O Brasil votou a favor de uma resolução no Conselho de Segurança para condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, nesta sexta (25).A medida no entanto, foi vetada pela Rússia, que tem o poder de barrar medidas por ser um dos cinco membros permanentes do CS. Assim, a resolução serviu para que os países mostrassem seu descontentamento com Moscou, mesmo que não gere ações imediatas.A medida teve 11 votos a favor, 1 contra e três abstenções."O Conselho de Segurança deve reagir rápido ao uso da força contra a integridade territorial de um estado membro. Esta linha foi cruzada e este conselho não pode permanecer calado", disse o representante brasileiro, o embaixador Ronaldo Costa Filho, na sessão de debates que antecedeu a votação.A declaração representa um posicionamento mais forte do Brasil contra a invasão russa. Nas duas reuniões do CS para tratar o tema, realizadas nesta semana, o embaixador Ronaldo Costa Filho, que representa o país na ONU, evitou ataques diretos às ações russas em seus discursos.Nas últimas semanas, o Brasil vinha tentando se equilibrar entre a posição dos Estados Unidos e aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a da Rússia de Vladimir Putin.A última manifestação de Costa Filho, havia ocorrido na noite de quarta (23). Na ocasião, o diplomata brasileiro disse que "a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial, soberania e independência política de um membro da ONU é inaceitável".Apesar dos termos críticos, na ocasião Costa Filho não mencionou diretamente o governo da Rússia e passou longe da retórica americana e de aliados europeus que responsabilizam diretamente Putin pela maior ameaça militar no continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial.A invasão da Ucrânia foi anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin naquela mesma noite, justamente enquanto a ONU debatia a questão.Nos últimos dias, diplomatas americanos e de outros países ocidentais tiveram reuniões com o Itamaraty para tentar assegurar o voto do Brasil. Na manhã desta sexta, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou por telefone com o ministro das Relações Exteriores, Carlos França.Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma visita a Moscou e disse que o Brasil "é solidário" à Rússia, sem especificar a que aspecto manifestava solidariedade. O gesto do líder brasileiro foi repudiado pelos EUA."A vasta maioria da comunidade global está unida em sua visão de que outro país tomando parte de sua terra, aterrorizando seu povo, é certamente algo não alinhado aos valores globais. E então, penso que o Brasil pode estar do outro lado em que a maioria da comunidade global está", disse Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, na sexta (18).Após as críticas, Bolsonaro disse em uma live que sua viagem a Moscou não "foi para tomar partido de ninguém". "Até falei que o mundo é nossa casa e que Deus está acima de todos. Falei uma mensagem de paz", afirmou.