Assim como a candidatura de Gustavo Mendanha (sem partido) ao governo de Goiás, já é dado como certo que Vilmar Mariano (Podemos), atual vice-prefeito, deve assumir a Prefeitura de Aparecida de Goiânia a partir do próximo mês.Ex-vereador, o político foi recentemente alçado ao comando do Podemos em Goiás e, agora, com a saída de Mendanha para a disputa estadual, deve ascender ao posto mais alto do Executivo municipal. Alvo de desconfianças, promete dar continuidade ao projeto do companheiro de chapa.“Independentemente de ganhar ou não a eleição para governador – e eu acredito que ele vai vencer – vai ser meu conselheiro. Vou fazer tudo aqui muito alinhado com ele. Não é submissão. É a fidelidade que nós temos um com o outro. E isso nos fez caminhar juntos nesse um ano e pouco que passou e (vai fazer) nesses anos que virão”, diz Vilmar Mariano (leia entrevista abaixo).Nascido em Aragoiânia, Goiás, foi eleito vereador de Aparecida pela primeira vez em 2000 e assumiu o posto em 2001. Vilmar seguiu no Legislativo até 2012. Depois, voltou à Casa em 2017, quando se tornou presidente da Câmara.Eleito sempre pelo MDB, o atual vice-prefeito se manteve no comando da mesa diretora de 2017 até 2020, quando encerrou seu último mandato de vereador para se tornar vice-prefeito na chapa de Mendanha.Foi a partir de 2012 que o atual vice-prefeito se aproximou de Mendanha. Entre 2013 e 2016, Vilmar compôs a equipe do então prefeito de Aparecida, Maguito Vilela (MDB), como secretário de Esporte, Lazer e Juventude.Na mesma época, Mendanha se tornaria, pela primeira vez, presidente da Câmara Municipal, permanecendo no posto até 2016, quando se candidatou para prefeito, em um projeto de sucessão de Maguito.A partir de 2017, então, com Mendanha na Prefeitura e Vilmar na Câmara, o mandato foi de uma relação harmônica entre o Legislativo e o Executivo.Em 2020, durante as convenções partidárias, surgiu o impasse de quem seria o candidato a vice na chapa de Mendanha pela reeleição. O PSD esperava pela continuidade de Veter Martins no posto. O presidente estadual do partido, Vilmar Rocha, chegou a fazer vídeo de apoio a Mendanha na época das convenções.A sigla lançou o senador Vanderlan Cardoso (PSD) para a disputa pela Prefeitura de Goiânia, com o apoio do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Tratava-se de uma candidatura de oposição a Maguito Vilela, que se lançava candidato do MDB pelo Executivo na capital.Com o PSD e o MDB em chapas opostas em Goiânia, a união das siglas na cidade vizinha tornou- se inviável.Foi assim que, já no fim do prazo para as convenções, Mendanha anunciou Vilmar Mariano como seu vice e o PSD chegou a lançar Veter Martins como candidato a prefeito de Aparecida. Mais tarde, Veter desistiu da disputa e apoiou Mendanha.Chapa puraEstava formada a chapa com dois emedebistas – Mendanha e Vilmar – em uma eleição que reelegeu o prefeito com mais de 95% dos votos. Apesar da parceria dos dois, os primeiros dias de 2021, o primeiro ano do mandato, foi de descontentamento por parte de Vilmar pela pouca influência na indicação de secretários.A virada de chave se deu quando Mendanha rompeu com o MDB, em setembro, devido à aliança do partido com Caiado, que àquela altura anunciava Daniel Vilela como candidato a vice em sua chapa para disputar a reeleição.A candidatura do prefeito ao governo do estado se tornava mais concreta e Vilmar se tornou peça fundamental, já que seria seu sucessor na Prefeitura.Mais recentemente, o provável futuro prefeito teve um novo descontentamento com a antiga sigla, quando a Câmara de Aparecida antecipou a eleição da mesa diretora, para o biênio 2023-2024.A antecipação do pleito para outubro do ano passado denunciava uma suposta manobra para que Mariano não viesse a ter influência sobre a escolha da nova mesa diretora da Casa, já que, naturalmente, ela seria realizada no fim de 2022, quando ele provavelmente já seria o prefeito.Foi isso que levou Vilmar a não apoiar a reeleição de André Fortaleza (MDB) na Câmara. Mesmo assim, o emedebista foi reeleito e continuará no comando do Legislativo até 2024. Ao POPULAR, Vilmar afirma que a questão já foi superada.Hoje, a presença de Vilmar nas articulações pela candidatura de Mendanha ao governo do estado é ativa. A sua filiação ao Podemos e sua indicação ao comando da sigla em Goiás fazem parte dessa movimentação.O vice-prefeito assumiu o partido que até então era presidido pelo deputado federal José Nelto, aliado de Caiado, que tentava colocar o Podemos