1- O presidente Lula pediu que o partido investisse na formação de núcleos evangélicos nos estados. O que está sendo feito para viabilizar essa aproximação?Nós temos o Núcleo dos Evangélicos do PT em 21 estados. Estamos produzindo um material para iniciar o diálogo com os evangélicos, mas não necessariamente do PT, porque esses já sabem e estão dentro. Nós estamos dialogando em cima das políticas públicas do presidente Lula. Não tem nenhuma receita. É falarmos da verdade, do que foi feito no governo do Lula, para trazer à memória aquilo que foi importante para o País e que atingiu número considerável de evangélicos. Os evangélicos estão em crescimento e é preciso ter um olhar para a contribuição que eles podem dar na formulação de uma política para esse País sair do sufoco. Não é apenas fazer uma discussão de costumes. Se a gente só fazer uma discussão de costumes, isso não muda a economia, não vai trazer empregos para as pessoas. O PT nunca trabalhou contra os valores e crenças dos evangélicos. A contribuição do PT com os evangélicos sempre aconteceu. E aconteceu pela execução de políticas sociais que mudaram a realidade do povo brasileiro e mudou também a vida dos evangélicos, como Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Brasil sem Miséria, Luz para Todos, Mais Médicos, o programa das universidades. É importante dizer que das 24 milhões de famílias brasileiras que compraram geladeira, 8 milhões eram lares de evangélicos. A gente quer dialogar sobre uma política abrangente, uma política para o Brasil, de inclusão, de desenvolvimento e respeito à Constituição. Nós temos uma Constituição, em que está o direito da liberdade de culto. Não tem por que agora, no caos em que o Brasil está metido, não dialogar com os evangélicos, até mesmo com aqueles que votaram com o Bolsonaro.2- Quais lideranças evangélicas que já estão com o PT neste projeto e como é a participação delas?Sempre que falam “lideranças evangélicas estão com fulano ou ciclano”, estão falando da cúpula da igreja, dos pastores. Nós estamos falando de evangélicos e evangélicas. Nós estamos falando para o povo evangélico. E o povo evangélico está na classe média e classe alta, mas a maioria é da classe popular. É esse diálogo que queremos e estamos fazendo. É a senhora que está lá no pico do morro, é evangélica e cuida do seu netinho e precisa ter escola. Que haja boa qualidade de água e de saneamento para as pessoas. Quem pode ficar contra isso? Acho que nenhum cristão fica contra isso. No governo de Lula, 38 milhões de negros e negras tiveram acesso a água de qualidade e saneamento adequado. Destes, 13 milhões eram evangélicos. Como falar em evangélico é muito abrangente, você vai encontrar evangélicos em movimentos sociais, nos partidos políticos, como o nosso, no movimento das mulheres, dos negros, dos trabalhadores rurais. Estamos dialogando com essas pessoas sobre seu salário, sobre seu emprego ou desemprego. Falam que os evangélicos estão todos com o governo (Bolsonaro). Não estão. Isso não é verdade. A começar pelo meu partido. A gente quer fazer essa discussão e mostrar que evangélicos também votam no PT. O Haddad teve 30% de evangélicos votando com ele. Não é pouca coisa para uma campanha que foi em cima da hora, todo mundo estava esperando o Lula, mas prenderam o Lula. Não tem nenhuma estratégia invisível. Ela é pura e transparente, é conversar com as pessoas.3-O pré-candidato ao governo de Goiás do PT, Wolmir Amado, é ligado à igreja católica. O PT também tem raízes na igreja católica. Isso atrapalha o plano?Nunca atrapalhou. Os evangélicos não brigam com os católicos. A nossa disputa de ideias não é uma guerra religiosa da igreja X ou Y. Temos outros segmentos religiosos com os quais também dialogamos e que em Goiás há de ter, como católico, evangélico, candomblecista. E um candidato ao governo dialoga com todo mundo. O Lula também recebe apoio de religiosos católicos. Temos nosso setorial inter-religioso no PT que dialoga com todas as formas das religiões. Não atrapalha em absolutamente nada.