Entre os 41 deputados estaduais goianos, 30 vão buscar a reeleição. Além disso, outros nove registraram candidatura para deputado federal. Com isso, apenas dois parlamentares - o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSD), e Tião Caroço (UB) - estarão oficialmente fora do pleito deste ano.Já na Câmara dos Deputados, dos 17 nomes de Goiás, 13 vão disputar a reeleição. Vitor Hugo (PL) fica de fora da disputa pelo Legislativo porque é candidato ao governo de Goiás. Delegado Waldir (UB) e João Campos (Republicanos) são candidatos ao Senado - o primeiro na base de Ronaldo Caiado (UB) e o segundo na oposição, com Gustavo Mendanha (Patriota). José Mário Schreiner (MDB) decidiu não disputar a reeleição.Esta é a primeira eleição para deputado estadual e federal sem a possibilidade de coligações proporcionais. Cientistas políticos consultados pela reportagem avaliam que o cenário deve ser de pouca mudança de nomes no Legislativo.Em 2018, 28 parlamentares buscaram ser reconduzidos às suas cadeiras na Assembleia Legislativa de Goiás e 20 tiveram sucesso. As outras 21 vagas foram ocupadas por novatos. O PSDB - partido derrotado na disputa ao governo e ao Senado naquele ano - ficou com a maior bancada, cinco deputados.Com o passar dos anos e de movimentações políticas, o cenário mudou. Atualmente, o União Brasil (partido comandado por Caiado, que surgiu em fevereiro de 2022 a partir da fusão entre DEM e PSL) tem a maior bancada, com nove parlamentares.Leia também:- Candidatos são mais velhos, instruídos e com maior presença de negros nas eleições de 2022- Justiça recebe denúncia contra Baldy por contratação irregular de obras quando era ministro- Romário Policarpo volta a passar mal; equipe informa que ele não será mais candidatoApesar de ficarem de fora das candidaturas registradas, Lissauer e Tião Caroço estão diretamente envolvidos na eleição. Ao longo do último ano, o pessedista já foi cotado e articulou por diferentes projetos, como Câmara dos Deputados, Senado e vice na chapa governista.Lissauer chegou a anunciar sua pré-candidatura ao Senado e foi defensor de nome único na base. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que confirmou a possibilidade de candidaturas isoladas, o cenário com diferentes nomes no grupo se consolidou. Lissauer recuou e foi escolhido pelo governador para ser coordenador-geral de sua campanha. No grupo governista, permaneceram na disputa ao Senado Alexandre Baldy (PP), Vilmar Rocha (PSD) e Waldir.DesistênciaJá Tião Caroço já definiu apoio a candidato a deputado estadual e ainda articula sobre a quem deve dar respaldo na disputa federal. Na majoritária, o parlamentar já declarou que vai apoiar Caiado para governo e Marconi Perillo (PSDB) para Senado, dois nomes que estão em lados opostos da política goiana atualmente.Na Assembleia, Tião Caroço faz parte da base Caiado, mas antes pertencia ao tucanato. Questionado sobre por qual motivo decidiu não ser candidato, o parlamentar disse que atua nesta área desde os 14 anos de idade e “vai indo, você cansa de fazer política”.Na disputa federal, José Mário Schreiner anunciou desistência em junho, mas postagens em suas redes sociais demonstram que ele está em plena campanha por Marussa Boldrin (MDB), vereadora em Rio Verde e apresentada como nome que representa entidades do agro em Goiás.Na época do recuo, o Giro mostrou que José Mário é vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e deve assumir o comando da entidade em breve.Na disputa estadual ainda há o caso de Zé Carapô (Pros), que havia desistido de registrar candidatura para a eleição deste ano. O Pros está no meio de uma disputa judicial e seu comando foi alterado diversas vezes nas últimas semanas. Carapô é aliado de Eurípedes Júnior, que é o atual presidente nacional do partido (o plenário do TSE tomou decisão sobre o tema no dia 10 de agosto).O deputado disse que registrou sua candidatura para deputado federal na segunda-feira (15), no limite do prazo.Quadro mostra dificuldade de renovação, diz especialistaO cenário de busca por reeleição reflete a dificuldade de renovação política e não é uma novidade da eleição de 2022. A avaliação é do cientista político e professor Pedro Célio Alves Borges, que também destaca que o quadro reflete o fechamento dos comandos partidários e a natureza elitizada do legislativo. “É difícil ter renovação porque os candidatos dominam as máquinas partidárias e já entram na disputa com mais condições que os adversários”, afirma.O professor e cientista político Guilherme Carvalho também acredita que o cenário aponta para pouca renovação nas casas legislativas. Guilherme avalia que ainda não foi possível perceber nomes na eleição que demonstrem ameaça aos atuais mandatários. “A chance de reeleição é ampla”, diz.O professor explica que o fim das coligações proporcionais colabora para o fortalecimento de grandes partidos e os candidatos que entenderam essa ideia e fizeram movimento neste sentido durante a janela partidária podem ser favorecidos. “Na Assembleia, a competição tende a fortalecer quem já tem mandato ou quem migrou de forma inteligente e ajudou a formar chapas competitivas”, diz.O quadro em Goiás é reflexo de um comportamento nacional. Reportagem publicada pelo jornal Estado de S.Paulo mostrou que a disputa deste ano tem número recorde de deputados candidatos à reeleição, com 446 nomes (dados do TSE até a tarde desta terça-feira, 16).-Imagem (1.2511428)