na base do governador.Agora, a sigla está no grupo oposto. Vilmar afirma que quer que o parlamentar permaneça no Podemos. José Nelto, por sua vez, admite que cogita trocar de partido para apoiar Caiado. Adib Elias, prefeito de Catalão e aliado de Caiado, já até se desfiliou.TransiçãoDesde o início de 2022, a Prefeitura realiza um processo de transição do comando das mãos de Mendanha para as de Vilmar. Ele afirma que seu foco será na continuidade do projeto eleito em 2020. O principal objetivo, no primeiro momento, será o asfaltamento da cidade.Aliados afirmam que a desconfiança de que ele não dê continuidade ao projeto de Mendanha é uma narrativa da oposição. A aposta é de que esse discurso será utilizado na campanha de 2022 para desacreditar Mendanha, que teria deixado a cidade nas mãos de alguém “despreparado”.Por parte dos aliados do prefeito, há confiança de que Vilmar será fiel ao plano de governo, dada sua relação de parceria histórica com Mendanha. “O próprio Gustavo enfrentou essa ‘desconfiança’ ao suceder o Maguito e saiu reeleito com 95%”, analisa um dos interlocutores do prefeito.9 perguntas para Vilmar Mariano (Podemos), vice-prefeito de Aparecida de Goiânia1-Quais as chances do Gustavo Mendanha se filiar ao Podemos?Tem vários partidos para que ele possa se filiar. No momento exato ele vai procurar a melhor opção para ele. A gente ainda não se preocupou com esse assunto.2-Como o sr. tem lidado com a presença de caiadistas no Podemos?Quem está no partido ainda e foi aliado do Caiado na eleição passada pode ser aliado do Gustavo nessa eleição agora, isso não tem relevância. Se eles quiserem ficar, vão ter o respaldo que sempre tiveram e, diante de qualquer situação, estamos dispostos a conversar, tanto com o José Nelto como com o Adib Elias e outros. São quadros importantes no estado de Goiás, e o partido tem interesse de que eles permaneçam. 3-Como está o processo de transição para a saída do Mendanha da Prefeitura?Eu tenho reunido com os secretários, vendo como está o organograma de cada pasta para este ano e para os dois seguintes. Já estou na gestão há muito tempo. Então, não tem muito o que passar. A gente já sabe de quase toda a gestão. Fui presidente da Câmara na gestão passada, sou vice agora e o Gustavo dá muita liberdade para gente trabalhar. Eu sei de tudo que está acontecendo na Prefeitura e quais são as entrelinhas das secretarias. 4-Mendanha foi reeleito prefeito de Aparecida com 95% dos votos. Como o sr. lida com essa pressão?Eu lido da mesma forma que eu lidaria se eu tivesse sido eleito prefeito também, de forma muito natural. Acho que, na gestão pública, o prefeito é só uma peça, tem toda uma engrenagem em volta, que o Gustavo selecionou a dedo. 5-Quais são os planos para a sua provável gestão ?O plano de gestão é dar continuidade ao que o Gustavo vem fazendo. Implementar o asfaltamento da cidade, que ainda existe muito a ser feito. Nessa época do ano é natural que o mato esteja alto nas nossas ruas, então vamos sanar esse problema e, após esse período chuvoso, começar as obras. Reformar as escolas que ficaram fechadas algum tempo, dar segmento à infraestrutura da cidade.6-Qual vai ser a influência do Mendanha na administração?Independentemente de ganhar ou não a eleição para governador – e eu acredito que ele vai vencer – vai ser meu conselheiro. Vou fazer tudo aqui muito alinhado com ele. Não é submissão. É a fidelidade que nós temos um com o outro. E isso nos fez caminhar juntos nesse um ano e pouco que passou e (vai fazer) nesses anos que virão. 7-O sr. vai atuar na campanha dele para governador?Vou atuar diuturnamente, se for preciso, para o Gustavo ganhar a eleição para governador.8- O que acha das especulações de uma possível aliança com o ex-governador Marconi Perillo?Na verdade, não tem nenhuma aliança feita. Mas o ex-governador Marconi é um grande quadro no estado de Goiás. Tenho certeza que, no momento certo, o Gustavo vai tomar essa decisão. Mas essa decisão cabe a ele.9-Como está hoje a relação entre o sr. e o presidente da Câmara de Aparecida, André Fortaleza (MDB)?O meu relacionamento com o André é muito bom. Somos amigos. Fomos vereadores na gestão passada. Agora, o fato de ter interesse na eleição da Câmara é algo que diz respeito à Câmara. O Executivo é outra coisa. Se eles acharam por bem ter antecipado a eleição da mesa e reeleger o André por mais dois anos, para o próximo biênio, bom demais da conta. O relacionamento entre o Executivo e o Legislativo vai ser de muita harmonia.