Pelo menos 85% das cidades goianas tiveram arrecadação maior em 2021 do que em 2020, ano marcado por receitas extraordinárias devido ao socorro da União em razão da pandemia de Covid-19. Os dados são do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO), enviados a pedido do POPULAR em 8 de março.Foram 207 as cidades que apresentaram, em 2021, receitas superiores às que tiveram no ano anterior, entre as quais estão dez que atrasaram a prestação de contas junto ao TCM-GO. A reportagem as considerou na análise porque apresentam arrecadação superior mesmo com as contas ainda não fechadas. Isto é, essas dez terão arrecadação final ainda maior às disponibilizadas atualmente.Ao todo, foram 40 as cidades que não atenderam ao prazo de envio dos dados de dezembro ao tribunal, 14 de fevereiro (veja quadro ao lado). Entre elas estão as maiores do Estado, Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis, que geralmente lideram o ranking goiano de arrecadação (leia na página 5).Analisando as receitas apenas das cidades com prestação de contas fechada, percebe-se que a arrecadação foi puxada por repasses maiores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e da cota-parte do ICMS. A cota-parte mensal do FPM desses municípios fechou o ano passado R$ 883,7 milhões acima do arrecadado em 2020; já o ICMS foi R$ 849 milhões superior.Os dois são repasses constitucionais: o primeiro é feito pela União com recursos compostos da arrecadação de impostos como o de Renda (IR) e o sobre Produtos Industrializados (IPI); já o segundo é feito pelos Estados, sob determinação constitucional de que 25% do total arrecadado com ICMS nos Estados seja repartido entre seus municípios.Goiás, como já mostrou o POPULAR, foi uma das unidades da Federação com maior crescimento de ICMS em 2021, ano em que Estados bateram recorde de arrecadação do imposto, em grande parte, devido às altas da conta de luz e da gasolina.O consultor orçamentário Renatho Melo explica que a arrecadação federal está em alta, “uma vez que a pressão inflacionária resulta em maior recolhimento de impostos, o que reflete nos repasses aos municípios, sobretudo por conta da retomada das atividades econômicas, a partir do melhor controle da pandemia em decorrência da vacinação em massa.”Ele ressalta ainda: “É bom lembrar que os municípios menores sobrevivem dos repasses da União e dos Estados, pois demonstram dificuldade de sustentação tributária própria.”Os dados do TCM-GO mostram que, somadas as arrecadações de ISS, ITBI e IPTU, principais impostos municipais, as 206 cidades que fecharam suas contas no prazo receberam R$ 1,6 bilhão em 2021. O valor é menos que a metade do que tiveram, por exemplo, de cota-parte do ICMS (R$ 3,4 bilhões).-Imagem (1.2423065)