 prêmios em participações em mais de 280 festivais em todo o mundo.Os curtas Amarelinha e O Pesadelo é Azul retratam o acidente radiológico com o césio 137, que completa 30 anos em 2017. Ângelo afirma que quem for ao Cine Ouro vai conhecer um cineasta que trabalha sem roteiro, “um cinema do tipo caldo de cana”, feito na hora, e com um olhar humano e descontraído. No forno atualmente, ele ainda tem dois curtas-metragens: um que fala sobre o candomblé e outro que traz a história das Congadas de Catalão.AberturaPara a noite de abertura da mostra, foram selecionados três filmes do realizador. O curta A Feira do Troca foi filmado no povoado de Olhos d’Água, quase divisa com o Distrito Federal e conta a história da feira que, além de fortalecer a tradição artesanal e cultural da região, fomenta a prática do escambo. O documentário Arte Urbana traz depoimentos de vários artistas que fazem intervenções urbanas na capital.Já no curta Hoje a Mangueira Entra, o cineasta conta a história de um bloco de carnaval de Olinda, em Pernambuco. Criado por mulheres, em resposta aos maridos que iam aproveitar a festa sem hora para voltar, o bloco faz referência à entrada da Estação Primeira de Mangueira no sambódromo e carrega um tom sexual fazendo alusão à liberdade feminina. “É um filme que fala sobre as sobre as mulheres pernambucanas, que são fortes, determinaas e guerreiras.”PerfilProdutor, ator, fotógrafo e diretor, Ângelo Lima entrou, oficialmente, no mundo do cinema aos 16 anos com o curta-metragem O Som é Meu O Sol. Em Goiás, participou da fundação do Centro e Cultura Cinematográfico, da Associação Brasileira de Documentaristas em Goiás, do Cine Clube João Bênnio, da Associação de Cinema Independente de Goiás.Ganhador por duas vezes do Fica, sendo 11 vezes classificado como finalista do festival, Ângelo acumula prêmios como o da Organização Católica Internacional de Cinema, que valoriza produções de caráter humano. O pernambucano, que recebeu o título de cidadão goianiense em 2014, já levou o nome de Goiás para cidades como Rio de Janeiro, Nova York, Berlim, Cusco e Montevidéu.Evento: Mostra de Cinema Ângelo Lima - 8º Festcine Goiânia Local: Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro - Rua 3, esquina com Rua 9, Setor CentralData: De amanhã (23), às 19h30, a 31 de agosto, sempre às 15 e 20 horasInformações: www.festcinegoiania.comEntrada gratuita