Atualizada às 21h33O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), endossou a nota assinada por Luciano Bivar e ACM Neto, que desistiu de impugnar a filiação de Sergio Moro ao União Brasil e reforçou a candidatura do ex-ministro a deputado federal por São Paulo. “A resposta já foi dada, Moro é candidato a deputado no estado dele, em São Paulo”, disse Caiado ao POPULAR, na abertura da 19ª edição da Tecnoshow Comigo, realizada nesta segunda-feira (4), em Rio Verde.Moro saiu do Podemos e se filiou à União Brasil na semana passada, mas enfrentou resistência na nova sigla para ser candidato a presidente. O secretário-geral da União Brasil, ACM Neto, deixou claro que o ex-ministro só teria espaço para ser candidato a deputado federal. ACM chegou a cogitar impugnar a filiação do ex-juiz.Caiado se unia ao grupo contrário à filiação de Moro e ao lançamento de sua candidatura a presidente pela UB. Como a coluna Giro mostrou no sábado (2), esse apoio ao veto à candidatura presidencial de Moro é uma estratégia do governador para se esquivar de rejeição dupla, por parte de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e de Lula (PT).Neste fim de semana, ACM Neto desistiu de impugnar a candidatura de Moro após acordo para que o ex-ministro seja candidato a deputado federal por São Paulo. O pré-candidato a governador da Bahia assinou nota junto com Luciano Bivar, presidente nacional do partido, dizendo que Moro pode enriquecer a discussão sobre o futuro que almejam para o país. Caiado não assinou a nota.Questionado nesta segunda-feira, o governador se resumiu ao dizer que a resposta já foi dada, em referência à nota assinada por ACM e Bivar, e reforçar que a candidatura do ex-ministro é restrita a São Paulo. Aliados de Caiado afirmam que a resistência à chegada de Moro, além dos motivos já conhecidos, também tem a ver com o fato de que seu grupo não foi consultado antes e, por isso, não haveria como bancar sua candidatura. Ainda na Tecnoshow, Caiado evitou falar de apoios na disputa presidencial. Na semana passada, disse que o eleitor goiano não se preocupava com as verticalizações, ao comentar o apoio de Bolsonaro à pré-candidatura do deputado federal Vitor Hugo (PL) a governador. Uma fala que também foi lida como uma defesa de neutralidade na disputa presidencial. Nesta segunda, ele se desviou da pergunta se ele apoiaria um candidato ou preferiria ficar neutro. “Quem decide isso é o partido, não sou eu, decidimos em colegiado partidário”, respondeu.DiscursoDurante sua fala na abertura da Tecnoshow, depois de escutar reclamações por parte de cooperativistas, que reivindicavam maior ajuda de congressistas para o setor, Caiado fez uma retomada de sua história na União Democrática Ruralista (UDR), apesar de não ter citado diretamente a associação. O governador fez um discurso político, destacando sua atuação em defesa dos ruralistas em 1985 e contra “invasões de terra”.“Pessoas achavam que podiam estatizar o Brasil e as terras brasileiras, e, naquele momento, em Goiás, levantei uma bandeira no Brasil e fizemos o maior movimento que a classe ruralista já fez na história do país. Naquela época, as esquerdas eram fortes, poderosas, dominavam a opinião pública. Eram poucos que marchavam comigo e sustentamos essa briga”, disse.EleiçãoA política deu o tom do evento, nos discursos e nas presenças de políticos que por lá passaram. Caiado andou pela feira ladeado por Daniel Vilela, presidente do MDB goiano e pré-candidato a vice-governador na chapa governista, Lissauer Vieira, presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), e pelo prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale (UB).Lissauer, que é primeiro aliado de Caiado, foi um dos que resistiu à aliança do governador com o MDB, firmada no ano passado. Em outubro, chegou a dizer que não queria relacionamento político com Daniel, sob o argumento de que faltou diálogo com os aliados do governador antes da aliança ser feita. De lá para cá, Lissauer desistiu de ser candidato a deputado federal, depois de perder o pai, tentou indicação ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), que foi frustrada por insegurança jurídica da estratégia traçada, e, agora, filiado ao PSD, passa a ter o nome fortemente cotado para ser candidato a senador na chapa do governador. É nesse contexto que Lissauer e Daniel foram flagrados conversando durante o evento em Rio Verde. Ele, porém, evita falar dessa possibilidade de candidatura, mas não esconde o sorriso quando o assunto é mencionado. Abordado pelo POPULAR, preferiu comentar a Tecnoshow a falar da sua situação política. Para aliados, o fato dele não rechaçar mais a ideia de sair candidato e apenas se desviar do assunto já é um sinal.Paulo do Vale é um dos que endossa a candidatura de Lissauer. Ele lembra que seu grupo político já apoiava a pré-candidatura do presidente da Alego a deputado federal e entendeu quando o parlamentar decidiu recuar, por conta da perda do pai. A provável volta de Lissauer ao páreo, agora para senador, é, portanto, apoiada pelo prefeito. “Se tem alguma especulação, espero que ele resolva os problemas familiares, e venha colocar seu nome para o Senado. Mas ainda é cedo.” A presença do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, também chamou a atenção. Ele estava acompanhado da primeira-dama, Thelma Cruz, que é pré-candidata a deputada federal pelo Republicanos, mas não quis dar entrevista. Segundo sua assessoria, Cruz foi convidado para participar da abertura e aceitou. Ele também era um dos insatisfeitos com a aliança de Caiado com Daniel, com quem rompeu na Prefeitura de Goiânia. Agora, é Cruz quem tenta aproximação com o presidente emedebista. É o segundo encontro dos dois em evento em que se cumprimentam, desde o rompimento de 2021. Mas a relação ainda não passou disso. O POPULAR apurou que o prefeito tem tentado se aproximar e que o governador tem intercedido para isso.